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A mostrar mensagens de 2016

Dualidade

Não me apetece. Na verdade, não me apetece mesmo nada. Poder passar para uma página, tudo o que poderia dizer, é por vezes bem mais simples que falar directamente e dizer tudo, tal qual o deveria fazer. Ainda assim, o propósito disto, é efectivamente reter o que de outra maneira nunca poderia dizer. A caneta voa mais facilmente que as palavras e na caneta, não há júri, pode qualquer um ler o que for escrito e só poderá sentir-se afectado, quem de si mesmo, não tiver uma consciência tranquila. Na verdade, não me apetece falar. Sei que é um facto, sou como sou, direito, torto, directo, certeiro, incorrecto, rude, um total manancial de defeitos, um número de virtudes, um reflexo de um projecto inacabado, em constante evolução, mudança e reconstrução. Risco ante risco, construção danada, desenho mal sucedido, obra mal tida, obra condenada. Abraço e ilusão. Não sei, de facto não sei mesmo, não me apetece mesmo nada, não tenho um desígnio ou uma emoção que me valha. Que é amor ou amar? Falh...

25 horas e meia

Captura a demência, um espaço que me divide e separa, por irrealidade de existir. Estou num clima de consternação em que um momento não é conexo, vejo com certa desilusão que o tempo não é o real inimigo, se não que somos senão, inimigos por nossa própria mão, cancelados ao exponencial da ignorância vestimos sempre a mesma camisa, para tão só a ver roupa e mal vestida, por quem a devia acima de tudo honrar. Estou desconexo. Cansado e insatisfeito. Por certo, veja-se o prémio de quem foi vencido, numa corrida certamente arranjada, para que o vencedor perca e o perdedor se encha de louro, fama e glória. É nisto um sentimento um pouco incomum? Vamos vivendo, vivenciando e aproximando os campos que nos separam, as vidas desligadas e as corjas que se vão soltando, entre o deslaçar da vida, aceitamos pela via da circunstância, que somos certamente imperfeitos. Será certo o desfecho? Consideramos coisa nenhuma como certo mas toda e qualquer victória é um legado, um termo certo e é concentrado...

Voos e altas alturas

Porta aberta, estrada fechada, mil caminhos a fazer. Confiar de fé cerrada, em quem estende uma mão, em quem te dá um abraço. Manter um caminho, pé ante pé, seguir em frente, mostrar força sempre e coragem, trata-se de bravata, expressão mais terna de busca de segurança, quando na verdade, se é bastante segura por si só. Expressão de pintura, um olhar sereno sobre o que se traça, risco antes de rabisco, uma cunha que se deixa marcada, na expressão que se traça em desenho a livre mão. Porta fechada, estrada aberta, o estarrecer de confiança… Talvez não. Pé ante pé, pelo caminho percorrido, corre estrada fora, já não faz parte do caminho, descola e voa, não é ser que se possa prender, se confrontar é um acto, tal feito é uma ilusão, deixa-se assente em letras vagas, o gesto que faz, sem erguer mão. Olha para o que tem diante, atenta ao momento tido, corrige uma expressão de admiração, pelo escudo que trás consigo. Pouco baixou desse escudo, sem que de si desse um passo, foi construindo,...

Eagna

A arte de perseguir, reclama quem quer ser perseguido, sem na verdade obter um alvo. A arte de falar, projecta ampla sombra sobre a mente e escrever torna-se um desafio, toldado pelo que temos muitas vezes que manifestar. A arte de dizer, de passar por palavra, de ser o reconhecimento, não, de dar a reconhecer ou explicar existência, na fuga de quem persegue um pensamento, partilha de vontade, nem sempre incerta. A arte, de ocultar, de calar o que vamos trazendo a peito, por um desconhecido tomado, parte-se o peito e as palavras são soltas. A arte de dizer, de relevar, sei lá, de exprimir? A arte de revelar, de reduzir e desprezar, de rejeitar tudo e qualquer valor, a mais validação, a menor passagem, o preconceito que sentimos, a indiscrição, a inscrição profunda… A arte de por ventura saber o que dizer, é sem dúvida a que mais me escapa, a de falar no momento que quero, de ser certo na palavra que devo dizer, arte que escapa por momento…

Enquanto Chove Lá Fora

Suave e calmo, o passar das horas, em que o discernimento é tapado, em descuido a emoção, em que o sonho é um momento, em que nos perdemos, pouco a pouco, no esgar das frestas que deixam passar um pouco de luz em noite clara. Calmo, o silêncio que se faz sentir, nesse conforto de horas em claro, que passadas em emoção, reflectem mil pinturas imaginárias, levadas pela imaginação corrida, num movimento do desenho, em que o pincel nem quis saber de cor ou traço, forma directa ou expressão. Enrolar no calor do cobertor, deixar passar a noite em claro, nem saber se é verdade ou ilusão, simplesmente ter olhos semi-cerrados ver mais que uma visão. Embalado no repouso do leito, sem ter um destino mal feito, tão só repousar nesse colchão. Descrito de que forma se ponha, cria-se uma imagem de calma, horas tidas em descanso, celebrado sonho perdido, nem perdido se possa dizer, voar como se pode, sem ter fé em saber voar, acordar na sensação de cair, simplesmente, saber sonhar. Enquanto espero po...

