sexta-feira, novembro 23, 2007

De um momento a outro…

És, essa sensação desconhecida, esse ermo de prazer e loucura que todos tentam encontrar, esse doce, envolvente esse tão estranho perfume perfeito…
Nada, por mais que te possam apontar, nada se compara a ti, como trazes a loucura, como deixas meio mundo mudo e estupefacto, como dominas e deixas qualquer um reduzido à si mesmo…
Condeno-te pela tua existência, és uma droga encantadora, perfeito estupefaciente, causa de loucura, negação, de extremos sentimentos, de dor e solidão…
És esse conhecimento perfeito, toda a obra desfeita, refeita e edificada a tua imagem e por vezes, vezes vagas de clareza, emanas essa tua presença, como seria sem ti este mundo, sem a tua prezada presença, precioso perfume, delicioso, misterioso, perfume perfeito, perfume de solidão…
Imaginar-te, existes, passar-te apenas de uma criação, de uma breve divagação para algo, para este plano existencial, partir a tua procura…
Querer-te, abraçar-te, desejar-te, talvez possuir-te…
Existes, sei de ti, já te senti, sei o teu nome, mas ainda assim, ainda tendo todas as provas, todos os dados, tomo-te por real e perco-te, o teu eu corpóreo, a vertente humana de ti…
Doce perfume, que escondes nos teus meandros…?
Então, quem és tu, que és tu, como te encontro, será que existes sequer?
Imagino-te a ti, esqueço o perfume, será que existes ou és se não mais uma perfeita mentira?
Existes tu, cruel encantadora? Dona de esse desconhecido, ilusionista, maga, imperfeita perfeição que se esconde num manto, que existe para o mundo por detrás deste perfume de ilusão…
E ainda assim, sentir o seu cheiro, questionar se existes, sentir-te nas minhas roupas um misto de ti e de esse perfume, odiar por momentos o odor dele, querer apenas o teu odor…
Fico assim, em dicotomia, um ódio profundo a esse perfume, um agrado geral, um vicio narcótico do mesmo, uma incerteza se existes e uma certeza de um perfume perfeito.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Tempos de Tédio

Dias em que tentamos fazer com que o universo a nossa volta não nos pareça obscuro e vazio, já que tudo o que fazemos, não passa de uma reflexão do que julgamos ter mas acabamos por odiar e esquecer…

Parecem estes ser os dias de tédio, que rodeiam a nossa presença, bloqueando a nossa razão de ser e o nosso pensamento, por isso tentamos evadir-nos da sociedade por métodos que podem parecer estranhos para alguns mas para outros serão normais, podemos refugiar-nos de nós próprios através da musica que ouvimos e, por assim dizer, das drogas que tomamos.

Pode ser o mundo assim tão obscuro, em que alguns se viram para os cultos, só para se poderem sentir incluídos e amados?

Quem sabe? Este parece ser um universo, em que cada um se sente “amado” por si próprio e por outros, só porque os imita… Deve o mundo ser assim?

Passamos por uns tipos de rituais, para provar se merecemos ou não ser amigos de uma pessoa, quando na verdade essa pessoa e o seu grupo só se quer aproveitar de nós ou das nossas qualidades, desfazendo-se depois de nós se necessário apenas para, em principio, controlar o mundo que o rodeia. Mas quem somos nós para a sociedade?

Apenas aberrações a espera de ser eliminadas…

Somos apenas um monstro que a sociedade utiliza como pretexto para impor leis ridículas, para seu próprio proveito…

Que queremos, é o que nós perguntam várias vezes, sem sentido parecendo principalmente que nos querem torturar, somos levados a fazer o que não queremos e o que pensamos ser o que queríamos fazer…

Vivemos num mundo controlado por seres superficiais e desconsiderados em relação ao sofrimento do mais próximo…

Só nós resta, satisfazer os nossos sentimentos e destruir os do próximo…


Original de Luís Malato, "Capitulo I - Dias de Confusão (1998 - 2002)