Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

Exonerado

A vida da à sua volta no som da espera enquanto se volta e revolta, espero a minha vez que retorta, na sala de gabinete cínico. O estear que postula qual hora mal volvida, triste tortura imposta ao gabinete de saúde mínima. De veia em veia, gotas cancerígenas, qual estrutura mal tida, neste tear de medicina vil. Parte me a cabeça o diurno deambular, na procura de cura alheia, cheiro de éter no ar. Sinto vontade a fuga, qual experiência que me há-de matar, faz de cárcere vivida, experiência que me há-de tomar. Ostracizado de saúde, preferiria a apatia, sempre seria para me levar, desta podre melancolia. Explico de novo a mim mesmo, neste diário de ousadia, suplanto a aparente alegria neste meu canto de fumos e porcaria. Chamo por fim o meu cacilheiro, qualquer barco que me há-de levar, passando o rio Stix nem o barqueiro me quer transportar. Desperto, contemplo o que me dá alegria, uma pessoa que me enche de alegria, mais me compreende que eu mesmo a mim. Uma pessoa que me enche de sen...

Retalhos de conversa

Por entre as sombras e o silêncio, provas do que me apetece fazer. Silêncio que tomo pela segurança do quotidiano e de toda a estrutura conhecida, silêncio que é, enfim, inimigo de tudo o que possa considerar como certo. Mas vai e vem essa vontade de querer abanar esses alicerces e de querer fazer e construir de novo, por entre o pó que se haveria de assentar. Por entre o que se destrói, existe sem dúvida uma nova criação, com um certo desdém de passar, ou de ver o tempo desaparecer, sempre que nos movemos pelas entrelinhas. Apraz-me assim, sem me fazer uma sincera honestidade, ao movimento que possuo. Mas confunde-me no olhar, pensar em que pode ou não ser, sem conhecer de como poderá decorrer e isso é um precipício que me parece sem fundo. Passo o pé. Tento sentir um fundo que não consigo ver e é amargo e doce, sem saber o porque desse dissabor. E é que não sei, não sei como me explicar sobre, como me aproximar e falar contigo. Então vem o requisito de existência. Aproximo-me e fech...

Húbris

Medicamento, para esta maleita, falso tendão de sentimento. Raspar constante na pele, irritação do momento, traço latente e crescente. Vertente de extremo à extremo, ciclo vicioso, certo e incerto, mas correctamente, incorrecto, que a toda a vertente, conhecimento ou inteligência. Medicamento é pedido, para esse mal que me afecta, literalmente fora e cadencia em circular, observação de sistema, orientação lunar, abraço tido em segredo, passagens a meias, solta volta ao luar. Correio que foi perdido, encontrado puro acaso, em revolta do que vamos sentido, contestação e comiseração tomada… Obvio pelo olhar, as coisas escondidas, meias perdidas, a verdade que não sei. Neste momento vazio… Desenhar dentro das linhas torna-se uma tendência cadente, não desviar o rumo face ao desafio e simplesmente dançar ao som do bombo. E como destoa o seu som, por entre as lacunas e as nascentes, como se sente por corredores desprovidos de vida e lavados para sempre, pelas lagrimas de quem não se soube s...

Passo, fuga e volta

Senta em silêncio, pela verdadeira palavra que há-de sair. Sentada, de braços cruzada, altiva, assim se pode considerar. Espera por um movimento, uma coligação sem nexo que possa seguir, no seu rastro, como um rastilho ardido, jazem aqueles que se atreveram e só se queimaram. Então arde, como deve arder, como sempre ardeu, sempre de seu fogo dona, sem se espalhar por mais que um momento, dentro de si traz esse sentimento, de se por em altura de torre altiva. Recolhe a luz e olha para o seu passado, contempla a decisão tomada, sem calcular mais que necessário, um certo e tomado passado, sempre em frente, essa é a ordem de progresso. Descruza as pernas, brinca um pouco, aproxima-se, com movimentos suaves em nada forçados, sempre com um ar sereno na face, com cada movimento feito, assim seduz. Solta o cabelo, corre os dedos e solta-se toda ela, nem o faz por mal, não existe qualquer sensação disso, simplesmente é aquele olhar e aquele movimento, aquela expressão de se querer soltar toda ...

