sábado, dezembro 26, 2009

Carta de um homem Solitário

Onde estou, que não me possa aceitar, perdido em mim, de perguntas singulares, respostas que nem imagino, conhecimentos e ideologias que repudio.
Consagrar dessas horas, perdido para um caminho que me dediquei a pisar, existem sempre tantas vozes vazias que com o radiar das palavras só me sinto em agonia, aviso assim, vão provavelmente ver-me vomitar.
Escuto um estrondo de coisas estranhas e uma verdade estranhamente escabrosa e piso o risco que deve ser pisado retomo uma ideia, nem sei para que me dediquei a pensar, não sei nada já…
Onde estou, para onde vou, que fui…?
Abnego, já conheci a resposta e vou-me dividindo, entre uma existência dormente e uma dormência de demência em constante ignorância, por mal de tudo o que me possa calhar, se me virem a chorar não olhem, estas lágrimas ainda podem porem queimar…
Caem cinzas na calçada, todas as formas ficaram cinzentas e já nada parece uniforme, a desconformidade das coisas assemelha-se à neve na distância…
Encolho-me a um canto, o mundo está cinzento, o meu coração azul e nada há cá dentro…
Vazio, desprovido, privado, falto…
Nada mais que nada, simplesmente assim.
E pedem-me razões aparentes, motivos validos para estas palavras, coisas que possam ser explicadas por consequentes motivos de aparentes revoltas…
Palavras vãs por tanto.
Se não conhecesse tão bem este sentimento, dir-me-ia enganado e no entanto é já demasiado familiar e presente, demasiado presente e conhecido…
Reconheço-me adormecido e desinteressado.
Reconheço-me distante e desligado.
Reconheço-me desconhecido e ausente.
Já fui.
Já passei.
Já não sei.
Para onde vou então…?

quarta-feira, dezembro 23, 2009

A morte lenta da valsa sinfónica, desafinada e descontínua.

Em momento solene, se sente o silêncio e o embaraço de todo o ouvido.
Não, não existe uma razão ou um motivo que leve a fazer de um momento uma vida, tão só o crédito de acreditar, se bem que por acreditar se escreve uma valsa e por se crer, ainda que por um louco tomado por crédulo, ilusos se atrevam a toca-la.
Segue a marcha.
Não sei um ritmo, mas parece-me cavalgante, deixou de ser valsa, aproxima-se de uma cavalgada, não parece já musica parece-me guerra.
Altura de silêncio e o silêncio vem solitário, retrato de tantos dias passados e tantas horas desperdiçadas…
Segue-se a noite.
A noite nem sei se a conheço ou se conheço apenas a minha noite…
Não deixo aso a uma vida, nem sei um rumo sereno, solitário fica um demente e cinzento eterno por dentro, dorme um vassalo.
Caminhei um rumo e nem sei como me perdi, a minha estrada foi-se desfazendo e já nem faz parte de mim, por mim perdi-me e sem que me encontre me deixarei, em triste memória de mim mesmo e por fora de uma verdade que desconheço, recorro a loucura… Hei-de-me encontrar, enfim.
Segue-se o fado.
Entre a vida que não caminha em becos de escura ebriez, gostaria de sentir-me embriagado, porque sinto-me doente e nem sei que mal me afecta que me deixe cansado, mas como me deito, me levanto e nem sinto passar a vida.
Raso por alto o mover da palavra e nem sei passar a vida.
Segue-se tudo e nada mais que eu possa seguir.
Referi que me perdi.
Talvez por falta de vontade de me encontrar, talvez por não querer ser encontrado ou ainda por nunca ninguém me querer encontrar…
Segue-se a solidão…
E será que nunca foi nada mais que isso…?

sábado, dezembro 05, 2009

Mais Aberto Real e Talvez Abnegado: Carta à Perdição

Volto atrás, pois o retorno do momento é nada mais que senão uma ilusão de vivências e vou vivendo o que posso pois nada é senão um método de retorno e hei de me contemplar num momento, pois nada é mais que um retorno e nada há-de ser um momento que não se possa vivênciar.
Percorre um sentimento de desdém, sei que não existe nada que me possa fazer lamentar, sei que não existe nada que eu possa negar, nem tento por conta de mim próprio mudar, pois se não for eu como sou como me poderei reformar?
Vou revivendo as coisas e reinventando as regras, passo de um passo a um salto, sem saber um meio-termo, se as coisas se sucedem, se as verdades se ocultam, em mim e uma palavras me irei excluindo, pois nada se há-de retornar ao ponto zero e em iludida palavra renegarei uma vida e nem sei o que dizer.
Oriento o pensamento sem que haja um meio momento e nem por momentos me deixo ficar, sem que haja uma coisa em meios e nem verdades sei dizer sem que me saia uma verdade e por mentiras me tomas sem que nunca te tenha faltado nem com verdade, nem com nada.
Já se conheço um ponto e parto assim para fora de mim, dentro de mim nem sei o que haja e ao sentir, abraço o vazio.
Escolho as coisas, já sei o resultado, compreendo as variáveis e compreendo as variantes, ainda assim não calculo por meio matemático o fim desta equação não existe uso real para a transmutação desta razão.
Em retorno deluso, sei que me as de compreender, e mesmo que não afirme nem retornarei ao reconhecimento e as palavras que direi hão-de ser resumidas esconder-te-ei o momento hei de me dar a razão pois só por mim, perdido e demente, me deixo fechado, e escondido e maltratado…
Dentro em breve, ainda que deseja-se que fosse já hoje, hei-de conhecer um momento, que me esconda a velha canção, será realmente fado cruel ou demais carnavalesco?
Aguardo em perdida ilusão vítima da esperança.
Um ósculo.
Um segundo momento de vida ou morte, um ultrapassar de mim de tudo e uma verdadeira mudança de todos os momentos, uma recordação, mas em que sentido?
Espero e aguardo, inconsciente de consciência…
Será senão um passado ou um futuro e enquanto aguardo, cá me torturo.

domingo, novembro 15, 2009

Palavras Perdidas

Aguardo uma mensagem, de algo que não vem e ao qual não conheço o momento…
Enquanto sou, fujo de mim, nem sei como me explicar, se me deixo quieto ou se me repudio, não conheço o sentimento, falha-me a emoção, melindra-me tal coisa, nem se por onde lhe pegar, não existe uma ideia concreta que me deixe constante e assim como anteriormente me largo a vagar, velho tunante…
Falta-me o álcool, nele me hei-de deixar, nem sei se o reconheço, parece um velho amigo de velhos tempos passados, envelhecido pelas passagens mas nobre jovem e jovial companheiro…
Falta-me a emoção, não sei esse motivo, não conheço tal orientação, que me falte o desejo, desconheço o fomento da emoção, cativo de um movimento, cruel condenado, hei-de reconhecer um momento e nesse momento hei-de o revelar, nada é pois um momento que me possa condenar…
Então aguardo…
Quem saberá dizer pelo que aguardo?
Não saberei um motivo concreto… Talvez por me deixar sempre a vagar.
Em questão de momentos me perco e por desinteresse deixo passar, não existe uma que me desperte a mente, não existe uma que considere como sendo mais-valia para o meu esforço, existes tu que és assim, longe de tudo presente, reclusa de ti mesma e ainda assim te irás negar…
Aguardo uma mensagem, um contacto, qualquer coisa, nem sei como o dizer, nem saberei como o ocultar, revolto-me, sei coisas que preferiria nem saber e essas coisas por dor própria poderiam aniquilar-me, repugno-me do meu saber, considerar-me-ei ignorante e sentir-me hei ignóbil, pois sei como sou e sou senão como sempre me fiz e sempre me deixei passar, serei um irreal reflexo inconclusivo de mim, sem realidade aparente, guiado por um término e um sem fim presente, nada mais nada menos que algo que não sei interpretar…
Aguardo, espero, deito-me em desespero, agonia de momentos, que se me esqueça a noite, já a perdi, o dia é um martírio, já não o consigo suportar…
Eu fui eu e agora perdi-me.
Conclusão mais estranha, deriva de mim não saber o que dizer.
Hoje sinto que escrevi um total de palavras perdidas…
Será sem dúvida um título adequado.
E sem dúvida, assim me deixo a esperar…

