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A mostrar mensagens de 2007
Todas as coisas abismalmente equivocadas, ignóbeis e até macabras que me poderiam ocorrer, nenhuma me parece tão estúpida, devendo frisar que usar um termo que demonstre tanto desprezo por uma situação é certamente pesado, como procurar substituir algo que é nosso por algo que foi criado por nós e não nos ultrapassa. Hoje, ainda de dia, deram-me a conhecer a ideia de substituir uma das poucas coisas que ainda nos distinguem, algo que ainda nos define, afirmaram, que esta criado o ímpeto de substituir o Português escrito, convenhamos Português de Portugal, pelo Português Brasileiro… Acredito, com total honestidade e total sinceridade, que a pessoa que decidiu ou esta para decidir tal facto, não é de modo algum nascido, criado ou sequer concebido em Portugal. Poderá parecer uma acusação grave, poderei estar a faltar ao respeito a alguém, poderei até estar a caluniar alguém deste modo, salvo erro, mas creio que dita pessoa insulta a memória e toda a história de Portugal. Revendo r...
Eu não sei nada… Sou um completo ignorante de todos os teus costumes, dos teus gestos, de cada paço que das, de cada volta que tomas, de cada sorriso que mostras ou escondes, de cada cara que me deixas ver e de cada cara que me ocultas… Eu… Inútil de palavras, escondido sobre o escudo delas… Recôndito, cada vez mais apagado, como este coração que carrego, partido e fragmentado, espalhado pelo chão como laminas cortantes que não ouso tocar… Eu, que vejo na tua lição, à tua cara que me ignora… Eu, que me oculto desta verdade evidente que não posso tocar e mesmo assim carrego sempre comigo… Eu, confuso em mim mesmo, perdido por algo que nunca soube explicar, condenado por algo que nunca teve origem e do que desconheço o paradeiro… Eu… Sozinho, atirado a sarjeta, deixado com o lixo do mundo, ignorado do teu olhar, escondido de toda a verdade, tentei encontrar algo em ti que me fizesse mudar… Mudei, cai ainda mais fundo do que já estava, enterrei-me ainda mais, fiquei sozinho neste naufrági...

De um momento a outro…

És, essa sensação desconhecida, esse ermo de prazer e loucura que todos tentam encontrar, esse doce, envolvente esse tão estranho perfume perfeito… Nada, por mais que te possam apontar, nada se compara a ti, como trazes a loucura, como deixas meio mundo mudo e estupefacto, como dominas e deixas qualquer um reduzido à si mesmo… Condeno-te pela tua existência, és uma droga encantadora, perfeito estupefaciente, causa de loucura, negação, de extremos sentimentos, de dor e solidão… És esse conhecimento perfeito, toda a obra desfeita, refeita e edificada a tua imagem e por vezes, vezes vagas de clareza, emanas essa tua presença, como seria sem ti este mundo, sem a tua prezada presença, precioso perfume, delicioso, misterioso, perfume perfeito, perfume de solidão… Imaginar-te, existes, passar-te apenas de uma criação, de uma breve divagação para algo, para este plano existencial, partir a tua procura… Querer-te, abraçar-te, desejar-te, talvez possuir-te… Existes, sei de...

Tempos de Tédio

Dias em que tentamos fazer com que o universo a nossa volta não nos pareça obscuro e vazio, já que tudo o que fazemos, não passa de uma reflexão do que julgamos ter mas acabamos por odiar e esquecer… Parecem estes ser os dias de tédio, que rodeiam a nossa presença, bloqueando a nossa razão de ser e o nosso pensamento, por isso tentamos evadir-nos da sociedade por métodos que podem parecer estranhos para alguns mas para outros serão normais, podemos refugiar-nos de nós próprios através da musica que ouvimos e, por assim dizer, das drogas que tomamos. Pode ser o mundo assim tão obscuro, em que alguns se viram para os cultos, só para se poderem sentir incluídos e amados? Quem sabe? Este parece ser um universo, em que cada um se sente “amado” por si próprio e por outros, só porque os imita… Deve o mundo ser assim? Passamos por uns tipos de rituais, para provar se merecemos ou não ser amigos de uma pessoa, quando na verdade essa pessoa e ...

