segunda-feira, março 21, 2016

Papilio

Como vai a minha necessidade de falar, longe do que as minhas palavras conseguem transmitir
Como vai a minha necessidade de te dizer, longe daquilo que posso revelar, todas as coisas que poderia eventualmente ter para contar.
Como vai, este pensamento que carrego, nisto que me causa um convalescência, necessidade absoluta de dormir mas acima de tudo, necessidade absoluta de te poder dizer tudo e mais alguma coisa.
Como vai a minha defesa, necessidade que tenho de erguer muralhas, de responder de forma confortável, de estar a defensiva, de dizer aquilo que parece lógico, fácil e simples.
Como vai esta cabeça tonta, que não é capaz de exprimir um simples dizer, não, não é capaz de se expor certamente, por medo a cair.
Como vai, nessa incerteza, o que posso dizer, sem que seja tomado como uma decisão incerta, um extremo que posso expor, uma contemplação ou um contentamento?
Como vai, dentro do que posso expor, o que posso falar, dirigir, a quem deva ser dirigido, o direito de decisão, uma nota que devo por, ou por mim, expor, sem que fosse preciso, é estúpido de facto mas nisto, sinto-me verdadeiramente confuso e convoluto, estúpido e completamente desorientado.
Como vai o meu pensamento?
Como vai o que devo ou deveria dizer, possa em passado prosar e declamar ao vento solto, o que posso ou não dizer e então toda esta confusão poderia ser levantada e sacrilégio que possa tomar, medo, temor profundo, de danificar algo que não seria, nem será de meu direito danificar.
Como vai o destino? Como vai o direito ou o dever de decidir? Como vai a escolha? Como vai o poder dizer, o saber dizer, correctamente, sentir e devolver?
Como vai essa incerteza de saber, essa incerteza de pensar, essa incerteza de sentir, essa incerteza de agir, essa incerteza de falar, de repetir, vezes e vezes sem conta o que deveria ter sido dito e de possibilitar ou permitir o que pode ou não existir?
Como vai a maneira como me forço a entender, toda e qualquer volta, toda e qualquer mudança.
Como vai o pensamento que me levar a analisar profundamente todo e qualquer cenário?
Como a boca, que deveria ter sabido falar, que deveria ter tido ouvidos, olhos, cabeça e coração?
Como vai quem pensa, pensar naquilo que deveria dizer correctamente?
Como vai organizar aquilo que pensa, para exprimir directamente o que quer?
Como vai quem pergunta, esperar uma resposta clara, se o que escuta não sabe bem o que pensar ou falar? Como vai a espera? Como vai a alma?
Como vai, falar quem fala, num pedido de desculpas, explicar tudo o que deveria ser fácil de dizer?
Como vai perdoar que perguntou?
Será que há volta?

1 comentário:

Dário disse...

Há sempre volta a dar, sempre! A vida é um círculo imperfeito, mas é um círculo e por isso passamos várias vezes pela mesmas estações, não somos é os mesmos a cada passagem.
Mal daquele que tem mais certezas do que dúvidas. Ainda bem que as tens. Só os mortos têm certezas, a certeza de estarem mortos!
Abraço