quarta-feira, junho 28, 2017

Mistério e uma Lua Azul

Esse teu nada, tão cheio de tudo, particularidade de quem move aventais, por entre os vendavais da vida.
Certo sentido, em sincronismo de vida, olhar para dentro, sem realmente contar o que vai dentro, existir, por entre a negação de ser ou saber, apenas expressar, sem passar sentimento.
Esse teu tudo, que é assim, vago sentimento, que mexes com as mãos, segurando no vazio, um pouco de um coração partido, enquanto apressas a coração, fazendo um repasto, em que a sobremesa é a loucura e todos os pratos, são guiados ao tento de tua mão, na verdade, deixas-te meio mundo louco, sem mexer um único menestrel.
Esse movimento tão estático, essa sensação de conceber palavras por entre as pálpebras fechadas de quem tece um argumento, sinistro sem sentido, na verdade se escreve por linha vazia, em carmesim, dores de coração e palavras para amor solto.
E não escrevo, a esse teu silêncio, esse teu nada, esse teu frustrante fechar de olhos e de coração, esse erguer de muralhas, que parecem paredes de areia, levadas pela mais baixa maré.
Prescrevo, não consigo dizer o reflectir naquilo que deveria ser pensado, sem que possa realmente levar a mão ao peito, a mão a cabeça, tocar alma e âmago…
Deixar assim, uma alma solta, presa em velas de candeias, espectros arrastados pelas marés, sem que os marinheiros possam lá voltar…
Então penso, pelo sonho que vem, o sono que não se apresenta, toda a maquinaria que sinto existir, a dor que carrego cá dentro e tudo o que desejava expulsar, limpar de mim, regurgitar…
Esse teu nada, que me deixa quase calado, que me apetece e me aprovem de fundo da alma, um grito bem profundo, uma vontade de partir contigo sem saber bem o que te dizer, parece assim, construir um pouco de desequilíbrio, jogo oculto, jogo presente, uma cantoria solta, qual tunates perdidos, deixados a derivar, pelo sol da charneca, no canto da duna, sempre presentes pela maré, deixados pela manhã, ao aperto da madrugada, sem mais ou menos questão.
Esse teu nada que é tudo, agarra-te por dentro, sem que queiras retirar de ti, de teu fundo, um pouco de ti, um pouco do teu mundo.
Como hei-de pedir explicação por dura expiração, certo é que deveria poder falar, poder gritar, cantar a garganta solta até em lágrimas, quase de sangue solto. Pedindo uma pequena, curta, breve e honesta explicação.
Esse teu nada, tudo, quase tudo, universo e planeta…
Arrastado por entre as pedras, à deriva para buraco negro…
Esse teu nada que era, que é, que será tudo, até que o libertes de ti.
Até quando, te cederes a loucura, até quando o quiseres, até que te der esta perdura…
Esse teu nada, para ti nada talvez, para mim, um sorriso e um abraço, é um grande tudo.

segunda-feira, junho 12, 2017

Deixar cair quem está a cair

Como acontece, em separado, por vezes em conjugação do que vai acontecendo, sempre em exclamação de perseguição, nesta imprecisa precisão em como vamos moldando o nosso dia-a-dia.
Acontece um pouco, como vou olhando, sentido em passagem, um olhar, se é que me percebes, tão só ficar a olhar, sem trocar uma palavra, acaba por não ser um exercício, se não um movimento tedioso e indefinido.
Clamar passa a ser uma solução e de facto, acalmar os sentidos, acaba por explicar a expiação sentida.
Contraponto, como deixar partir ao entardecer a razão, esperar por ver, por ter por perto aquilo que procuramos, por erguer uma ponte que nos aproxime, um elemento que nos leve a ser um pouco mais conexos.
Não existe paixão, existe uma necessidade de aproximação, sim, de travar conhecimento e de erguer um porto, entre duas cidades, entre dois mundos distintos, de saber o que pode ser trocado, o que pode ser transmitido, o que pode ser definido ou não…
Enfim, poupa-me um pouco a existência, não sei como fazer realmente este tipo de coisas, como criar e erguer, sem ter mais ou menos uma ideia do que devo construir.
Acontece, creio de vez em quando, ver passar o tempo, desligar e poder sentir a evolução do dia, enquanto permanecemos eternamente desligados do momento.
É uma espécie de evolução.
Sucede então um ruído, uma explosão intensa.
Acontece, com uma frequência cadente, a oportunidade de olhar e poder ver o que se pode fazer, de poder apreciar por um momento, a beleza alheia, de poder sentir, pela fugacidade do dia, um intenso contentamento, de procrastinar.
É uma progressão angular, como nos movimentos sem espaço, sem orientação que se possa explicar.
Permeável de expressão, ensaio de sanidade que expira, com o passar do tempo, ribombar e trovoada, áurea fanfarra enquanto a banda passa.
É mais uma manta, uma manta retalhada. Será que a vais ter?
Será que nos vamos aproximar?