sexta-feira, setembro 25, 2015

Silêncio, bossa nova e blues

Inquietude, no silêncio da noite, nem um rato se mexe mas há demasiado ruído.
As paredes estão vazias, com excepção de um quadro vazio, riscado a branco e coberto de azul.
Alegoria de descanso, ritmo pausado, os sons que correm, são coerções rectilíneas, elementos herdados em que o movimento temperado, representa a visita e a hora da noite, arrasta-se pela premissa, divindade maligna e recompensa benigna.
A escovas arrastam-se arranham o brasão, o cobre do material refundido, escondido pela escuridão, deixado a um canto a banda toca e a vocalista consome sofregamente os elementos de aproximação.
Remar noite fora, a recheio de copo vazio, leme perdido e perfeitamente dirigido, enquanto se encosta aos lábios, o terno abraço do bagaço, vinho tinto, caras transversais.
O ritmo acalma, soa agora a balada, o som é singelo, a maneira como o corpo se mexe, pede sincera medida, no baile se fica, aproximação afastada, rente e lenta mexe-se com vida.
A inquietude permanece nervosa, o nervosismo miudinho, terço é de lado, terça é o dia e em observação esguia rapidamente tapa a face, corre fugidia, fugitiva e possante, dona de frente fria, arrasta-se pela travessia, dança levemente, atracção dominante, não lhe falta com que jogar.
Comprimento, centro e medida, cumprimento, vénia e desejo, arrasta o mundo inteiro, nem por trejeito intelectual se vê vencida, dá a mão recolhe o prémio, glória é destemida, deusa grega com fases romanas, não se conquista mas deixa insana, a vontade de quem a ama ou somente de quem a vê passar.
No seu corpo trás engano, como todas loucura e paixão, raiva desmedida e contentamento, trás no olhar admoestação, ternura eterna, conforme só ela deixa passar.
A noite rema ao silêncio, a inquietude deixou-se passar, na preferência ficámos a noite e por sossego, preferimos o luar.

quarta-feira, setembro 23, 2015

Conforme a vontade, teatro de sombras e ambiguidade

Oração à coragem, que nunca nos faltem forças para puxar.
Caminhamos em uníssono, semblante erguido, comandantes de um exército de   mortos vivos, vestidos em fatos e gravatas, seres cinzentos em que a manhã passa pela bagageira, linguagem algo brejeira para esta particularidade.
Exercito de subida íngreme, face ao horizonte, enrodilhados ou de rodilhas, face ao cume, caminhando mão com mão.
Que não me falte a coragem, que não me falte a vontade, pois desconheço como o fazer, sem fazer de âmago cárcere, subjugação de vontade ao ego esguio, recusa eterna, proclamação graduada denegada.
Recusa por desconhecimento.
Que não me falhe a coragem, a vontade seria um recurso, mas séria é a visagem, discernimento necessário.
Creia-se então a necessidade e o esforço, reconforto de quem faz e convicção para quem vê, sobre tudo quem lá se sabe, império ditatorial, rege eterno.
Comissão à passagem, viagem por aprendizagem, experiência expedida e recursos pedidos, não se aceita um trabalho em que o trabalhador seja em demasia.
Que tenha eu coragem, seja pela espada, pluma, mão, boca, vontade ou olhos.
Que tenha eu um pouco de espaço, tomada e liberdade.
Que tenha eu sobretudo vontade, coragem à mistura com a minha insanidade, nunca fez ninguém algo grande, tão só de coragem e vontade. Aspiro pelo menos a isso.
Mas no meio da minha coragem, que me venha uma carta, que me venha uma resposta, que me chovam missivas, tudo em molho.
Que não falte o tempo no meio desta falta de tempo, deste desenfrear de gasto temporal, em que a comodidade máxima não tem sequer divisa própria mas se despende loucamente.
Que tenha coragem, sentido e alguma atenção, sem excesso de devoção.
Que tenha argumento, sanidade e loucura, que tenha coragem e pelo menos um bom amigo.

Caímos em Inverno.

Génese de dúvida e dilúvio, capicua terna, conceito concretamente desonesto.
Caímos pela brisa que nos tolda, esquivos como o tempo, radiados por solidão, sentidos neutros.
Caímos mas não ficámos, sempre dispostos a mais, orientados por proclamação, rendidos jamais, atirados pelo mundo, celebramos, como animais, a presença perfeita do desconhecido.
Anedota.
Críamos por conceitos divisos, habituação a toalha, sem conhecimento tido, celebramos a separação, lembrando que no passado, éramos amargos, fomos com o tempo passado, deixado inertes, obtusos e sem expressão.
Caímos sem nos levantar?
Seguimos com o nosso mundo, o desenho foi por fazer, fomos olhando em volta, volte-face tivemos que fazer, da separação ao infinito, apreciamos o ínfimo apresentável oração desconexa, a nenhuma entidade profana ou sagrada, não sentimos essa necessidade, a aceitação ficou a porta, particularmente rejeitada.
Vivência de ilusão.
Aparte do sarcasmo, criva-se a criatividade... E no amargo, sem sentimento, sentimos-nos dormentes e sem ilusão.
Por esse tempo, ataca novamente a claustrofobia, sente-se a mente pende e com temor da demografia, agorafobia em conflito com energia, o mundo revolve-se e o casulo explode.
Não existe explicação o expiação.
É Inverno, entende-lhe o sentido.