terça-feira, novembro 03, 2009

Antologia de nada e mais nenhures

Simples razões de iludidas verdades, conforme o soar de uma dissonante alusão, dorme o mundo e nem um momento se para se não para respirar o seguinte.
A vida passa.
Não existe, talvez por não ter sido imaginada, tal verdade, não existe tal concepção de irreal e nada é senão isso mesmo, um momento descabido e uma inconstante mudança de realidades, dorme o mundo, consulta-se a noite, não passa um momento mais que valha um sorriso, nada senão o que esta proposto passa para além de essa verdade, dorme o mundo e a vida, dorme todo o momento, existe uma inverosímil mudança, cai-se em monotonia de momentos, não se sobrevive por nada e não se luta, que o saiba, por nada.
Desliga-se a gente, não há nada mais que possa eventualmente compreender, nada mais que possa fazer, sente-se a realidade difusa, nem a noite é já confortável e simplesmente os dias arrastam-se conforme desígnios que me vão ultrapassando, nem sei por onde, nem o seu motivo, mas sei-me ocultamente estranhado e estranhamente iluso, nem por rompente de dia, nem por raiar de noite, nem sei a que dia, a que momento a que hora, nada, oculto por esse momento, encontro-me assim cansado talvez cruelmente amargurado…
A vida passa…
Pego num fio, faço um nó, já nem sei da sua meada, sei que a verdade parte entrelaçada e a continuação deve-se a noite e todos os momentos são singularmente distensos, talvez por barbaridade oculta e se me falta algo, há de me faltar o vernáculo, hei-de me extinguir e há de me ser presenteada uma lapide contudo, gostaria de uma pira funesta, qual heróis antigos, sinto-me assim, distante deste tempo, inconclusivamente desligado e sinceramente mais confuso que a confusão que vou escrevendo, sei-me então a leste desde poente e nem sei se o poente é a leste ou a oeste, confundo-me enfim, hoje sinto-me sinceramente gasto…
Raio por tudo isso! Nada sei que não possa apresentar e se me falta a filosofia, talvez me falte por falta de esforço ou simplesmente por modesta preguiça, pois sei que nada mais há-de faltar e se houver que falte, que não se manifeste então, que se cale a um canto, estou já farto destas coisas, apenas procuro um leito onde me deitar o teu colo para me confortar…
Achar-me-ei talvez um pouco diminuto, talvez um pouco mais novo do que recluso do que realmente sou, sinceramente abismado e explanado a essa verdade sem que nada haja mais que uma realidade distante, nada mais que um mito que vou constatando e nada mais que uma névoa presente e um futuro presentemente distante…
E já me deixei dormir, nem sei como contar essa noite, nem sei como fazer para dormir, mas se me deixei dormir, estas palavras hão de ser sinceras pois ao lamentar da noite passam-se os murmúrios dos dias e em lençóis revoltos me deito em cama desfeita me deleito e sobre o teu colo me encosto…
A vida passa.
Já nem sei o seu nexo e sinceramente, que me abandonem neste sitio pois o teu colo é almofada ideal.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Náusea

Assalta-me a vida tortuosa, não conheço segredos que queira esconder…
Deita-me ao relento, ainda nem me deitei e já está a alvorecer…
Cria-me um sorriso, ainda nem o conheço e já o estou a perder…
Obriga-me a sentir, toca-me, deixa-me ver, pode não ser se não um meio de me perder e no entanto nesse perder, me deixarei encontrado, sem um ponto de memória, sem escapatória qualquer, sem mercê ao momento sem qualquer motivo e se por motivo qualquer me encontrar, negar-me-ei veemente, nada mais terei a perder…
Esconde-me pela manha, detesto acordar, de certeza que vai estar a chover e no entanto faz sol mas sei estar a chover.
Correm gotas pelo rosto das gentes, as verdades são sumidas, as somas são inconclusivas e a matemática incerta e ilógica, talvez por à odiar me pareça demagógica ou talvez perdida de valores uma ver que se torna improcedente indeterminada e a mente minada sinceramente exonerada não a conheço e nem a quero conhecer…
Concebe-me um meio, já estou a fim de tudo, nem sei a verdade de nada, sei a mentira absoluta, conheço essa expressão e às de ficar com má impressão de mim e sinceramente que te borres porque para esse ponto não estou nem presente para ti, nem nunca quererei saber de ti.
Aguardo a tua ostracização, que te perdas por ai ou que me mandes perder, que nada interesse realmente, se bem que não há pessoas de coragem és um caso jocoso e sinceramente resta-me rir assim.
Cabe-me o jugo, sinto um vómito na garganta, que peculiar reacção serás sem sombra de duvidas um desengano e por desengano me esganas de todo, sai me da frente, hei-de me colocar de bruços já me sinto a regurgitar.
Talvez seja um pouco cruel, mas de cruel se sente a revolta, não te passa ao lado a memória? Talvez seja mais mnemónica uma expressão mais eufórica, não sei que te dizer mas metes-me nojo e nem te consigo ver.
Hoje que me sinto cruel, não me falte a expressão que leias isto e te caias, que saibas bem quem és, talvez me chames covarde por não te revelar e saberás no entanto quem és e antes que me falhe a prosa, não te desejarei nenhum mal, talvez por ser ainda humano ou porque não tenhas importância para tal…?
Reescreve-te, talvez te aprove, posso eu não ser um ser humano decente mas pelo menos ao levantar-me consigo ver-me e tu, que verás nessa cara reflexa?
Deixo-te um comprimento e um eterno desejo, não que caias na realidade mas que caias por ti próprio cruel como és, humano como serás, não importa referir-te, certamente te retratarás...

Assaltos

Pobres e cansados olhos…
Cansados jazem sem vida.
Não dormem nem conhecem descanso.
E rouba-se deles a luz perdida…

Pobre desterrada alma,
Como ninguém te entende…
Ninguém te estranha…
E solta te entendes desmoronada e sombria…

Pobre incompreendida solidão.
Entendo-te bem demais.
Conheço-te por amargura…
E ninguém te tem como familiar…

Pobre cansado coração…
Velho e abandonado…
Deixado pelas ruas da penumbra…
E idealmente fustigado…

Pobres e cansadas mãos…
Sois a vaga fuga desta alma…
Tristes e descartadas, cortadas de toda a existência…
E pareceis no entanto vivas…

Pobre e cansado ser.
Triste, amargamente armazenado…
Não sabes se não sofrer…
E por ti, estranhamente amargurado…

segunda-feira, outubro 19, 2009

Estranho

Pudesse eu mudar esta minha forma de ser, diferente de como sou, fora de ser, sem nem sequer pensar nesta estranha forma de conviver, sem deixar por mim, por fora de mim toda a forma como sou.
Pudesse, faria eu maior e mais estranha coisa, tremenda exaltação de toda a verdade remexendo com esse sentimento que vou escondendo e sentido e escondendo e prometendo não me esconder diria tudo e sem dizer assim me fico meio escondido talvez até assustado dessa mera verdade que me cava a mente.
Pudesse, sem poder, nem sei como o faria, pois ao olhar para ti todo eu me derreto, nada sem mais, nada sem menos, perco-me, só me saem baboseiras, nem uma conversa sei ter a meias, quase que salivo em desespero pois nem a mais simples palavra consigo pronunciar.
Pudesse eu dizer isso, sei que te irias esconder, irias querer fugir de mim e no entanto nem estas aqui perto torna-se ao revolto tal sentimento de estranha inconstância, nada sei senão o que deitar a perder.
Pudesse eu, sei que o faria, haveria de me sair a ferros, quase que havia de me parar o coração, não sei de que outro modo dizer tal coisa, é a consequente de toda a coisa que me vai cá dentro.
Pudesse eu, que me ria…
Pudesse eu, sei que sairá com ironia…
Pudesse eu não sentir saudades, ter-te aqui todo o dia, pudesse eu talvez rever todas as coisas fazer-te sorrir todo o dia, talvez me deixa-se de ser tão lamechas ou apenas seria conforme o que tu dirias…
Pudesse, pararia de escrever de tal maneira, haveria de te retratar, haveria de te dizer que és bela, desde a hora que o sol se eleva até à hora em que se esmorece…
Se me deixasses, nem sei se sorririas, nem sei que olhar farias, nem sei como me olharias, nem sei nada pois tudo é senão um volte-face e assim se treme toda a razão e podendo, poderia e sem poder me deixo assim calado…
Podendo, sei que saberias o que te diria e nem o direi uma única vez mais só para ti sorriria…
Pudesse eu, e posso dizer-te que és assim bela, és tu unicamente tu singularmente tu e tão só e mais nada que tu.
Que me deixe nesta declamação, haverei de parecer demente com tal declaração, nem sei se assim poderia, talvez algum dia, estar assim perto do teu abraço e talvez ter-te entre os meus braços…
Como é estranho este sentimento…

