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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Estranha ausente

Estranha que tu és. Desaparecida longe dos meus olhos. Se te dirijo algo, ser-te-á dirigido assim. Sem que ninguém o perceba, ninguém saberá para quem é. Estranha que tu és... E já a algum tempo que não te sinto perto. Já a algum tempo que não te vislumbro... Estranha que tu és, que te é prometido algo... Assim, aqui aguardo... Por ti e toda a tua peculiaridade... Estranha que tu és, encontras-te longe mas presente... Nem sei se o diga, será para causar confusões e assim... Estranha como tu, que sinto a tua falta... Quando voltarás, nem sei se o farás... Como virás se alguma vez virás de todo... Então aguardo e essa hora vai sendo tardia... Esperarei para abraçar-te... Esperarei para rever-te... Não será se não para ti... Tentarei o que puder por ti... Estranha que tu és. Falham-me as palavras... Não saberei o que dizer... Não será preciso dizer nada... Mas quando vieres que venhas tu por ti... Esperarei como sempre espero. Só quererei e quero saber de ti... Estranha como és... Estranh...

Boa tarde, vá-se embora.

Hoje acordei desmedido, em sentimentos nulos, de pernas cruzadas, de bruços sobre a almofada, torto na cama, de cabeça para os pés da mesma, virado do avesso e estranhamente esticado e mesmo assim todo atado. O lençol jazia por terra, não sei explicar, talvez por calor, o pijama encontrava-se suado, como detesto o Verão... Sai, expreguicei-me, olhei para a cama, admirei a sua confusão, realmente nem interessa, deixei a estar, dirigi-me ao banho, meti-me debaixo do chuveiro, nem quis saber da temperatura da agua, deixei a mesma correr, sei apenas que o manipulo estava a meio. Dirigi-me novamente ao quarto, encontra-se abafado, eternamente abafado, raios, como odeio o Verão, vesti-me sai com a família para almoçar, demasiadas pessoas a volta demasiado barulho a ser feito, quem me dera então saber, por que raio há sempre tanta gente neste lugar. Retirei-me ao meu lugar de trabalho, mais pessoas a passar, sinto-me assim hoje, altamente anti-social. Continuei por este local de trabalho, ent...

Sussurros

Minha casa das arvores De paredes cinzentas e pintada de verde. Como são de pó os teus soalhos e como posso tocar o céu se tão só esticar os braços. Minha triste casa. Onde os sonhos são tudo e nada, onde as horas são passadas entre insectos e relva gelada. Minha pequena casa. Escondida num monte a beira mar, ilha de calmaria, fonesto descanço de gigantes. Como gostaria de dormir entre as tuas paredes... Como gostaria de prender-me a ti e largar estas asas cadentes. Como ousaria fazer-te prisioneira da minha vontade... Como te reconstruiria minha casa de telhado celestial? Farei de ti algo novo? Deixar-te-hei por ai a vaguear? Minha pequena casa das arvores... Como te poderei encontrar, novamente perdida...

PORRA

Dêem-me um dicionário! Não de palavras de costumes! Custa-me compreender estas vertentes distensas! Custa-me entender estas coisas intensas! Nada! Nada é realmente dito, tudo o expresso é expresso de uma forma camuflada! As coisas não são senão uma piada e nada é senão uma constante inconstante de inquebrável imutabilidade, de constante inconstância, de suprema estranheza e intrinsecamente ligada a um cerne de extrema confusão! Repudia-se a frase anterior... As verdades, se as há, são inconclusivas! As mentiras, que as há, são estranhas, semi-originais, semi-irreais, semi-falácias, semi-contundentes... Arrasta-se uma ideia. Questiono o que fazer. Não conheço nada que me responda. Enfrento esse dilema. Escondo-me! Escondo-te! Esconder-nos-hei! Porra! Desespero! coisa sensivelmente estúpida e completamente sábia... Como reprovar algo que simplesmente não posso negar? Escondo-me. Hás de me encontrar? Quererei ser encontrado? Porra. Já a muito que isto deixou de fazer sentido. Já é demasia...

Assim

Como és tu que és Estranha… Cabelos de fogo, olhos de luar, sorriso de estrelas, humor de mares, lábios de rubi, coisas incessantes que deixam o estranho inconstante e o inconstante estupefacto. Como és tu que és assim? Como poderei descrever isto, se és como és se não conheço como és, se te faço rir, como se sente todo o corpo? Que se sente de facto cada vez que de estranha se enche essa mente, cada vez que estranha se mantém nesse olhar, cada vez que estranha te percorre essa corrente? Como o poderei então explicar? Como o irei dizer? Como descrever algo que mal posso explicar, assim a distância de um abraço, assim a distância de um braço, assim a distância de esta visão? Como o direi pois este espectáculo que de estranheza se enche, que de maravilha se fascina, que de assombro se deslumbra não consegue, não convence, não espia, não o diz, não sabe, não pergunta, não se cala e ata-se em livre volta, confuso e redondo, nada mais se não uma ilusão? E como és tu que és Estranha? Como me...

Decidido

Hoje decidi aliciar-te os sentidos. Decidi aquecer-te o coração. Decidi mexer com a tua alma. Decidi jogar contigo e não te negar a emoção. Hoje decidi levantar-me. Decidi acordar. Decidi parar de sonhar. Talvez tenha decidido parar de sonhar. Hoje decidi beijar-te. Decidi abraçar-te. Decidi aquecer-te Decidi talvez amar-te. Hoje decidi sonhar acordado. Decidi confundir-me. Decidi não ter nexo. Talvez tenha decidido até perder a razão. Hoje decidi não fazer nada. Decidi dormir mais um pouco. Decidi fazer de tudo um pouco. Talvez decida realmente o que tenha que fazer. Hoje decidi que havia de me fazer irreal. Decidi que havia de descobrir todas as mentiras. Decidi que havia de por tudo a claras. Talvez tenha decidido tudo e mesmo assim, não posso fazer nada.

Hoje

Hoje não me recordo se comi. Falha-me essa imagem na mente. Se comi, não me recordo realmente. Se comi, não sei se foi carne ou peixe. Se comi, não sei se foi sólido ou líquido. Se comi, não me recordo sequer se mastiguei. E vem-me esta fome, nem sei se a sinto ou se me engana a mente. Se me sinto vazio ou apenas doente e dormente. Se comi, que será que comi? Se comi, será que realmente gostei? Se comi, será que foi quente ou terá sido frio? Se comi, será que hoje realmente comi? Que raio é esta coisa? Quem me faz pensar neste momento… Se comi o que comi? Que não me encheu. Que me deixou assim em vazio? Que não me fez sentir sequer consciente? E revolto-me com este pensamento. Aparentemente terei comido, recordo-me vagamente. E repuxo-me. Caio redondo, decadente. E penso, em tom sombrio, taciturno e impaciente… Grito alto, qual tortura demente: “Quem me roubou essa refeição!?” “Quem me prostrou tal duvida fervente!?” Sem significado cambaleio. Vivamente recordo-me de não ter consciênci...