Meia dúzia de palavras e uma procura

Vem pela noite dentro e procura-me pela madrugada, aconchegado ao teu corpo, perto do teu desassossego e de toda a tua máscara. Procura, pelo significado da tua máscara, de uma proximidade que possas ter, em silêncio, olha para ontem, tenta a minha explicação ou espera por ela, se me for permitido, dentro do abstracto, poder falar e entender a dois, o que nos vai na velada. Aproximo-me, da mesma maneira que me afastas, sem complexo de senhoria, apenas uma necessidade que bem compreendo de permanecer una em ti. Abro a janela e voo, não conheço então um trejeito ou uma maneira, se ficar, devo ficar, se partir, parece ser errado e como fiz, filo dentro de mim, com certa incerteza e com complexo desnorte, sem ter certa certeza, sem ter pé ante mão com absoluta perda de sentido e sem saber sequer em que pé me apoiar. Não tomo por mão, estrutura ou o conhecimento, não sei erguer, nem erigir, tomo apenas por parte, o certo desconcerto de viver, como sempre vivo, experiência nova mas não quer...

Questions and arithmetic tracking fields

The art of saving grace, the sound so soothing of blinds shut. The hours, described in numbers, dropping by like changing flies. The numerals, so insuring with themselves, arguing on the times to come, the savage steps of becoming madness and all the lies to be tell. I speak not of the things that I could think but of the oblivious nature, the transcending degree of abstract that plagues the unwashed eye. For it is, above all, the constant state of change, the cutting of the culling and the changes of one’s mind… I speak of what it is to hale, and to speak of all the dead languages, to scream in unison, to declare what should be altered and what should, by force, set in stone. Standing, taking the stage and declaring this to be but folly… Searching, in search of an unkept seclusion, when we all but tried to run away, cringing at the verge of deceit, asking, screaming in anger to be free and to reach said state. Drawing near, that sense of self, never to be held by the nerve of one’s e...

Mistério e uma Lua Azul

Esse teu nada, tão cheio de tudo, particularidade de quem move aventais, por entre os vendavais da vida. Certo sentido, em sincronismo de vida, olhar para dentro, sem realmente contar o que vai dentro, existir, por entre a negação de ser ou saber, apenas expressar, sem passar sentimento. Esse teu tudo, que é assim, vago sentimento, que mexes com as mãos, segurando no vazio, um pouco de um coração partido, enquanto apressas a coração, fazendo um repasto, em que a sobremesa é a loucura e todos os pratos, são guiados ao tento de tua mão, na verdade, deixas-te meio mundo louco, sem mexer um único menestrel. Esse movimento tão estático, essa sensação de conceber palavras por entre as pálpebras fechadas de quem tece um argumento, sinistro sem sentido, na verdade se escreve por linha vazia, em carmesim, dores de coração e palavras para amor solto. E não escrevo, a esse teu silêncio, esse teu nada, esse teu frustrante fechar de olhos e de coração, esse erguer de muralhas, que parecem paredes ...

Deixar cair quem está a cair

Como acontece, em separado, por vezes em conjugação do que vai acontecendo, sempre em exclamação de perseguição, nesta imprecisa precisão em como vamos moldando o nosso dia-a-dia. Acontece um pouco, como vou olhando, sentido em passagem, um olhar, se é que me percebes, tão só ficar a olhar, sem trocar uma palavra, acaba por não ser um exercício, se não um movimento tedioso e indefinido. Clamar passa a ser uma solução e de facto, acalmar os sentidos, acaba por explicar a expiação sentida. Contraponto, como deixar partir ao entardecer a razão, esperar por ver, por ter por perto aquilo que procuramos, por erguer uma ponte que nos aproxime, um elemento que nos leve a ser um pouco mais conexos. Não existe paixão, existe uma necessidade de aproximação, sim, de travar conhecimento e de erguer um porto, entre duas cidades, entre dois mundos distintos, de saber o que pode ser trocado, o que pode ser transmitido, o que pode ser definido ou não… Enfim, poupa-me um pouco a existência, não sei como...