terça-feira, setembro 29, 2009

Já me vou deixando andar em horrores de quem não fala, pois a verdade é que nem sei andar se não andar assim perdido.
Refiro-me assim, a tudo o que possa julgar, pois nada é tão visível que a própria verdade dos tempos não vá por força de mudança descobrindo…
Reparo por essa janela, a noite vai alta e a noite vai se velando, as nuvens vão correndo e o céu reclama o seu descanso, a noite é o seu eterno paraíso e o tempo passa um pouco sádico pois é momentâneo e nesse momento nada se apresenta tão calmo como o que dorme.
Hoje as coisas estão estranhamente compostas, está tudo estranhamente exposto e deitado ao acaso muito sinceramente correctamente disposto.
Obrigaram-me por força de extremismos externos a pensar, tive que decidir a melhor forma de actuar, sinceramente nem me deitei a lutar, parece ser mais uma dessas mil e quinhentas batalhas que simplesmente não tenho a mais remota hipótese de ganhar…
Surgiu-me então esta ideia de me ir deitando ao acaso, sou neste momento brutalmente sincero, parece que nem a sinceridade me deixa ganhar, sinceramente já nem sei o que pensar.
Se me deitei por ai, algo há de se arriscar, já que o céu velado nem a lua me deixa contemplar, não sei como irá esta noite passar, sei que esta quente e no entanto o ar é frio, sentir-me-ei assim demente ou remotamente dormente nem sei como me caracterizar.
Hoje se pudesse, se me aprouvesse a sorte, gozaria dos teus lábios um beijo, nem sei a quem o haveria de pedir, será que de todo de facto existes ou serás apenas mais um cruel tormento?
Assento-me assim, fiz já milhares de quilómetros encontrei este lugar calmo onde me apetece repousar e pernoitar seja como for há de ser só pois não tenho a quem o mostrar…
Convidei-te com suavidade para entrar, deixei aqui um teu lugar, não sei se realmente poderia ser teu nem sei como o julgar, mas creio abandonado, considero-o uma casa de sonhos, uma casa de árvores, uma casa de vime…
Convidei-te a vir aqui, a este lugar e no entanto aqui me deixar a vagar, assim como me vagas o olhar…
Pode a noite ser fria, posso eu estar quente, pode o mundo girar, pode a vida tornar, pode uma pessoa viver assim reclusa de si mesma, não sei em que modo me tornar, não sei como há de ser esse momento, não sei como olhar o teu olhar mas sinto-me frio, sei me distante e estou completamente só.
Hoje que haveria de deitar, aguardo um dia que me espera a volta do anterior e uma função que se repete não sei por quanto tempo.
Não hei de respeitar a lembrança, já me esqueci.

domingo, setembro 13, 2009

Por onde.

Entre sonhos repetidos, lamurias de seres estranhos e todo aquele temor de uma noite mal passada, se ergue dormente o inglório solitário.
Em noites de sono, em que nada se assemelha senão a uma incógnita inconclusiva, há uma verdade de meias mentiras e em que cada sopro dado faz bater as asas de uma borboleta abandonada ao sopro da tempestade, penso em ti e as coisas melindram.
A noite cai assim, dormente perante as ruas, as ruas tornam-se populadas, as pessoas encontram-se nelas, ébrias, drogadas, dormentes e desligadas, as ruas tornam-se passeios de decadência, vivos olhares de ignorância atravessam quem os olha, a vida é selvagem e passeamos um jardim de inconstância.
Dormente me encontro e dormente me deixarei pernoitar, nada nisto se assemelha a algo que possa compreender como sendo constante, nada senão um temor de um horror que me passe no olhar e mesmo esse sei ser completamente distante, mesmo esse sei ser completamente irreal...
Aguardo por uma por um momento de sobriedade, não que tenha bebido, não que tenha consumido, mas simplesmente estou ébrio desta vida inconstante, nada se assemelha a nada e sinto-me num bailado de ignorância, prostrado a intolerância e abandonada a insensatez...
Referi e reafirmo, penso em ti.
Em quem penso nem o pensamento saberá, deixem-te oculta bela senhora, que para mim és estranha, que ninguém saiba de ti, que ninguém te conheça, que ninguém saiba absolutamente nada.
Refiro-me a ti, mas nunca a ti, sempre por ti, dito para ti e sempre escondido, confuso e talvez para enganar, para ocultar, poderá nem ter significado nenhum, poderei até nem pensar em ti mas serie confuso nada será resoluto, nada será completo, nada será assim.
Confesso-me, nem me atrevo a dizer quem sejas, talvez por temor, nem sei se sobreviveria a tal tempestade...
Deito-me dormente.
Tão só, calado, decadente.
Espero por essa tempestade, aguardo para ver o que acontecerá.
Assim, deixo-me ficar dormente.
A espera de tudo.
Perdi outra vez a mente.
Nem sei onde deambulo.

sábado, setembro 12, 2009

Entre a consciencia, existo para um vazio

Oculto-me em palavras, de mil e uma conversas afins...
Descrevo argumentos e sinto-me incrivelmente longe de onde estou, presentemente ausente.
Digo tudo, falo, prefiro não me calar.
Exponho, converso, argumento, preferiria nem me calar.
E é difícil, é um desafio contemplar algo assim, mantendo-me dificilmente presente e obtusamente ausente...
Assim, dizer algo liberta-me pois não posso de modo algum estar calado.
Assim, não dizer o que pretendia deixa-me na incógnita do momento...
Mas esquivar-me de algo parece impossível e mesmo assim contorço-me ao inacabável.
Esforço-me por medo e vergonha.
Nego-me...
Não posso nem tenho como me justificar, o pensamento é todo em si um pouco obsoleto...
Tratam-se de ideias que deveria já a todo momento livrar e encontram-se no entanto fortemente cimentadas no meu ser...
Falo, recorro ao retórico.
Nem sei se com convicção ou existo.
Tento e levanto-me para onde posso.
Paro ou param-me?
Por vezes é difícil discernir.
Assim, fica a verdade velada.
Expresso assim em sentimento funesto...
Não há nada que me possa valer...

quinta-feira, agosto 27, 2009

Estranha ausente

Estranha que tu és.
Desaparecida longe dos meus olhos.
Se te dirijo algo, ser-te-á dirigido assim.
Sem que ninguém o perceba, ninguém saberá para quem é.

Estranha que tu és...
E já a algum tempo que não te sinto perto.
Já a algum tempo que não te vislumbro...
Estranha que tu és, que te é prometido algo...

Assim, aqui aguardo...
Por ti e toda a tua peculiaridade...
Estranha que tu és, encontras-te longe mas presente...
Nem sei se o diga, será para causar confusões e assim...

Estranha como tu, que sinto a tua falta...
Quando voltarás, nem sei se o farás...
Como virás se alguma vez virás de todo...
Então aguardo e essa hora vai sendo tardia...

Esperarei para abraçar-te...
Esperarei para rever-te...
Não será se não para ti...
Tentarei o que puder por ti...

Estranha que tu és.
Falham-me as palavras...
Não saberei o que dizer...
Não será preciso dizer nada...

Mas quando vieres que venhas tu por ti...
Esperarei como sempre espero.
Só quererei e quero saber de ti...
Estranha como és...