A Noite...

A Noite, bateu-te a porta e tu sonolenta, deixaste-a entrar… A Noite repousou nos teus braços… Em teus serenos braços, como uma suave brisa de Verão… A Noite adormeceu no teu colo… Esse monte sereno, onde gostaria de repousar… A Noite bateu-te a porta… A Noite convidou-te para voar… Tu voas-te para longe, para fora do meu olhar… E sem ti, cá fico eu, perdido neste lugar… A Noite…

Dorme

Dorme. A noite lá fora é serena, o luar azul e o mundo sonha um profundo sonho… Dorme… Não deixes que o dormente mundo te desperte, não permitas que nada, sem ser a luz do sol, te retire do teu solene repouso. Dorme. A solidão da noite embala-te, no seu calor adormece e sonha… E em sonhos reúne-te com o imaginário, procura o impossível… Dorme… Dorme… Dorme… Sonha, viaja, recorda, constrói, destrói, edifica, arrasa… Acorda. Abre os olhos as primeiras luzes da manhã, ainda embrulhada no teu lençol, na roupa da tua cama… E dá-me o teu sorriso, dá-me um pouco de ti… Esta noite, enquanto dormia, pensei e sonhei contigo… Com as primeiras luzes da manhã, não te tive comigo… E o acordar, o mais simples acordar, não é o mesmo sem ti…
Por onde andamos, as ruas são tortas e o engenho escapa a razão É uma subida demente, em que a compaixão e o ódio dançam de mãos dadas É um verso semi feito um conto inacabado e uma ideia abandonada É um momento de descontentamento seguido de euforia, consumido em fantasia Por onde andamos, essas travessas repletas, esses olhos profundos esse amor tão fértil É um querer de fogo, um jogo louco e uma ambição desmedida É a simplicidade em ti, o imaginário de uma criança, a vida completa e morta É esse querer descontente levado nos lábios da gente essa solidão sóbria Por onde andamos, essa gente caminha e a morte bate a porta É a luta sofrida, a vitória perdida em que a derrota é o ganho É o que desejas, é o que escondes, é o que fabricas arduamente É o contentamento de quem não sofre, a alegria de quem não luta, a morte tida em vida Por onde andamos… É tudo uma memória… É a catastrófica gloria… É apenas um demente consciente…

Ermo de Solidão

Desenhas-te em ti, ermo de solidão. Cruel, qual morte à traição. Doloroso como um pranto profundo, vil como uma enfermidade… Neste ermo cinzento como a vida, repouso em soturno silêncio. A minha vista um mar de lágrimas, derramado sobre uma alma partida e manchada… Mas nada muda com o tempo…? Apenas a dor, tão conhecida e familiar, parece diferente a cada momento, apenas maior e mais profunda… Razões que me condenem, não as conheço. Tudo tão simples, tão mortal… Absolutamente tudo irrealmente real… E apenas quem conhece uma dor tão profunda consegue alcançar este sítio perdido… Este ermo de solidão… Onde mortalmente habito e onde jaz meu coração…

Enfermidade da Solidão

Existe um cumular de ódio em todas as sensações vividas, tudo ligado a tua integra figura, um ódio dividido em si mesmo por um amor que não consigo apagar. Escrever-te-ia mil e uma prosas, mil e um versos, mil e uma histórias, mas nada apaga este sentimento de dor que cravaste tão fundo cá dentro. Então, que somos nos, senão figuras inacabadas dessa solidão? Assim, que sou eu se não a figura solitária e todo este ódio inalcançável que cravas-te em mim? Penso, assim que ando pela rua, um céu azul que mais parece um manto de morte, uma lua soturna que se contempla a si mesma tentando aperfeiçoar-se a si mesma, mas que tão só alcança o que deseja por uma noite e nessa mesma noite se começa a destruir a si mesma?! E tu? O meu mais perfeito amor, este punhal perfeitamente cravado no meu coração morto, que tão só procurou por um momento amar-te e se o conseguiu, deixou-se consumir nesse mesmo amor e neste momento bate apenas para suster esta vida ingrata e triste… Tu… Que tanta v...

