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A mostrar mensagens de junho, 2009

Entre mentiras e confidencialidades

Quem me deixou, andar por ai distraído? Quem me deixou, por via de jocosa atitude, deixar estas canetas espalhadas por ai? Quem me deixou, se o engenho não me confunde, deixar por mãos alheias o que vai sendo feito? Quem me deixou, se a virtude é fugaz, deixar esquecida toda a memória e oculto todo o mundo? Quem me deixou, quem me permitiu essa perda? Quem me deixou? Quem me deixou assim perdido? Quem me deixou, pintar essa tela, desenhar o rasgo do horizonte, pintar o mundo, colorir a vida para simplesmente me deixar perder essas canetas? Quem me deixou ficar naquele lugar, sendo que fui o primeiro a chegar, hei-de ser também o ultimo a sair? Quem me deixou consumir a lua e roubar toda a luz do mundo? Quem me deixou fazer coisas inumanas? Quem me deixou violar mil e uma coisas das quais jamais ouvi falar? Quem me deixou então ser julgado? Quem me deixou arrebatado? Quem me deixou então…? Quem me deixou? Deixou-me a dúvida que se sublimou a estupidez… Deixou-me a incapacidade de respon...
Somos senão reclusos desconhecidos de palavras, entregues a boémia, tunantes por natureza, seres de inconstância e inconstantemente descontentes, privados de uma realidade una sujeitos as falácias desta vida. Quem mandará em nós? Quem fará de nós algo que não somos e quem nos identificará como sendo senão quem realmente somos? Não quem, mas o que somos nós? Perdidos constantemente por linhas escritas, devorados por litros de tinta gastos… Apresentamos o sorriso que nos foi dado talvez um pouco roubados, talvez um pouco injustiçados. Que seremos nós? Agita-se esta questão, revolta-se todavia o mundo, nada é senão o que aparenta não ser e assim, ainda que estranhamente composto, tudo é dúbio, revoltado e mal estruturado. Sentimos esse ar mal sentido, ouvimos essa lenta valsa enquanto salto-mos ao som de algo mais pesado. Escondemos algo misteriosamente exposto aos olhos de todos e por falta de vontade, negamos meio a meio mundo a dor que vai nos nossos olhos. Cai-mos em revolta, jorram l...

Por falta de ti

Que te deixaria, pobre alma, fora da tua usual calma, da tua paz serena e imutável enfim, fora de ti mesma e mediante tal agravado estado de desconcerto e inconstância? Que te deixaria, pobre espírito, fora de ti, perdido por um ermo, enlevado por sina e tristemente contemplado? Não, não contarei atingir um estado de demência. Não, não contarei atingir um estado de ilusão. Que não me caiba a verdade no peito, que transborda de toda ela… Que não se conheça toda a vida, que se desconheça quem vai compondo… Não procuro a eternidade, sou neste momento vago, inconstante e nada se me apraz como uma verdade absoluta, nada é tudo e tudo é se não uma ilusão de inconstantes e fugazes motivos. E tenho-te gravada, marcada aqui. E não sei da tua inconstância e vou tentando compreender o teu ser… Como te quero aqui e nem sei se alguma vez te terei de qualquer modo. Reduzo-me. Algo me consome o ser, sinto-me doente por motivos desconhecidos e desconheço qualquer cura milagrosa. E quero-te aqui. Por f...

Esta gente…

Mudo para ser inconstantemente constante, rapidamente imutável pela própria definição que me descreve, estranho e indiferente, por toda as coisas que me descrevem segundo um documento que nunca ninguém viu e que jamais alguém se atreveu a ler. Luto contra essa sensação de vazio. Procuro esse bem que me poderia encher, essa recôndita ordem, esse vácuo descontínuo repleto de todas as perguntas que em somas inconstantes vou rementendo para um infinito de existências que em nada se assemelha a esta vida que vou vivendo. Escrevo segundo o que descrevo e reescrevo o que não poderia ser escrito sendo que poderia causar alguma confusão sobre toda a ordem, revolto-me a volta do inventado e deito por terra toda essa ordem, nada disto é mais se não um texto maçudo, nada mais nem menos que um delírio uma probabilidade de fuga um subterfúgio de inglória… Calo-me, prostro-me sereno e ardiloso, escolho faze-lo assim, ninguém entenderá que o faça, mas por necessidade e por carecer de paciência assim o...

Um canto ao teu canto (e revirar de toda a vida)

Deixa-me dormir a um canto do teu leito, colocado a um canto do teu quarto. Pois desse canto te admirarei e te cantarei este triste canto. Quanto mais penso, mais sério será o canto… E quando não haja mais que este simples canto, nada mais sobrará que um pranto. Deixa-me dormir, assim sossegado, bem perto do teu recanto, ao lado do teu olhar. Queria ficar contigo e dizer-te o que penso e tudo para teu espanto. Deixa-me cantar o meu triste pranto, não será nada de assombrar. Será apenas a mesma mensagem de sente quando abro a boca e te canto. Deixa-me assim dormir, perto de ti, nessa ilha calma, em teu canto predilecto, dele não me hei de afastar… E se neste meu canto me engano, enganar-me-ei apenas a mim, a ti não será possível falar… Deixa-me dormir com a tua sombra no meu olhar… Deixa-me dormir com a tua alma e despertar com o teu sorriso, um espanto de maravilhar… Este é o meu canto, que te canto a este canto, perdido do mundo, perto do teu canto, perto de ti, ao canto do teu canto,...
Perdido em pensamentos, desligado de tudo, incrivelmente silencioso, só por escolha, colocado decididamente a um canto, proscrito por decisão estranha, realmente desligado. Ando por aí. Nada de novo, nada de desconhecido, escrevendo coisas que não são senão capas contraditórias de verdades ilusórias. Calmo, sereno, acordado, melancólico, desastradamente adormecido, incógnito mas acima de tudo calmo. Sigo por aí. Não descrevo nada, deixo tudo num termo vago, apago a minha voz, finjo uma expressão, ponho alguma coisa a descoberto, deixo alguém descobrir alguma coisa, dou um pouco, oculto um todo… Olho para a imaginação, gostaria de ver os teus olhos, gostaria de ver a ti, cada parte de ti, cada lugar de ti, gostaria de te ter aqui. Escondo-me por aí. Beijo-te, escondo-me a seguir, abro os olhos, a imaginação engana-me assim. Perco o sentido, deixei-me andar por aí, por esses recantos que tão bem conheço, por esses lugares infimamente escondidos onde só eu sei chegar. Sinto-te aqui e sint...