Papilio

Como vai a minha necessidade de falar, longe do que as minhas palavras conseguem transmitir Como vai a minha necessidade de te dizer, longe daquilo que posso revelar, todas as coisas que poderia eventualmente ter para contar. Como vai, este pensamento que carrego, nisto que me causa um convalescência, necessidade absoluta de dormir mas acima de tudo, necessidade absoluta de te poder dizer tudo e mais alguma coisa. Como vai a minha defesa, necessidade que tenho de erguer muralhas, de responder de forma confortável, de estar a defensiva, de dizer aquilo que parece lógico, fácil e simples. Como vai esta cabeça tonta, que não é capaz de exprimir um simples dizer, não, não é capaz de se expor certamente, por medo a cair. Como vai, nessa incerteza, o que posso dizer, sem que seja tomado como uma decisão incerta, um extremo que posso expor, uma contemplação ou um contentamento? Como vai, dentro do que posso expor, o que posso falar, dirigir, a quem deva ser dirigido, o direito de decisão, um...
Preciso um remédio para a vontade de existir, não para a perder mas sim para a fomentar. Preciso de um alento, para a vontade de sentir, não para não sentir mas para revelar. Preciso de um pouco de expressão, para explicar a negação, o silencio súbito e as palavras malditas. Preciso de um alento e coração, para vontade que faça, perseguir as palavras, dar um pouco de aso e ar, vento de perseguição. Preciso de te dizer a verdade, que nem sei como a dizer, na verdade sei como a falar, não é uma questão de não saber as palavras, não é uma questão de não as querer proferir, é sim uma questão de desorganização, falha terrena, fraca complexão. Preciso de uma mão que se estenda, não para segurar na queda, não para guiar o rumo, não para mostrar um maneira mas para acompanhar, loucura e brincadeira. Preciso de um amplo aceitar, nisso, não me sei guiar, nisso, não reconheço existência, não só por meio de paciência, resto por boa decência, mão atada, cunha certa. Preciso de um sinal, saber como ...

Aparições [28/03/2007]

São cinco e meia da manhã, belas horas para não variar. Bem acho que esta foi uma daquelas introduções que precisavam de ser trabalhadas, pouco importa. Serei breve, creio que não preciso dizer muito até porque não sei se realmente irás ler isto ou se simplesmente decidiras apagar a mensagem, não é relevante, é apenas algo que tinha que fazer para poder libertar um pouco do que me vai cá dentro. Acabei o meu curso, neste momento estou de férias e sinceramente, dizerem que o trabalho ou o que fazemos não faz parte da nossa componente humana é simplesmente ridículo. Durante todo este tempo, tempo de curso e tempo em que tens estado desaparecida, simplesmente tenho tido trabalho, estudo, ocupação com as aulas, ocupação em ultimo lugar com o estágio que foi tanto cansativo como fonte de aprendizagem e todo esse fermentar de sentimentos aquando de receber a nota final e finalmente pensar que tinha acabado aquilo, coisas sem dúvida vulgares, sem importância. Poderás perguntar até porque dig...

Fantasmas [29/08/2006]

Em ti, adormeci esta noite, num abraço teu contemplei um mundo que me deixou siderado, da tua existência quis fazer um mundo, do teu ser quis fazer parte, contigo sonho e tua falta sinto… Por um pouco, uns meros minutos, tive-te nos meus braços, não sei se poderás compreender como isso abala um mundo triste e solitário. Olhei-te nos olhos, olhei-te na alma de realce, vi te ali escondida de ti mesma com medo um pouco de mim ou talvez do que possa despoletar em ti, não compreendi… Quero exprimir tudo o que queiras saber, quero exprimir tudo o que te quero explicar, quero desenhar-te um mundo que não sei desenhar, quero pintar-te uma tela que não sei preencher, quero conquistar-te mas não sei bem como o fazer… Pediria um deserto e nele tatuaria uma floresta com o teu nome, cavalgaria na glória do tempo e espaço para te trazer algo que nunca pude encontrar… Dir-te-ia todas as palavras que me ficaram dormentes na mente no momento em que te vi… Acredito, não entendo, mas acredito, que nada ...