terça-feira, setembro 15, 2015

Atitude e aptitude

Abre a porta, deixa entrar o ar, o ser está estilhaçado, o tempo é passado entre viagens e partidas, no doce cruzar do teu olhar.
Puxa a manta, não quero acordar, nas caricias da tua mão, presença de teu rosto e madeixa na almofada, sentimento de uma hora, duas ou ponteiros caídos, não me deixes sem ti, puxa a manta, vem-te deitar.
Desenha ao meu compasso, não peças que me mexa por ti, a oportunidade foi ida, agora sou eu que me movo, se queres acompanha-me a corrida terminou e ficas-te para trás.
Deixa-me ver o horror no teu rostro, enquanto ficas-te admirada, deixei o meu passado no teu corpo, não se entenda profano intento mas o passado ficou enterrado em ti.
Afaga-me a alma, deixa-me o ego, não por disputa, não por despotismo, têm-me por pragmatismo, ciclo vicioso e ostensivo, de como esperavas o volver e retornar, não existe mais tal sentido, por ele te deixas-te amar.
Então considera a vida, real e profana, não compreendes adoração, se esperas segunda ou terceira volta, espera uma semana inteira, um mês ou uma vida, o retorno ficou cancelado e o futuro foi devolvido com sucesso.
Obriga-me a baloiçar? Não, perdes-te o dom de comando livre arbítrio é o domínio, leve rugido tímido, fez da promessa uma monção, ostentado ao dependente, amigos e saídas, ficas-te reclusa de ti mesmo e assim te negas-te a falar.
Obriga-te a existir, condenada e danada de quem te rodeia, sabe-se por paredes meias, intenções que possa eu negar, se decides ir atrás de baboseiras, não esperes saudades feitas, simpatia, sempre posso dispensar.
Coordenação que me falte, saio a rua, faço idade, parto por bem de parte, abro-me ao caminho, estrada fora, voa nas asas de uma águia, não se entenda desporto fétido, não há interesse em tal, na verdade erga-se o animal, enjaulado, não lhe reclames senhoria, não existe lei ou guia.
Corrente de demência?
Creio que não clareza autêntica, justiça final, talvez negada mas certo e orientado sentido, pelo menos vivo, honesto e refeito, nunca para qualquer efeito perfeito, cheio de defeitos, se quer um homem, mas verdadeiro e honrado.
Valentia tomada, não se deixa a nomes, domina o sentido, não se declamam acusações, ser-se assim, directo e contundente, não creio que haja batente nem declaração a tomar.
Toma por palavras o meu testamento, não ao meu último momento, ao meu desígnio e desenho, se sinto saudades, sinto saudades sim, sinto falta do momento, da prosa e da pena, da proximidade tida e da confiança partilhada…
Crê-me fraco e desafortunado, na verdade talvez na última mas de fraco, reconhece-me ardil, deixado ao vento, espalha-se um tormento, culmina em vendaval e tempestade, honesta e brutal.
Deixa-me ao tempo, entra e fecha a porta, tens a chave, tens o tempo, puxa a manta, fala comigo, aproxima-te e escuta a história.
Será que realmente vais entrar?

segunda-feira, setembro 07, 2015

Complexo e David e Golias

Complexos caminhos, ligações desconexas.
Sinceridade a molhos, reticencias tidas, livres-vontades e caminhos a sós, olhos que se escondem, encobertos pela tempestade, no vento que se arrasta, abre assas a saudade.
Olha, das cartas que te escrevi, esta foi feita por metade, nem te é dirigida de facto, expressa apenas ambiguidade.
Aspirar a algo, sempre foi um sentido desligado, acho que assim se foi passando na verdade, entre saudade e vazio sentido e agora por realidade, nem sentimento sei expressar.
Envolto em loucura, poder-se-á afirmar, correcto?
Desconheço.
Na verdade, estou meio acordado, meio adormecido, completamente desprovido de melhor julgamento ou melhor realidade.
Alguém poderia dizer que ando a conceber um plano para nada, nem eu me sei desviar de este sentido, não o posso ocultar.
Será então o reiniciar?
Não, neste momento, não a muito alvo para acertar, sem que possa eventualmente cair em desvio de atenção, creio que pode ser tomada a decisão, mar e mar, voltado ao pedido, perdido em volta.
Deveremos então conceder e conceber um novo princípio?
Entre o que pode ser escolhido, solidão e amizade, o meio em que nos envolvemos em nós próprios, é desajeitado e recusável.
Deixando de lado a tristeza, a ciência diz que devemos ser nulos e se aceitamos essa realidade, excluímos os deixados na praia…
Aceitamos então tal religião e dogma descomandado?
Não me sinto demasiado humano nem desumano, na verdade, ultrapassado qualquer estigma, estamos cada vez mais voltados para o interior de nada e ficamos esquecidos e oblívios ao que queremos escolher.
Seguidos pelo passado, certo?
Então percebam de nada, pois de nada perecemos, o passado, se o deixamos andar, torna-se um elemento de controle.
Desmotivado, comedido nesse sentido, sem vontade de mexer um pé diante ou atrás de outro.
Então na procura, as metas não são destinos e os destinos não são designados, sei que a insistência me leva um pouco a loucura, crivado pela incerteza, mas com certeza de insucesso.
Em suma, sonhos, são seguimentos do nosso inconsciente subconsciente e nós conscientes do que vivemos, vivemos de facto prostrados e preparamos para ser subjugados.
É um triste facto, mas assim rema o ingrato.
Ficar ferido é um facto, gira-se a fisga e aponta-se ao gigante.
O mundo caiu e o povo rir se.
E assim é, triste, o legado…