Eu contra Eu

Suplicio de vontades Individualização de mim mesmo Teorias gastas e perdidas Levadas em palavras Que nem o vento ousa pegar Eu, que contra mim mesmo erijo o mais alto obstáculo O mais intransponível dos muros Eu que sou se não uma limitação a mim mesmo E que nunca me consigo ultrapassar de modo algum E então que sou eu se não o meu pior inimigo? Não há, nem aspira a haver Uma verdade absoluta ou um terminus desta guerra Existe apenas a ideia de que algum dia Por algum motivo certamente fora do meu controle Poderá haver algo exterior a mim Que dite algum sentido de realidade Ou alguma lógica alternativa que me leve a uma paz de armas… Eu contra eu De armas invisíveis Empunhadas sem qualquer rancor Nesta batalha que luto desde sempre Contra este eu invisível e indissociável de mim mesmo. Que sou eu se não eu mesmo que não sei como ser eu porque de outra forma não me conheço?

Saudade

Sentir saudades de alguém É esperar por essa pessoa num ponto que não existe É ver a sua cara na cara de todas as pessoas que passam É sentir a sua falta a cada segundo que passa É imaginar que chegam… Sentir o cheiro do seu perfume Ouvir os seus passos pela casa Ouvir a porta a abrir e pensar que entrou Pensar que esta aqui, sempre por perto Sentir saudades de alguém… Sentir saudade de ti É ver tudo em tons de cinzento Viver uma vida monocromática Preencher a vida vagamente com coisas insignificantes… Sentir saudades de ti, é desejar falar contigo e não poder…

Alma Vazia

Segue o seu caminho, enfim Qual cadáver animado Simples concha sem alma Cárcere rompido e corrupto Que se arrasta por entre a lama da vida E todos o olham com olhos ignorantes Pensando que não sofre mais que uma leve patologia… Assim é este ser corpóreo De tez incerta Medula corrompida E triste olhos lacrimejando os horrores desta vida E ainda assim um sorriso ao amigo quando necessário… Assume um lado sinistro Um sorriso caloroso mas triste Um olhar distante mas presente Uma presença constantemente inconstante. O seu coração não é mais que engrenagens que giram sobre um eixo calcinado e desgovernado Que anseiam por parar E deixar a sua existência ao abrigo do Inverno Pois o Verão queimou o que foi plantado no Outono e o que a Primavera tratou… Chora As lágrimas correm o seu rosto Por essa pele maltratada pelo tempo e doente pela vida… Chora por um amor ausente e inconstante Que nunca teve como seu Mas que sempre desejo...
Somos essa geração perdida, filhos de ventos glaciares e horrores passados, tempos em que a vida tão só brilha nas lágrimas de quem nasce e nos olhos de quem morrer… Somos, pobres de nós, aleijados da vida, cruéis seres, mendigos sociais, vampiros sociológicos, cruéis, até por vezes humanos se comparados com a sociedade que se suporta de nós. Nós, sim nós, que gritamos tantas vezes esses gritos de mudança, que qual lobos a lua deitamos os nossos uivos… Nós, deitamos nesses mundo, espalhados por essas terras férteis, crianças de imaginação fúnebre, crianças de vidas negras… Nós, que pelo que fazemos somos nós próprios, nós que nos distinguimos que tudo o que vós sois, uma voz menor, uma consciência inconsciente… Nós que para vós não temos honra, carácter ou qualquer valor, somos se não o que vocês gostariam de ser… Nós… Nós somos senão um pó de uma vida passada, cinzas lançadas ao ar e ainda assim o medo que se instala nos vossos olhos, temor de algo que não conheceis mas ...