segunda-feira, maio 31, 2010

Pede-me um desejo, esperarei aqui, perto, tão perto quanto possas pedir, para cumprir o que me peças, para fazer de tudo um pouco que possa fazer.
Cumpriria por ti todas as vontades em sentido recto e directo, faria de mim completamente honesto e cumpriria cada um e cada qual dos teus desejos.
Deixa que te tenha por perto de mim, não aspirei a mais nada.
Beijar os teus lábios, sentir a tua pele, dizer-te de perto o que ao longe é visível…
Por sentido de todas as palavras que possa imaginar, deixa que te beije, a perdição dos teus lábios é sem duvida a mais divina razão de uma total perdição e se perde-me pode ser uma ilusão…
Deixa-me perdido talvez assim me tenha contente ou simplesmente não precise de muito mais ambição.
Hei-de olhar-te nos olhos e não sei o que poderá surgir de tudo isto.
Sorrirás? Choraras? Ficarás irada? Abraçar-me-ás?
Pergunta-me o que faria, não sei o que responderia contudo, as coisas simplesmente ficam-me em branco as palavras ocultas e tudo o que te possa mostrar será revelado sem que eu tenha que fazer nada mais ou sequer seja eu a faze-lo.
Deixa-me ter um lugar no teu ser, deixa-me entrar, deixa-me pertencer, perde de mim o teu medo e todo o receio.
Tu, senhora, invisível, irreconhecível, provavelmente irás de forma irada ler este pequeno canto de demência…
Por mim, dediquei-me apenas a cumprir aquilo que eu sou.
Por mim cumpre-me ser conforme possa ser um elemento de nenhures e todos os lados.
Tu minha senhora, deixa-me perder-me contido, deixa-me ligar-me a todos os sentidos…
Deixa-me talvez amar.
Não procures nada do que não devas encontrar, pois no encontrado te deverias novamente perder…
E amor é nada mais que não possa ser tudo isto, uma perdição de todos os sentidos, talvez dor, talvez prazer…
Mas deixa-me amar.
Porque talvez amar seja já uma surpresa...

terça-feira, maio 18, 2010

Ao refugio da Noite

No outro lado da lua, gentil canção de aquário.
Não escolho as palavras em dualidade de trejeitos em desrespeito de conhecimentos e afinidades múltiplas, simplesmente vou remexendo a noite e recorrendo ao invulgar.
Recolho aos velhos espíritos, julgo o jugo da serenidade, não sei porque motivo, não tenho para onde ir e tão só me apetece o valor esguio de fugir por ai.
Se por meio de mim próprio me deixe entregue a solidão, não desisto de tentar ao incerto e refaço o reclame que foi inúmeras vezes feito.
Só por si, instigado ao momento de incerteza, abano o mundo, alguma coisa há-de cair.
Começa a sentir-se o sangue quente e o Verão corre já na aragem e deixa essa gente demente e eu tão só aspiro sair por ai, perder-me nessa noite, sozinho, acompanhado, indiferente.
Tão só me saiba de simplicidade, perdido por ai aspiro a lua prateada e a noite calma, brisa suave que corra pelo prado, esquivo vou pela noite, perdido e só talvez em recanto de inglória.
Esta noite, como remexo a noite, lento, talvez sóbrio, talvez bêbado.
Não direi em ponto mais certo, nem serei de todo altamente irónico ou erudito.
Apetecia-me apenas uma noite daquelas em que a lua e o sol se beijam.
Apetecia-me uma garrafa de vida.
Já bebia um copo de sangria.
Se olho para onde estou, sinto-me lavado em passado e oculto do que poderia perceber.
Aguardaria o refúgio da noite, sair e perder-me por ai.
Talvez só, talvez contigo.
Aguardaria um partido de nada.
Aguardaria um solitário desejo.
Deixo escondido um desejo.
A noite vai se indo e eu enclausurado em mim mesmo.