Ups nem começa a explicar

Os acidentes vão acontecendo. Quase sem reparar, deixamos o mundo cair, os pratos partem e ficamos com um conjunto quase indecifrável de cacos na mão. É uma luta, creio, constante? Talvez. Na verdadeira expressão da palavra, devo dizer que é sempre mau. Fazer de força palavra, deitar para fora e esperar um alento, sem saber se o que dizemos vai cair ou não em pratos rasos ou poços sem fundo. Nisso, a verdadeira coragem é falar e ser escutado, sem mais pressão que essa, falar e dizer o que se tem que dizer e daí esperar que as coisas sejam certas. Ou não. Os acidentes vão, indubitavelmente, acontecendo. Cresce nesta razão, que falar é o acto que deixa tudo em cacos. Falar e ser escutado, é sempre uma coisa plena de direito, que devemos ter e quem esteja a nossa volta nos deva conceder, dentro do nosso círculo presente. Creio que nisto, sou também um pouco pessoa a cair em palavras perdidas, porque na verdade, falho também no que devia fazer e em atender ao que está presente. Os acident...

Ápage

Olha para esta folha de papel, como ela olha para mim. É um branco reflectido em nada, sem que reconheça o que está realmente a olhar para mim. Olho para mim mesmo, nesse aspecto, não reconheço quem está a olhar, nem tenho ideia o pensamento de quem possa ser esse olhar. Olho para o vazio, esse profundo céu azul que se perde ao fundo do oceano, sem nada que leve a palmilhar, imensos caminhos por percorrer. Exprimo um pouco do que me vai soturno profundo, besta interior por libertar, tão só silenciosa, em vã busca de um lugar. Reflicto sobre esse olhar, está um pouco apagado e como vem, com o cair da noite, trás no seu arrasto largo lastro, ancora funda para afogar. Lamento assim a decisão, certa e azul, triste e calma, coisas que acalmam a alma que calam a mente, parecer escapar da mão, padecer qualquer maleita desconhecida, coisas que me deixa sem palavra, fala ou visão. Olho, pareço padecer de um mal qualquer, reflectido nos meus olhos, está também um ser, um amalgamado de existênci...

Enquanto vivemos ontem

Isto é deixar partir, de dentro para fora, deixar o que possamos ter capturado, exposto ao olho nu do mundo. Isto é pintar, descrever o que vai na alma, do dentro, do interno, no intransmissível e intransponível. Isto é um pouco de mais tudo, um pouco mais daquilo que devia ser dito. É como tudo, um pouco de aproveitar, de expressar, de falar, de ser acima de tudo honesto. É um pouco empatar, porque sinceramente, como expressar ou dizer isto? É como tudo. Se vamos falar, que falemos, que escutes assim como eu falo, que compreendas sem medo de poder falar, de comunicar, bom ou mau, sei que nunca odiado, talvez um pouco desapegado, já é desregrado e perdido no tempo, vivido de ontem, já não é futuro, penso ainda nisto mas deveria ficar esquecido, parado e enterrado. É como sempre foi, de verdade, não falar não é resolver, devo isto a quem me fala, sabes, é sempre aquela verdade e sabes também que estás sempre por perto, parte de ti tem que ficar aqui guardada, seja escrito em azul, é qu...