Estranha como serás...
Estranha que és toda tu um enigma...
Gostaria então de ter-te por perto...
E assim enfim, abraçar-te.

terça-feira, agosto 25, 2009

Boa tarde, vá-se embora.

Hoje acordei desmedido, em sentimentos nulos, de pernas cruzadas, de bruços sobre a almofada, torto na cama, de cabeça para os pés da mesma, virado do avesso e estranhamente esticado e mesmo assim todo atado.
O lençol jazia por terra, não sei explicar, talvez por calor, o pijama encontrava-se suado, como detesto o Verão...
Sai, expreguicei-me, olhei para a cama, admirei a sua confusão, realmente nem interessa, deixei a estar, dirigi-me ao banho, meti-me debaixo do chuveiro, nem quis saber da temperatura da agua, deixei a mesma correr, sei apenas que o manipulo estava a meio.
Dirigi-me novamente ao quarto, encontra-se abafado, eternamente abafado, raios, como odeio o Verão, vesti-me sai com a família para almoçar, demasiadas pessoas a volta demasiado barulho a ser feito, quem me dera então saber, por que raio há sempre tanta gente neste lugar.
Retirei-me ao meu lugar de trabalho, mais pessoas a passar, sinto-me assim hoje, altamente anti-social.
Continuei por este local de trabalho, entre arranjar computadores e atender clientes, não tenho a minima vontade de os atender, não tenho a minima vontade de lhes falar, não tenho a minima vontade de estar aqui hoje e ainda assim sei que tenho que cá estar.
Debrucei-me sobre o teclado, soube que havia de sair alguma coisa, sai esta prosa estranha, este texto sem nexo e ainda assim acho-lhe o seu que de piada, não lhe acho o seu nexo mas acho-lhe o seu interesse.
Apercebi-me que hoje estou desligado, dai sentir-me assim, anti tudo.
As pessoas olham e simplesmente limitam-se a passar, a luz vai se apagando, que dia mais estranho para se passar.
As pessoas passam, ser-me-a punivel esta indiferença?
As pessoas passam, há pessoas que passam e me vem dizem olá e seguem indiferentes.
Se hoje me sinto indiferente, se hoje me acho estranho, se hoje estou aqui destoante e desligado, que coisa se desperta na minha mente?
Hoje sinto-me desligado, talvez assim seja melhor, não sentir realmente nada, que me ria exteriormente, hoje estou internamente e inteiramente cinzento.
Então as horas passam, passam as pessoas, de vários tamanhos, raças, feitios, aspectos e é tudo invariavelmente igual, essas coisas então confundem-se e ninguém parece ser senão uma copia deambulante de outra pessoa que passou já a sua frente.
Hoje nada reluz e isso é deveras impressionante de uma forma algo estranha e inconclusiva acabando então por não surtir qualquer impacto, trata-se assim de uma mini explosão de extrema indiferença... Impressionante!
Hoje os castelos de cartas não são derrubados pelo vento, hoje os castelos de pedra são feitos de cinzas,hoje as cinzas são dispersas e nada é como tudo e tudo se revolta por ser nada.
E é indiferente.
Hoje acordei, nem sei se me senti bem, falei com alguém ao telemóvel, nem quero saber para que, recordo-me que acordei ensonado, apeteceu-me mandar essa pessoa com quem falei para algum sitio funesto, contive-me e apeteceu-me dormir mais um bocado, estupidez sincera, que raio de pessoas se lembram de tais pensamentos, deixem-me dormir, o sol já nasceu e ninguém me deixa dormir.
Raios.
Desliguei-me, não sei quanto tempo me terei desligado, nem se talvez me tenha enganado, levando-me a pensar que me terei desligado, encontrando-me ainda completamente activo em completa consciência evitando apenas pensar no que se vai passando...
Deixo-me a mim próprio confuso, sei que evito pensar, sei que evito estabelecer um raciocínio completo pois não me interessa contemplar tal hipótese.
Desliguei-me e sinto algo nos olhos.
Já não tenho a certeza como estou.
Tenho no entanto a noção de me sentir cansado.
Talvez me tenha desligado.
Já perdi então a noção.
Já nem sei se interessa.
Boa tarde.
Venha o próximo cliente.
Passe a próxima pessoa.
Sinto-me inerte, um autómato de funções calculadas.
Boa tarde...
Venha a próxima situação, mais um sorriso exposto e forçado, mais um cliente meio desconfiado, mais uma situação exposta e bem explicada...
Boa tarde.
Deixem-me em paz, apetece-me dormir, não quero falar com ninguém.
Boa tarde e vão todos para o raio que vos parta.

domingo, agosto 23, 2009

Sussurros

Minha casa das arvores
De paredes cinzentas e pintada de verde.
Como são de pó os teus soalhos e como posso tocar o céu se tão só esticar os braços.
Minha triste casa.
Onde os sonhos são tudo e nada, onde as horas são passadas entre insectos e relva gelada.
Minha pequena casa.
Escondida num monte a beira mar, ilha de calmaria, fonesto descanço de gigantes.
Como gostaria de dormir entre as tuas paredes...
Como gostaria de prender-me a ti e largar estas asas cadentes.
Como ousaria fazer-te prisioneira da minha vontade...
Como te reconstruiria minha casa de telhado celestial?
Farei de ti algo novo?
Deixar-te-hei por ai a vaguear?
Minha pequena casa das arvores...
Como te poderei encontrar, novamente perdida...

terça-feira, agosto 18, 2009

PORRA

Dêem-me um dicionário!
Não de palavras de costumes!
Custa-me compreender estas vertentes distensas!
Custa-me entender estas coisas intensas!
Nada!
Nada é realmente dito, tudo o expresso é expresso de uma forma camuflada!
As coisas não são senão uma piada e nada é senão uma constante inconstante de inquebrável imutabilidade, de constante inconstância, de suprema estranheza e intrinsecamente ligada a um cerne de extrema confusão!
Repudia-se a frase anterior...
As verdades, se as há, são inconclusivas!
As mentiras, que as há, são estranhas, semi-originais, semi-irreais, semi-falácias, semi-contundentes...
Arrasta-se uma ideia.
Questiono o que fazer.
Não conheço nada que me responda.
Enfrento esse dilema.
Escondo-me!
Escondo-te!
Esconder-nos-hei!
Porra!
Desespero!
coisa sensivelmente estúpida e completamente sábia...
Como reprovar algo que simplesmente não posso negar?
Escondo-me.
Hás de me encontrar?
Quererei ser encontrado?
Porra.
Já a muito que isto deixou de fazer sentido.
Já é demasiado tempo a passar.
E revolto-me.
Sinto-me distintamente confuso.
Apelo então a normalidade do caos!
Preparo uma anarquia...
Nada há de ser subtil, nada há de ser indirecto.
Há de ser tudo na tua cara.
E no entanto nada há de ser inteligível.
Porra.
Magoei-me e nem sei com o que.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Assim

Como és tu que és Estranha…
Cabelos de fogo, olhos de luar, sorriso de estrelas, humor de mares, lábios de rubi, coisas incessantes que deixam o estranho inconstante e o inconstante estupefacto.
Como és tu que és assim?
Como poderei descrever isto, se és como és se não conheço como és, se te faço rir, como se sente todo o corpo?
Que se sente de facto cada vez que de estranha se enche essa mente, cada vez que estranha se mantém nesse olhar, cada vez que estranha te percorre essa corrente?
Como o poderei então explicar?
Como o irei dizer?
Como descrever algo que mal posso explicar, assim a distância de um abraço, assim a distância de um braço, assim a distância de esta visão?
Como o direi pois este espectáculo que de estranheza se enche, que de maravilha se fascina, que de assombro se deslumbra não consegue, não convence, não espia, não o diz, não sabe, não pergunta, não se cala e ata-se em livre volta, confuso e redondo, nada mais se não uma ilusão?
E como és tu que és Estranha?
Como me dirias e o que me dirias?
Assim se revolta esta estranha receita e assim se espantam os horrores de quem conhece, aproxima-se a serena idade e ninguém sabe como julgar o que se avizinha.
Há!
Pois não houvera maior enigma, que me revolte, que me deixe confuso, que seja um corrupio a minha volta…
Há de o ser e há de o ser sobre a noite de lua reflectida sobre o luar dos teus olhos com a fluente água das nascentes e com o encruzilhar deste fado ou se tiver que ser que se eleve a um estado pluralizado, pois de estranheza coisa, não sei se Estranha se Estranho se coisa alguma…
Confuso.
Assim, coisas estranhas, de estranheza feitas, ao bailado de tudo e nada, ao estranho passar do mundo, ao estranho revirar da vida, ao estranho compasso de espera…
Como ficará?
E finalmente, como és tu Estranha?

quarta-feira, agosto 05, 2009

Decidido

Hoje decidi aliciar-te os sentidos.
Decidi aquecer-te o coração.
Decidi mexer com a tua alma.
Decidi jogar contigo e não te negar a emoção.

