terça-feira, maio 07, 2013

Três da Manhã

Três da manhã.
O relógio, arrasta-se pelas areias, em torno de um constante movimento, confesso de sentido e em eterno seguimento.
Caem as horas.
A vida segue, no seu usual trajecto, no sentido em que somos desprovidos, nunca sabemos e sempre julgamos em torno de um completo seguimento, tudo por todo e todo em si.
Não existe, dito em silêncio, uma ideia que valha, tão só por demover de medidas senta-se a noite, o dia raia e a tarde segue.
Três da manhã, pouco tempo para dormir e mais horas para trabalhar…
Mais uma engrenagem na máquina e as rodas continuam a girar, as identidades perdidas, um sorriso e serviço com excelência.
Segue-se assim, o acto de julgar.
Julga-se por uma acção, uma reacção se lhe suceda e em todo o acto que se possa ter, existe uma eterna mentira.
Simplesmente sorri e escuta, aceita a hipocrisia.
Três da manhã, mais seis horas e acorda.
Que treta de ordem, ser uma engrenagem rendida, retida e ressentida.
E gira sobre si, gira e gira…
Toda a energia atravessa, essa vontade de sentir, energia que se troca e se toca, nada mais que energia e um vazio sem sentido, não és mais que uma bateria?
Casualmente descarregas sem uma fria via e a única questão, essa recarga própria será tardia?
Três da manhã, foi hora de sonhador, hora de pensador, poeta ébrio, hora de toda a imaginação solta e neste momento, hora de engrenagem revolta, sentida do caprichoso fado, cujo cantar não enaltece qualquer vida, cruel pranto e desfeita moradia…
Movida sem um sentido conexo, envelhecida pelo andar, segue solta caminho inverso estupida e inglória, ser inútil e fugaz.
Três da manhã.
Amanhã para recordar e ainda assim, sem energia para restar.
Dentro em breve há que acordar.
A hora corre longa e o sono não retorna…
Engrenagem solitária que roda inversa.
Três da manhã, nunca há de te bastar…

3 comentários:

Anónimo disse...

grande ICan

ModaFoca disse...

Adorei! Já tinha saudades de ler umas coisas tuas. Ainda não me esqueci da promessa que te fiz de te levar a uma editora! Beijinho*

Alguém que não vê disse...

Simplesmente belo. As palavras fluem pelos olhos de uma maneira extremamente aliciante !