domingo, novembro 15, 2009

Palavras Perdidas

Aguardo uma mensagem, de algo que não vem e ao qual não conheço o momento…
Enquanto sou, fujo de mim, nem sei como me explicar, se me deixo quieto ou se me repudio, não conheço o sentimento, falha-me a emoção, melindra-me tal coisa, nem se por onde lhe pegar, não existe uma ideia concreta que me deixe constante e assim como anteriormente me largo a vagar, velho tunante…
Falta-me o álcool, nele me hei-de deixar, nem sei se o reconheço, parece um velho amigo de velhos tempos passados, envelhecido pelas passagens mas nobre jovem e jovial companheiro…
Falta-me a emoção, não sei esse motivo, não conheço tal orientação, que me falte o desejo, desconheço o fomento da emoção, cativo de um movimento, cruel condenado, hei-de reconhecer um momento e nesse momento hei-de o revelar, nada é pois um momento que me possa condenar…
Então aguardo…
Quem saberá dizer pelo que aguardo?
Não saberei um motivo concreto… Talvez por me deixar sempre a vagar.
Em questão de momentos me perco e por desinteresse deixo passar, não existe uma que me desperte a mente, não existe uma que considere como sendo mais-valia para o meu esforço, existes tu que és assim, longe de tudo presente, reclusa de ti mesma e ainda assim te irás negar…
Aguardo uma mensagem, um contacto, qualquer coisa, nem sei como o dizer, nem saberei como o ocultar, revolto-me, sei coisas que preferiria nem saber e essas coisas por dor própria poderiam aniquilar-me, repugno-me do meu saber, considerar-me-ei ignorante e sentir-me hei ignóbil, pois sei como sou e sou senão como sempre me fiz e sempre me deixei passar, serei um irreal reflexo inconclusivo de mim, sem realidade aparente, guiado por um término e um sem fim presente, nada mais nada menos que algo que não sei interpretar…
Aguardo, espero, deito-me em desespero, agonia de momentos, que se me esqueça a noite, já a perdi, o dia é um martírio, já não o consigo suportar…
Eu fui eu e agora perdi-me.
Conclusão mais estranha, deriva de mim não saber o que dizer.
Hoje sinto que escrevi um total de palavras perdidas…
Será sem dúvida um título adequado.
E sem dúvida, assim me deixo a esperar…

terça-feira, novembro 03, 2009

Antologia de nada e mais nenhures

Simples razões de iludidas verdades, conforme o soar de uma dissonante alusão, dorme o mundo e nem um momento se para se não para respirar o seguinte.
A vida passa.
Não existe, talvez por não ter sido imaginada, tal verdade, não existe tal concepção de irreal e nada é senão isso mesmo, um momento descabido e uma inconstante mudança de realidades, dorme o mundo, consulta-se a noite, não passa um momento mais que valha um sorriso, nada senão o que esta proposto passa para além de essa verdade, dorme o mundo e a vida, dorme todo o momento, existe uma inverosímil mudança, cai-se em monotonia de momentos, não se sobrevive por nada e não se luta, que o saiba, por nada.
Desliga-se a gente, não há nada mais que possa eventualmente compreender, nada mais que possa fazer, sente-se a realidade difusa, nem a noite é já confortável e simplesmente os dias arrastam-se conforme desígnios que me vão ultrapassando, nem sei por onde, nem o seu motivo, mas sei-me ocultamente estranhado e estranhamente iluso, nem por rompente de dia, nem por raiar de noite, nem sei a que dia, a que momento a que hora, nada, oculto por esse momento, encontro-me assim cansado talvez cruelmente amargurado…
A vida passa…
Pego num fio, faço um nó, já nem sei da sua meada, sei que a verdade parte entrelaçada e a continuação deve-se a noite e todos os momentos são singularmente distensos, talvez por barbaridade oculta e se me falta algo, há de me faltar o vernáculo, hei-de me extinguir e há de me ser presenteada uma lapide contudo, gostaria de uma pira funesta, qual heróis antigos, sinto-me assim, distante deste tempo, inconclusivamente desligado e sinceramente mais confuso que a confusão que vou escrevendo, sei-me então a leste desde poente e nem sei se o poente é a leste ou a oeste, confundo-me enfim, hoje sinto-me sinceramente gasto…
Raio por tudo isso! Nada sei que não possa apresentar e se me falta a filosofia, talvez me falte por falta de esforço ou simplesmente por modesta preguiça, pois sei que nada mais há-de faltar e se houver que falte, que não se manifeste então, que se cale a um canto, estou já farto destas coisas, apenas procuro um leito onde me deitar o teu colo para me confortar…
Achar-me-ei talvez um pouco diminuto, talvez um pouco mais novo do que recluso do que realmente sou, sinceramente abismado e explanado a essa verdade sem que nada haja mais que uma realidade distante, nada mais que um mito que vou constatando e nada mais que uma névoa presente e um futuro presentemente distante…
E já me deixei dormir, nem sei como contar essa noite, nem sei como fazer para dormir, mas se me deixei dormir, estas palavras hão de ser sinceras pois ao lamentar da noite passam-se os murmúrios dos dias e em lençóis revoltos me deito em cama desfeita me deleito e sobre o teu colo me encosto…
A vida passa.
Já nem sei o seu nexo e sinceramente, que me abandonem neste sitio pois o teu colo é almofada ideal.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Náusea