Hoje decidi levantar-me.
Decidi acordar.
Decidi parar de sonhar.
Talvez tenha decidido parar de sonhar.

Hoje decidi beijar-te.
Decidi abraçar-te.
Decidi aquecer-te
Decidi talvez amar-te.

Hoje decidi sonhar acordado.
Decidi confundir-me.
Decidi não ter nexo.
Talvez tenha decidido até perder a razão.

Hoje decidi não fazer nada.
Decidi dormir mais um pouco.
Decidi fazer de tudo um pouco.
Talvez decida realmente o que tenha que fazer.

Hoje decidi que havia de me fazer irreal.
Decidi que havia de descobrir todas as mentiras.
Decidi que havia de por tudo a claras.
Talvez tenha decidido tudo e mesmo assim, não posso fazer nada.

terça-feira, agosto 04, 2009

Hoje

Hoje não me recordo se comi.
Falha-me essa imagem na mente.

Se comi, não me recordo realmente.
Se comi, não sei se foi carne ou peixe.
Se comi, não sei se foi sólido ou líquido.
Se comi, não me recordo sequer se mastiguei.

E vem-me esta fome, nem sei se a sinto ou se me engana a mente.
Se me sinto vazio ou apenas doente e dormente.

Se comi, que será que comi?
Se comi, será que realmente gostei?
Se comi, será que foi quente ou terá sido frio?
Se comi, será que hoje realmente comi?

Que raio é esta coisa?
Quem me faz pensar neste momento…

Se comi o que comi?
Que não me encheu.
Que me deixou assim em vazio?
Que não me fez sentir sequer consciente?

E revolto-me com este pensamento.
Aparentemente terei comido, recordo-me vagamente.

E repuxo-me.
Caio redondo, decadente.
E penso, em tom sombrio, taciturno e impaciente…
Grito alto, qual tortura demente:

“Quem me roubou essa refeição!?”
“Quem me prostrou tal duvida fervente!?”

Sem significado cambaleio.
Vivamente recordo-me de não ter consciência de ter comido.
Estranhamente sei que comi e sinto-me faminto!
Ocorre-me então pensar, pois não me resta qualquer verdade que me contente!

Será fome, o que este corpo sente?
Ou será apenas esta alma que se ressente…?

terça-feira, julho 28, 2009

Só e somente. (Ler e ler de baixo pra cima.)

Escrevo em linhas baixas palavras altas.
Dito versos distensos e as palavras ilustram-se diluídas.
Comprometo uma palavra.
Sacrifico um sentimento.

Refugio essa inconstância.
Replico essa expressão.
Indago indignado.
Espio essa explanação.

Comento incessantemente.
Caio e rio-me insanamente.
Não dou explicação de nada.
Repudio essa tristeza aparente.

Conheço o claustro que foi imposto à mente.
E enquanto se deita a conjugar um demente.
Sinto-me tão só aqui, tão dormente...
Só e somente.

sexta-feira, julho 17, 2009

Ode a lua...

Sinto o cheiro de humidade no ar, a lua brilha e nada se parece com nada que pudesse alguma vez reconhecer.
Sinto o ar fresco, o Verão parece uma altura estranha do ano, a noite é fresca e serena, a vida é lenta e desgovernada, acelerando ao balançar do vento desconhecendo os danos da sua oscilação…
Revolto-me, reviro-me, tento encontrar uma razão que me faça sorrir, um motivo de pequena felicidade…
Como te sinto aqui?
Como te sinto como estando aqui?
Porque sinto tão forte a tua presença, sem saber sequer por onde deambulas?
Sinto a tua falta, sinto a falta da tua voz, sinto a falta do teu olhar, sinto a falta de ti por inteira…Sinto-te aqui, e porque?
Sinto-me sozinho, sinto-me desligado…
Sinto-me repulsivo, culpado por algo que não fiz…
Moras aqui e nem aqui estas…
Estas incrivelmente perto e constantemente longe e ausente.
Escreveria uma ode a lua se isso te trouxesse para perto.
Cantaria em desconcerto por ti…
Tornar-me-ia a imagem do teu gosto…
E assim me encontro reduzido a ti…
E nem sei de ti…
Não sei absolutamente nada de ti…
Escrevo esta ode a lua com olhos de gato, desconcerto-me com o Verão…
E só quereria saber de ti…

terça-feira, julho 14, 2009

Memórias de Insónias

Enquanto a mente não dorme, a alma fugaz e sentimental, escapa por entre as frestas semi-cerradas da janela.
Enquanto o corpo lateja e a cabeça se resente, a alma dança, padecendo quase drogada em extase sentimental.
Enquanto os sentimentos se revoltam sob o ribombar da maquina vital, a alma percorre esse infinito de escuridão...

Pobre da mente desintegra-se...
Pobre da razão adormece, dando azo a ilusão...
Pobre do coração...

A mente essa recorda-se, percorre o seu peculiar album, escolhe-se nessa recolecção.
A mente recorda-se em tortura e faz aquecer o coração.
A mente joga com o corpo, com as memórias, da fomento a ilusão e arefece esse enrijecido coração...

Pobre de esse coitado coração...

Os olhos cansados, pecorrem o celestial manto em que a alma descança qual ilusão...
A cama parece uma caverna num vulcão, quente e inospita, sítio perdido para a razão, lugar de desconcerto.
As almofadas mudam, tornam-se tão duras como nuvens e tão pesadas como betão...

A confusão assenta-se, a ilusão mistura-se com a razão, o corpo não obecede a mente e os membros bailam descontrolados...

Neste leito, sinto-me em solidão...
Vagam memórias...
E estas memórias que vagam, escreveu as um sonhador...

Que de se deixar sonhar com a vida, passa a mesma em solidão.

sábado, junho 27, 2009

Entre mentiras e confidencialidades

Quem me deixou, andar por ai distraído?
Quem me deixou, por via de jocosa atitude, deixar estas canetas espalhadas por ai?
Quem me deixou, se o engenho não me confunde, deixar por mãos alheias o que vai sendo feito?
Quem me deixou, se a virtude é fugaz, deixar esquecida toda a memória e oculto todo o mundo?
Quem me deixou, quem me permitiu essa perda?
Quem me deixou?
Quem me deixou assim perdido?
Quem me deixou, pintar essa tela, desenhar o rasgo do horizonte, pintar o mundo, colorir a vida para simplesmente me deixar perder essas canetas?
Quem me deixou ficar naquele lugar, sendo que fui o primeiro a chegar, hei-de ser também o ultimo a sair?
Quem me deixou consumir a lua e roubar toda a luz do mundo?
Quem me deixou fazer coisas inumanas?
Quem me deixou violar mil e uma coisas das quais jamais ouvi falar?
Quem me deixou então ser julgado?
Quem me deixou arrebatado?
Quem me deixou então…?
Quem me deixou?
Deixou-me a dúvida que se sublimou a estupidez…
Deixou-me a incapacidade de responder quando a resposta esta a frente de quem a teme…
Deixou-me em ridículo esta situação de que não fiz parte.
Deixou-me demente esta vontade de me rir em alta voz…
Esqueceu-se-me a verdadeira realidade…

