quarta-feira, setembro 23, 2015

Conforme a vontade, teatro de sombras e ambiguidade

Oração à coragem, que nunca nos faltem forças para puxar.
Caminhamos em uníssono, semblante erguido, comandantes de um exército de   mortos vivos, vestidos em fatos e gravatas, seres cinzentos em que a manhã passa pela bagageira, linguagem algo brejeira para esta particularidade.
Exercito de subida íngreme, face ao horizonte, enrodilhados ou de rodilhas, face ao cume, caminhando mão com mão.
Que não me falte a coragem, que não me falte a vontade, pois desconheço como o fazer, sem fazer de âmago cárcere, subjugação de vontade ao ego esguio, recusa eterna, proclamação graduada denegada.
Recusa por desconhecimento.
Que não me falhe a coragem, a vontade seria um recurso, mas séria é a visagem, discernimento necessário.
Creia-se então a necessidade e o esforço, reconforto de quem faz e convicção para quem vê, sobre tudo quem lá se sabe, império ditatorial, rege eterno.
Comissão à passagem, viagem por aprendizagem, experiência expedida e recursos pedidos, não se aceita um trabalho em que o trabalhador seja em demasia.
Que tenha eu coragem, seja pela espada, pluma, mão, boca, vontade ou olhos.
Que tenha eu um pouco de espaço, tomada e liberdade.
Que tenha eu sobretudo vontade, coragem à mistura com a minha insanidade, nunca fez ninguém algo grande, tão só de coragem e vontade. Aspiro pelo menos a isso.
Mas no meio da minha coragem, que me venha uma carta, que me venha uma resposta, que me chovam missivas, tudo em molho.
Que não falte o tempo no meio desta falta de tempo, deste desenfrear de gasto temporal, em que a comodidade máxima não tem sequer divisa própria mas se despende loucamente.
Que tenha coragem, sentido e alguma atenção, sem excesso de devoção.
Que tenha argumento, sanidade e loucura, que tenha coragem e pelo menos um bom amigo.

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