terça-feira, setembro 09, 2008

Confortavelmente em perdição

Tudo, nada, realidades que se vão adensando, que se vão condensando, que se vão escondendo em cada rodar de cada jogada feita…
Não sei…
Surge-me a vontade de te ver e surge-me a vontade de fugir de ti, organizo-me desorganizadamente de forma espontaneamente errática, desfaço-me em figuras que desconheço, visto esse fato de perfeito tunante e assim dedico-me a vadiar…
Quero fugir de ti, quero te perto de mim, perco-me contigo por perto, perco-te cada vez que não te tenho aqui…
Solto um grito a desgarrada, surpreendo mil e uma mentes, faço algo que só a ti concerne, que só a ti faz sorrir, vou escondendo, vou contando, vou ocultando aquilo que deveria ir dizendo e ainda assim não há como dizer as coisas sem mostrar demasiado e ao mostrar demasiado tenho que voltar tudo atrás, tenho que reinventar tudo o que vou fazendo, tenho que fazer o que faço mas sem que pareça forçado, tenho que ser mais do que sou sem que seja que pareça algo demasiado irreal, demasiado metido a força, algo que possas tomar e que acredites mesmo que não seja a coisa mais sincera que possa realmente ser dita…
E então escondo-me, sirvo-te um prato daquilo que me parece que tenhas que saber, faço esse trocadilho, faço-me desaparecer, hoje não estou para ninguém, estou onde toda a gente sabe que estou e mesmo assim ninguém sabe como me encontrar…
Espero ver-te, espero contar-te tudo, mas intimido-me a mim, mesmo, escondo-me de novo…
E então olho-te e sorrio, sorrio sem que saibas que choro, choro sem que saibas o que se passa, dou-te uma figura, uma imagem, não deixo que vejas o que escondo, ainda que por vezes tenho muita certeza que o sabes…
Continua então o jogo, os olhares trocados, as piadas, os mimos…
Todas essas coisas…
Quero afastar-me de ti, quero ter-te aqui bem perto, quero saber o que quero sem ter que perguntar…
Recupero-me neste meu precipício de solidão, vou escavando este meu abismo em forma de coração, vou amando mas vou também erguendo paredes bem altas para me proteger do que vier, preparo-me para tudo, preparo-me para a dor que venha, preparo-me para o desconhecido, o bom, o mau e o conhecido…
Afasto-me de mim, para me afastar de ti, para te conhecer ainda mais, para te esquecer mais facilmente, para poder afastar-me de tudo e voltar a algo que conheço bem e que nunca me deixa…
Aguarda-me a solidão…
Aguarda-me esse velho conforto…

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