domingo, junho 21, 2009

Somos senão reclusos desconhecidos de palavras, entregues a boémia, tunantes por natureza, seres de inconstância e inconstantemente descontentes, privados de uma realidade una sujeitos as falácias desta vida.
Quem mandará em nós?
Quem fará de nós algo que não somos e quem nos identificará como sendo senão quem realmente somos?
Não quem, mas o que somos nós?
Perdidos constantemente por linhas escritas, devorados por litros de tinta gastos…
Apresentamos o sorriso que nos foi dado talvez um pouco roubados, talvez um pouco injustiçados.
Que seremos nós?
Agita-se esta questão, revolta-se todavia o mundo, nada é senão o que aparenta não ser e assim, ainda que estranhamente composto, tudo é dúbio, revoltado e mal estruturado.
Sentimos esse ar mal sentido, ouvimos essa lenta valsa enquanto salto-mos ao som de algo mais pesado.
Escondemos algo misteriosamente exposto aos olhos de todos e por falta de vontade, negamos meio a meio mundo a dor que vai nos nossos olhos.
Cai-mos em revolta, jorram lágrimas de ira, lágrimas quentes, lágrimas que nos deixam mais tristes do que realmente quereríamos admitir.
Cai-mos no álcool, escravos dessa droga, estupidificamos, ficamos inertes, desligamos do mundo e deixamo-nos entregues ao irregular balancear do barco.
Agitamos o barco até que transbordamos e não nós conseguimos achar a deriva pois partimos inicialmente sem rumo e já estamos perdidos na tempestade.
Acordamos ensonados sem ter certeza se a realidade é se não um sonho de gigantes e por estranha filosofia questiona-mos o mundo como sendo ou não um sonho de colossos.
Cai-mos nessa sensação de incerteza e a terra parece sempre escapar dos nossos pés, para a apanhar não damos passos damos pulos unos de cada vez e com isso deixamos coisas meias coisas perdidas pelo peso do que fazemos coisas irracionalmente desfeitas por não termos planos concretos…
Encontramo-nos perdidos, que nós irá acontecer?
Encontramo-nos desfeitos e desafiados…
Quem nos mandou a nós perder?

Dedicado a Papagaia

Por falta de ti

Que te deixaria, pobre alma, fora da tua usual calma, da tua paz serena e imutável enfim, fora de ti mesma e mediante tal agravado estado de desconcerto e inconstância?
Que te deixaria, pobre espírito, fora de ti, perdido por um ermo, enlevado por sina e tristemente contemplado?
Não, não contarei atingir um estado de demência.
Não, não contarei atingir um estado de ilusão.
Que não me caiba a verdade no peito, que transborda de toda ela…
Que não se conheça toda a vida, que se desconheça quem vai compondo…
Não procuro a eternidade, sou neste momento vago, inconstante e nada se me apraz como uma verdade absoluta, nada é tudo e tudo é se não uma ilusão de inconstantes e fugazes motivos.
E tenho-te gravada, marcada aqui.
E não sei da tua inconstância e vou tentando compreender o teu ser…
Como te quero aqui e nem sei se alguma vez te terei de qualquer modo.
Reduzo-me.
Algo me consome o ser, sinto-me doente por motivos desconhecidos e desconheço qualquer cura milagrosa.
E quero-te aqui.
Por falta de ti, nem sei bem como passar, se és algo, és tudo e se és tudo, és como o ar.
Hoje poderia até haver lua redonda e cheia…
E mesmo assim o mundo continuaria coberto por esse pano de negro cetim.
Continuo a procura dessa resposta que me escapa por ilusão, envolta na magia desses momentos estranhos, envolta em tudo o que avaramente procuro.
Por um momento faria um dia.
Por um dia faria um ano.
Por um ano se necessário faria uma vida.
E por me perder faria o que pudesse se apenas tu me pudesses encontrar.
Assim, sem ti não procuro uma constante.
Sem ti não encontro um repouso que me acalme.
Sem ti nem me sinto a respirar.
E viver? Que mentira.
Sem ti, como pode uma mísera hora passar?

domingo, junho 14, 2009

Esta gente…

Mudo para ser inconstantemente constante, rapidamente imutável pela própria definição que me descreve, estranho e indiferente, por toda as coisas que me descrevem segundo um documento que nunca ninguém viu e que jamais alguém se atreveu a ler.
Luto contra essa sensação de vazio.
Procuro esse bem que me poderia encher, essa recôndita ordem, esse vácuo descontínuo repleto de todas as perguntas que em somas inconstantes vou rementendo para um infinito de existências que em nada se assemelha a esta vida que vou vivendo.
Escrevo segundo o que descrevo e reescrevo o que não poderia ser escrito sendo que poderia causar alguma confusão sobre toda a ordem, revolto-me a volta do inventado e deito por terra toda essa ordem, nada disto é mais se não um texto maçudo, nada mais nem menos que um delírio uma probabilidade de fuga um subterfúgio de inglória…
Calo-me, prostro-me sereno e ardiloso, escolho faze-lo assim, ninguém entenderá que o faça, mas por necessidade e por carecer de paciência assim o escolho fazer, escondendo essa realidade que tão habilmente deixaria ver e que a muitos seria um incomodo obrigando uma ou outra lágrima a verter.
Batalho face a ignorância um mal ainda maior, um escondido e recluso miasma que tão fortemente se abate sobre a alma das pessoas que a lama deitaria até a mais elevada e rica graça que alguma vez se pudesse aparecer.
Vejo esse ridículo, apercebo-me desse terrível defeito, olho e contemplo os bobos dessas cortes organizadas por reis tolos que se juntam entre oito muros, divididos por oito paredes, separados por oito quartos e reunidos em oito celas.
Rio-me.
Nada mais fará sentido e ainda assim, assim me deito livre de qualquer paradigmática duvida ainda que em constante reflexão.
Que se cale o corpo, que se deite em repouso, que nada me atormente este momento, desejo este bailado de palavras, essa inconstância de constantes movimentos e esse infinito retorno de coisas estranhas e ainda se for permitido a simplicidade do dia-a-dia e todo o desconcertas das horas escassas.
Rio-me por fim em desconcerto.
Atingiu-me finalmente todo o ridículo deste dia a dia…
Atingiu-me por fim a jocosidade e o ridículo desta gente…

sexta-feira, junho 05, 2009

Um canto ao teu canto (e revirar de toda a vida)

Deixa-me dormir a um canto do teu leito, colocado a um canto do teu quarto.
Pois desse canto te admirarei e te cantarei este triste canto.

Quanto mais penso, mais sério será o canto…
E quando não haja mais que este simples canto, nada mais sobrará que um pranto.

Deixa-me dormir, assim sossegado, bem perto do teu recanto, ao lado do teu olhar.
Queria ficar contigo e dizer-te o que penso e tudo para teu espanto.

Deixa-me cantar o meu triste pranto, não será nada de assombrar.
Será apenas a mesma mensagem de sente quando abro a boca e te canto.

Deixa-me assim dormir, perto de ti, nessa ilha calma, em teu canto predilecto, dele não me hei de afastar…
E se neste meu canto me engano, enganar-me-ei apenas a mim, a ti não será possível falar…

Deixa-me dormir com a tua sombra no meu olhar…
Deixa-me dormir com a tua alma e despertar com o teu sorriso, um espanto de maravilhar…

Este é o meu canto, que te canto a este canto, perdido do mundo, perto do teu canto, perto de ti, ao canto do teu canto, ao canto do teu olhar.

Deixa-me dormir…
Prometo não te vagar…

segunda-feira, junho 01, 2009

Perdido em pensamentos, desligado de tudo, incrivelmente silencioso, só por escolha, colocado decididamente a um canto, proscrito por decisão estranha, realmente desligado.

Ando por aí.

Nada de novo, nada de desconhecido, escrevendo coisas que não são senão capas contraditórias de verdades ilusórias.

Calmo, sereno, acordado, melancólico, desastradamente adormecido, incógnito mas acima de tudo calmo.

Sigo por aí.

Não descrevo nada, deixo tudo num termo vago, apago a minha voz, finjo uma expressão, ponho alguma coisa a descoberto, deixo alguém descobrir alguma coisa, dou um pouco, oculto um todo…

Olho para a imaginação, gostaria de ver os teus olhos, gostaria de ver a ti, cada parte de ti, cada lugar de ti, gostaria de te ter aqui.

Escondo-me por aí.