Todas as cores de um vestido azul

Capítulo VI Figura in somnis, luna et hyacintho  Escapou pela madrugada, apoiada em todas as cores, vestindo um vestido azul, soletrava na calçada, com dança de alto tombava, sempre na desgarrada, sempre a vestir, esse vestido azul. Deixou-me preso de madrugada, enquanto dançava, sempre sorria, toda ela voava e o mundo respirava e suspirava, sempre a olhar para ela, apresentando toda ela, em viva memória, todas, absolutamente todas, as cores do seu vestido azul. Tirou-me a respiração, certamente por algum feitiço que se pudesse fazer passar, um movimento de alto, um correr para baixo, um gesto tão suave que arrastava com ela o mundo, toda nela, mil e um vestidos em tons de azul. Parecia-me certo o julgamento, mas na verdade, não tinha sequer cabeça, não podia pensar ou tirar olhar, desviar o olhar, qual que, estava tudo de volta dela, desse seu movimento dominante, cabelo de fogo, azul vestido. Não existe descrição, para tal visão, para tal momento, para tal expres...

O fim de uma casa tombada

Qual é a ligação, o meio para as nossas conexões e tudo aquilo que nos aproxima? Qual é o axioma que nos explica? Mas é calmo, na verdade. É esse o sentido de desaparecer no meio das ondas, de perseguir sem saber realmente o que estamos a perseguir, sem perceber o que seguimos mas simplesmente guiados por razão levamos a vida que vamos tendo, de acordo com a validez daquilo que podemos ou não inteligir. Passa assim, um pouco por ser um significado frio? Talvez. Na verdade, na realidade, depende do que vai por dentro, do que transparece nem tanto mas da maneira em como aplicamos todo e qualquer movimento. Dizem que nada acontece por acaso, pode ser mas daí, também não acredito que nada esteja escrito numa pedra, a sensibilidade necessária para poder interpretar e aceitar tal coisa, é um elemento que desconheço, prefiro neste ponto ser bruto e escrever na minha própria pedra, pelo menos é minha e se for para alguma coisa, que me reflicta, como eu sou. É então senão nesta parte q...

Cenas e cortes de um diário

Um mistério de idade, sereno é como se faz, sem sentido ou conhecimento, assim se apraz. Sempre é um movimento, um movimento corrido, tido pelo conhecimento. Não é amar. Não o foi, ou se o foi, já não se conhece, nem o podemos interpretar como tal. Silencio. A descrição do absoluto que vou rodeando e como o vou mostrando, sem saber, sem conhecer, sem poder minimamente perceber. É a maneira como te vou concebendo, dentro da minha imaginação, sem saber se a imaginação pode ou não realmente passar disso. É um projecto, é uma protecção, negação daquilo que pode ser, a maneira de aproximação, é um costume, enfim… Rápido. Como posso encontrar ou exprimir aquilo que posso sentir. É um coração vazio, é o sentimento que trago no peito, não existe como o preencher. Descrição que possa fazer, mais objectiva que esta, não posso expressar é esse um pesar daquilo que posso dizer? Talvez. Ponho em causa, a sabedoria do que posso dizer, apetece-me sempre divagar, sempre partir, ficar é u...

Cordéis

É estranho como sou desastrado, como tenho uma orientação para fazer no momento certo, tudo o que poderia fazer de errado. É estranho, ter tamanha pontaria, de fazer por meia medida, um copo cheio de porcaria. Venho ler as marcas, que me contradizem com pontaria, na verdade, não é bem um nexo, não saber o que dizer é uma harmonia. Faço jus ao desenho, não demonstro sabedoria, saber falar, escrever ou cantar, passa assim por estranho efeito, sombra, movimento e coreografia. Sempre sobre esse conceito, de movimento pendular, como nos arrastamos do regaço a nascente, sem saber bem para onde voltar. Volta e meia, regresso ao meu presente, sem esquecer o meu passado, gostaria de viver no meu futuro, certamente, desastrado. Com pontaria o diria, com certa mestria tiraria um sorriso. E de tirana vontade, por volta e meia em meia volta, concentrar-me ia. É estranho, não obstante o conceito, dizer por meia mentira, uma verdade completa e completamente não conseguir dizer o que deveria ser dito...