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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Coisas terríveis

Pedaços de mim, que vou escorrendo pela parede, parece ser o desafio mais recorrente, conforme me dá por ser, por me fazer ou existir, como se assim me aparece a vontade, assim me projecto de novo a parede. Expressões de exaustão, ao sentido, a verdade, a voz que incessantemente grita, a vontade de carregar, para fora de mim o que trago, não é subjacente a minha tendência de crescer, não é adjacente a minha expressão, não sei bem. Conforme vou falando, vou-me perdendo, de pertença de realidade, como se faz assim a minha expressão, nem sei, nem recordo, mas como vou eu fazer, para poder falar, sem que possa contar, sem que possa libertar as coisas que trago em mim. E é assim que se consome o que devo dizer, mais um pedaço cancerígeno, mais uma purga dentro de mim, mais uma pequena dormência que se me assola na alma. Vou pedindo, de dentro de mim, a minha voz que ignoro, por preferência de existência, por proximidade que desejo manter, sem que saiba realmente como me interpretar a mim m...

Tanto

Tão mau que seja sozinha, a vontade de voar que me nivela à horizonte de um sonho singular. Tão simples que seja a verdade, de um abraço que possa ter, sempre que em viva saudade tão só me posso ter. Tão verdadeiro que passe o tempo como é ordinário falar, de entre portas para fora, sempre que alguém se vire, alguém há-de julgar. Tão simples que haja tudo, na verdade é nada. O objecto taciturno que vê e cala mude o vulgar gesto de mudar. Tão pequeno e rápido é o tempo, que nos deixa próximos assim como a eternidade que nos separa quando apenas passa um segundo longe de ti. Tão inquietante o texto que se faz passar, nas mãos de quem não se vem, de quem se aproxima a distante. Tão obscuro o silêncio que deixo passar, a voz alta à que te grito incessantemente e parece muda por falar. Tão incoerente aquilo que digo, pois certamente da minha mente para fora, talvez não deva passar. Tão perfeito, tão obtusamente feito e desfeito, entre gotas de água se faz esquivar, sem vista do que é ver e...

Sonho que vai e vem

Hoje não me deitei. Não me veio o sono. Procurei por ele por dentro de mim, abrindo todas as portas entre abertas. Sem que em nenhuma tivesse a sorte de o encontrar. Em todas elas, não obstante, fui encontrando pedaços de ti. Continuei a abrir portas, parecia uma corrente a passar, qual mar adentro me queria puxar, cada vez mais se enchia a cabeça desse teu ar. Hoje não dormi. Não sei se sei o que é dormir, apenas me arrasto na cama, rodando de lado a lado, tentando saber um sítio para aninhar mas é tudo alienígena. Continuei a procurar então neste sítio inóspito disposição para me julgar, um sítio por onde pernoitar e sem me dar conta, estava já um pouco mais fora do meu lar. Hoje não me encontrei. Por mais que procurasse, por mais que indagasse por aí, parecia não fugir de uma sombra. Sem me aperceber olhei, uma sombra de ti. Fez-se-me branca a tez. Hoje perdi o meu norte. Sem um rumo, lá continuo eu perdido e taciturno. Silencioso e indigesto, relevado a insignificância e ao mais s...

À memória

Acendo memórias, qual cigarros queimados, pedaços de papel que vou largando ao fogo. Passa-me ao lado, sei me certeza perdido, sei que a estrada a tomar é sempre em frente, haja ou não curvas pelo caminho mas a minha paragem, mais que certa parece ter-se perdido e cada passar do pneus arrasta apenas a saudade. Libera-me de este tempo, a incerteza que me vai deixando atado, consoante vou velando a vontade, sempre que possa explicar a minha mente, na verdade, cada vez que tento mais me perco nela, construo apenas a minha ansiedade. Como me revejo em mim? Já pouco sei, desde que me perdi, sem me achar, vou viajando por aí, na constante incerteza de esperar talvez encontrar, num sítio talvez abandonado em mim, um pouco mais de ti, que espero tão só conseguir compreender. Mas falha-me o olhar, falta-me a intuição, falta-me compreender ou perceber toda a sinalética, sigo em frente, falho mais uma parada, forçado, lá paro em mim, para insistir um pouco mais sobre o que parece conduzir a...