Beijo-te, escondo-me a seguir, abro os olhos, a imaginação engana-me assim.

Perco o sentido, deixei-me andar por aí, por esses recantos que tão bem conheço, por esses lugares infimamente escondidos onde só eu sei chegar.

Sinto-te aqui e sinto-me assim, estranhamente feliz.

terça-feira, maio 26, 2009

Escritores

Os escritores são um flagelo.
Do piorio são capazes e vivem a vida presos a tumba.
Os escritores são criminosos.
Vivem a vida a meias, em termos médios ou de enfiada.

Os escritores são dementes, inconstantes e sádicos.
Deliciam-se nos seus erros e são incapazes de se corrigir.
Os escritores são loucos.
Não sabem distinguir a vida de um ponto colocado sob uma linha.

Os escritores são incapazes.
Incapazes de se expressar humanamente.
Os escritores são desconhecidos.
Perdidos de si mesmos, incógnitos até a tumba.

Os escritores são decadentes.
Afogados em absinto que jorrada das suas lágrimas.
Os escritores são cruéis.
Jogam com o que desconhecem, ignoram o que sabem.

Os escritores são cretinos.
São seres ignóbeis e sem a mais mínima ideia do que fazem.
Os escritores são dementes.
E quem me manda a mim escrever assim, tão alegremente?

quinta-feira, abril 09, 2009

Lua vermelha, Lua negra

O sangue cobre estas ruas.
Tal como cobre o teu olhar…

Lua Vermelha, tenebrosa…
Que ás de ser tu se não a nossa perdição?

Esse momento tão distante…
Que devemos olvidar…

O sangue…
O seu cheiro, a sua cor, o seu sabor…

Tudo se confunde no ar quente desta noite…
E a lua vermelha reflecte-se no teu olhar…

Lágrimas vermelhas escorrem pela tua face…
Qual preciosos rubis as irei guardar…

Dá-me assim a eterna noite, dessa lua tenebrosa…
Dá-me assim o precioso sangue, a vida maldita…

A lua reflecte-se no teu olhar…
És a Deusa de Sangue, Terror e Sedução…

Lua Vermelha, Lua Negra…
És tu a Lua desta noite…

Senhora Vermelha de vestido Negro…
Tentação final…

E a lua vermelha, reflectida no teu olhar…
Foi por ti pintada, doce meretriz de perdição…

quarta-feira, abril 08, 2009

Sem rima, medida ou ritmo.

A minha mente, esta fora daqui.
A viajar por terras distantes, tão distantes como o teu mundo.
Deixei este corpo.
Desconheço o seu paradeiro…

Que se encontre perdido, destroçado, bem guardado ou enclausurado.
Nada disso é mais ou menos que um facto adormecido, tal como esse corpo perdido…
Sinto-me a flutuar.
Vagueio por esse mar celeste com polvilhados de branco neve, gelados como este coração dormente.

E então penso, reflicto e avalio toda a situação…
Questiono e indago…
Renuncio ou não a esta existência?...
Sinto-me doente e dormente, demente e decadente, desligado de tudo existente em absolutamente nada…

Vagueio então a deriva, calmamente por essa tempestade perfeita.
Confortavelmente em silencio, ociosamente em solidão…
Desliguei-me do meu mundo, dediquei-me a errar pelo teu, caminhando ao ritmo das estações, observando os sons da vida.

Deixei-me dormir.
Enganei o caminho da vida…
Deixei-me dormir sem ti…
E esse, foi o sono e o sonho final.

sexta-feira, março 13, 2009

Abstracto

“Olá.”
Recomeça a frase, deixa-me a meias, dá-me voltas, faz-me rir, tira-me o sentido já que nada mais faz sentido, atira-me com uma almofada, faz-me rir, brinca comigo.
“Anda comigo por aí, vamos perder-nos onde tudo é conhecido, onde toda a vida foi passar onde todo o futuro esta morto, onde todo o passado se revolve nos segundos de uma segunda vida onde a mente deambula por campos elísios e onde absolutamente tudo passa invariavelmente por convergir numa teoria sem lógica, sem sentido e sem solução.”
Recomeça o pensamento, deixa o ilógico partir com o lógico, nada deve ser mais claro que as coisas que não queres entender, nada deve ser mais imperceptível que o humanamente concebível.
“Junta-te a mim, não saias deste sítio sem mim, não saias deste mundo sem me levares contigo, dorme comigo, a noite ainda é jovem e o amanhecer é uma promessa distante.”
Não te convenças do possível, convence o impossível de ti, não penses em agir mas não ajas sem pensar.
A vida opera-se, as roldanas vão se movendo no seu perpetuo ritual, anda é certo e ainda assim nada é tão certo como isto, nada.
E eu estou tão longe e tu tão impossivelmente perto.

“Olá.”
Recomecei a frase, reexaminei a conversa, imaginei novamente todas as possibilidades, ponderei em todas as respostas, em segundos nada passou de um momento e num momento nada de passou de nada e nada voltou a ser nada, uma invariável impossibilidade.
“Não me peças nada que não possas pedir, pede tudo mas pede o imaginável, pede o inconcebível, pede o fantástico.”
Um delírio. Nada mais que um delírio.

Hoje, comecei esta conversa com o infinito, hoje pensei nesta verdade sobre esta mentira nesta revolução de nada que os sentidos possam percepcionar.
Ando confuso dentro de mim, revoltado fora de mim, abandonado por completo e por fim atirado a berma da estrada desprovido de vida ou semi-morto.
Ainda hoje fiz tudo isto, dói-me a cabeça que não me deixa dormir, pesa-me o coração que não para de pensar.
Aprofundo-me na minha confusão, exponho-me ao sentido da minha abstracção.
Nada sou mais que uma figura abstracta.
Nada sou mais que um ser desconjuntado.

Olá.
Amo-te.
Adeus.

quarta-feira, março 11, 2009

Surreal.

Desconcerta-me, desgoverna-me, diz-me algo, deixa-me ao relento coberto com um manto de estrelas, deixa a lua ser a minha amante.
Deslumbra-me, toca-me os sentidos, deixa-me cego, reduz-me a zero, eleva-me ao um expoente máximo de loucura.
Desliga-me.
Nada, simplesmente nada, as coisas ditas são tidas como loucuras de uma vida, irracionalidades de um momento, palavras vazias ecos de uma sonoridade inconstante, ruídos residuais, pequenos vírus que se arrastam pelo ar, aos quais todos nós somos invulneráveis mas que ocasionalmente nos deitam abaixo.
Fecha os olhos.
Esquece essas mentiras.
Não me sorrias, esse sol é demasiado amarelo e o mundo já o conhece bem demais.
Fecha os olhos.
E escuta.
Escuta como nada é transmutado em tudo e como tudo é reduzido a nada.
Fecha os olhos.
Torna-te inconstante para poderes ser constante.
Liberta-te, liberta-me, dá-me um ar de liberdade, deixa-me respirar como se nunca o tivesse feito, deixa-me beber a vida por uma palhinha, deixa a vida passar, nada é tão imutável como ela é volúvel e nada é tão certo e seguro como o seu fim.
Aspira a um fim, deixa os intermédios, deixa os meios, deixa as coisas que tens por fazer, por favor, termina algo.
Dança.
Escuta essa musica mundana, age qual louca.
Dança.
Dedica-te a perdição e sente-te segura, rodopia sobre ti própria, se senão uma incerteza certa e dança, dança…
Aceita algo novo.
Recusa o que te é dado.
Toma uma decisão.
O vento agita-se.
As folhas vão se espalhando pelo chão.
Cria-se um novo rio de pensamento e eu vou me perdendo pelos seus canais.
Perco-me pelo rumo, perco-me pelo tempo.

Ter-me-ei perdido por esquecimento?

quinta-feira, março 05, 2009

Somente em veemência

Moro fora de mim.

Todo um universo delineado em linhas verticais e tudo escrito numa volta horizontal numa tinta que escorre por essas linhas como sangue.

Sinto-me cadente, em plena imensidão de agua seguida pelo mergulho e nada se conecta nada se liga ao deslindrar deste movimento.