Assalta-me a vida tortuosa, não conheço segredos que queira esconder…
Deita-me ao relento, ainda nem me deitei e já está a alvorecer…
Cria-me um sorriso, ainda nem o conheço e já o estou a perder…
Obriga-me a sentir, toca-me, deixa-me ver, pode não ser se não um meio de me perder e no entanto nesse perder, me deixarei encontrado, sem um ponto de memória, sem escapatória qualquer, sem mercê ao momento sem qualquer motivo e se por motivo qualquer me encontrar, negar-me-ei veemente, nada mais terei a perder…
Esconde-me pela manha, detesto acordar, de certeza que vai estar a chover e no entanto faz sol mas sei estar a chover.
Correm gotas pelo rosto das gentes, as verdades são sumidas, as somas são inconclusivas e a matemática incerta e ilógica, talvez por à odiar me pareça demagógica ou talvez perdida de valores uma ver que se torna improcedente indeterminada e a mente minada sinceramente exonerada não a conheço e nem a quero conhecer…
Concebe-me um meio, já estou a fim de tudo, nem sei a verdade de nada, sei a mentira absoluta, conheço essa expressão e às de ficar com má impressão de mim e sinceramente que te borres porque para esse ponto não estou nem presente para ti, nem nunca quererei saber de ti.
Aguardo a tua ostracização, que te perdas por ai ou que me mandes perder, que nada interesse realmente, se bem que não há pessoas de coragem és um caso jocoso e sinceramente resta-me rir assim.
Cabe-me o jugo, sinto um vómito na garganta, que peculiar reacção serás sem sombra de duvidas um desengano e por desengano me esganas de todo, sai me da frente, hei-de me colocar de bruços já me sinto a regurgitar.
Talvez seja um pouco cruel, mas de cruel se sente a revolta, não te passa ao lado a memória? Talvez seja mais mnemónica uma expressão mais eufórica, não sei que te dizer mas metes-me nojo e nem te consigo ver.
Hoje que me sinto cruel, não me falte a expressão que leias isto e te caias, que saibas bem quem és, talvez me chames covarde por não te revelar e saberás no entanto quem és e antes que me falhe a prosa, não te desejarei nenhum mal, talvez por ser ainda humano ou porque não tenhas importância para tal…?
Reescreve-te, talvez te aprove, posso eu não ser um ser humano decente mas pelo menos ao levantar-me consigo ver-me e tu, que verás nessa cara reflexa?
Deixo-te um comprimento e um eterno desejo, não que caias na realidade mas que caias por ti próprio cruel como és, humano como serás, não importa referir-te, certamente te retratarás...

Assaltos

Pobres e cansados olhos…
Cansados jazem sem vida.
Não dormem nem conhecem descanso.
E rouba-se deles a luz perdida…

Pobre desterrada alma,
Como ninguém te entende…
Ninguém te estranha…
E solta te entendes desmoronada e sombria…

Pobre incompreendida solidão.
Entendo-te bem demais.
Conheço-te por amargura…
E ninguém te tem como familiar…

Pobre cansado coração…
Velho e abandonado…
Deixado pelas ruas da penumbra…
E idealmente fustigado…

Pobres e cansadas mãos…
Sois a vaga fuga desta alma…
Tristes e descartadas, cortadas de toda a existência…
E pareceis no entanto vivas…

Pobre e cansado ser.
Triste, amargamente armazenado…
Não sabes se não sofrer…
E por ti, estranhamente amargurado…