Moro perdido, sempre fora de mim.
A realidade que se vai distorcendo, as coisas que se vão cosendo á veloz tecelagem de seres imaginarios e nada recai sobre tudo e tudo se revolta em nada.

Sinto-me deprimente, em pleno sonolência em suturação de sentido em romper de moralidades.

Moro fora de tudo, omnisciente fora de mim.
Prego essa alma ao alto, deixo que a sua sombra assombre a noite, deixo que o seu temor se torne eterno e que tudo se resuma a um murmurio assustador.

Sinto-me ausente, desconheço-me em sentido, recaio sobre essa areia, revolve-se esse sangue e nada é tão aparente como a aparência.

Gostava de morar perto de ti, ao centro de ti, ao cardeal de algo para ti.

Recairia sobre mim essa vontade, resumiria esse sonho, reuniria mil coisas que estão infimamente perdidas e desenharia a mil tons tudo o que te iria contanto.

Sinto-me desligado, triste e só.

quarta-feira, março 04, 2009

Dança comigo

Receita-me um despreocupar generalizado.
Como anestesia sentimental.

Não quero saber ou sentir.
Não quero saber o que pode correr mal.

Indica-me um princípio para todos os fins.
Um sinal que nada será certo e uma incerteza de que tudo correrá mal.

Alarga-me uma vista tacanha.
Esta humana parece servir-me mal.

Faz-me sentir bem.
Dá-me uma resposta concreta que mesmo assim não saberei se me apraz.

Afasta-me este medo.
Um terror omitido e negado, destituído de sanidade.

Desliga-me o dom de me preocupar.
Torna-me qual robô, frio, estático, vertical.

Diz-me como não viver em verdades meias.
Dá-me a mentira completa. Pelo menos essa sei que é real.

Não me iludas.
Faz essa magia, cega-me os olhos, deixa-me iludido, tanto faz.

Desfaz-me a sinceridade.
Torna-me desonesto, intriguista, cruel, enfim, malvado e desumano.

Ou não faças nada.

Mas ama-me.
De tudo o resto, seria o mais importante.

sábado, fevereiro 28, 2009

Confusão

Escavo-me pelo meio das minhas velhas folhas, lançadas ao vento poisadas pelo chão, sobre a secretária cheias de palavras e letras de ideias e contradições de coisas que vou lendo, revendo, relembrando, repensando e reconsiderando.
Sinto-me escravo disso que não conheço, pergunto-me, se existe um fado, se existe uma total impossibilidade de controlarmos o que fazemos e o que acontece.
Desconheço e tento não crer, surge me como uma ideia absurda que tudo o que se faça esteja já a partida decidido ou que seja simplesmente cosido por figuras fantásticas escondidas por detrás do véu.
Rodopio na cadeira, sinto-me sinceramente sonolento, não sei explicar isto, não sei, não mo peçam.
Conforto-me no véu nocturno celeste, nesse pontilhado mil, na eterna amante e musa dos poetas, na sonolência de tudo o que existe numa memória mais calma onde faltou um caderno, uma folha e uma caneta para escrever o que se ia passando.
Tempus Fugit.
Segue-se esse abandonar dos sentidos, o abraçar do sono, a benevolência dos sonhos, a violência dos pesadelos…
Como sonho em vaguear…
Como sonho em naufragar…
Não sei.
Segue-se o suave balançar das ondas…
O conforto do desconhecido, a certeza do infinito.
O silencio, o som dos pensamentos, o som suave do vento corrente, o ar fresco mas não refrescante, o tempo quente mas não sufocante.
Não quero o amanha.
Gosto desta noite, em sítio nenhum, em todo o sítio que me possa recordar…
Sinto-me dormente num barco de remos, abandonado ao suave aconchego das ondas.
Gostaria de evocar uma precipitação de sensações, contudo, tudo se resumo ao que sinto de momento.
Nada que possa explicar.
Assim, em espasmo momentâneo resta-me isto:

Deixem-me dormir, estou cruelmente acordado.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Não sei, não perguntes.

Não me faças perguntas para as quais não queres respostas.
Pois sou de uma sadicidade imoral e de uma moral ultrajante.

Não me coloques questões para as quais já conheces as respostas.
Pois tudo o que diga fará feridas que não apagarás.

Não procures respostas para aquilo que desconheces.
Comigo essas respostas serão algo que não pretendes.

Não me perguntes nada.
Neste momento sou vazio.
Neste momento sou medo.
Neste momento sou o desconhecido.

Não me perguntes o significado do que não irás compreender.
Neste momento desenhar-te-hei mil respostas fatídicas.
Neste momento pintarei o quadro de preto e o céu de vermelho.
Neste momento ignorarei o teu choro e sorverei as tuas lágrimas.

Não queiras respostas.
Podes não gostar do que te vou dizer.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Prefácio da maldição

Prefácio da maldição, conhecimento de toda a loucura…
Insinuação da incerteza, descontentamento da beleza, sobreposição da pureza, sublimação da manipulação, extrema certeza da estupidez, estranho conhecimento da verdade.
A dança maldita de histórias semeadas ao vento, colhidas na tempestade, remoídas, revolvidas, recontadas, reescritas em suma repugnantes…
O desaparecimento da verdade, o caminho, não! A vida da mentira, os longos curtos passos da falsidade, os imbróglios de quem engana a falsidade falácia, o horror, o temor, a vergonha da verdade…
O vendaval de mudanças, as coisas que se constroem nas dunas das praias, as ondas gigantes que as arrasam…
A dança maquiavélica dos momentos, o desconhecimento de todos os tons, as meias palavras, as frases por concluir, os segredos de medo, o terror da unificação…
O tomar algo como decidido, as coisas contadas, as palavras que jorram, as mentiras mal contadas…
O conhecimento…
A conclusão…
A negação…
A exclusão…
A certeza da verdade, a calma de uma consciência…
A complicação de quem lê, os duplos sentidos, a facilidade de interpretar…
O amor…
O ódio…
A dor…
A solidão…
O retorno…
A devoção…
A loucura…
Nada, nada deverá fazer sentido, nada jamais será concluído, o jogo perpétuo da ilusão, a facilidade de criar realidades, a facilidade de escapar de si mesmo, a preferência de manipular, de humilhar, de castigar por capricho, de gozar…
A tenacidade, a pobreza não monetária, a pobreza de espírito, a pobreza de humildade, a pobreza de capacidade humana…
A inépcia…

Reescrevam como preferirem.
Interpretem segundo julgarem.

Ainda assim, quem tomar este todo por uma parte, quem puder dele tirar uma ilação que mo diga, veremos depois, em concilio sereno, as verdades destas razões.

Vivenda Mortis

Moro numa casa de lágrimas, com paredes forradas de medo…

Moro numa casa de mentiras, com janelas de ilusão…

Moro numa casa de tristeza, desconcertado lar do coração…

Moro numa casa de pesadelos, com paredes de maldição…

Moro numa casa de terror, porta a porta com a solidão…

Moro numa casa de intrigas, com inquilinos de traição…

Moro numa casa vazia…

Com que enche-la?

Com que mantê-la?

Porque morar nela?

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Sons e memórias.

Oiço a chuva cair.
Cada gota faz por si um som unico.
Cada gota cai no seu devido lugar.
Cada gota tem a sua melodia.

Oiço a chuva cair...
Lá fora a noite serena envolveu o mundo no seu manto
E todas as formas são alinhadamente desalinhadas em vultos negros com a luz tremule.

Oiço a chuva cair...
A terra lava-se de si mesma e todo o negrume da noite jaz dormente...
E cada gota encontra-se num pequeno lago de ilusões...

Oiço a chuva cair...
A minha mente e o meu ser descançam embalados em tom batente...
O meu subconsciente viaja, vagueia pelos sons correntes...

Oiço a chuva cair...
Dou por mim em viagem pelo inconsciente consciente...
Deparo-me abraçado a uma memória dormente...

Oiço a chuva cair...
Em sonhos inconsciente, abro os olhos e a ti te vejo...
Abraço-te perto mas suavemente...

Acordo.
Tudo se desvance...

Oiço a chuva cair...
Ela dita a nossa valsa...
E é tudo tão indiferente.