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A mostrar mensagens de 2018

Se

Se o pensamento vai a uma milha ao minuto, parte de mim, parte-se com o passar do tempo. Se o passar do tempo, é medido por um passador, sem que a arreia seja perdida, pelo esgar da visão, reúno ao meu olhar, sem viva alma que me faça passar, sem um momento, para meu olhar, uma sensação… Se me posso esquivar, se posso sair, poderei passar por aí, almejo com isso poder partir um pouco de mim, parece que ando demasiado escondido e demasiado catatónico. Se a catatonia me permitir, se me deixar um momento de calma, não me permito morto ou taciturno, posso simplesmente agarrar e partir, sei que tenho fraternos que partirão comigo, que poderão rumar por aí, sempre que haja um castelo para nos esperar. Se a partida me deixar, faço-me ao caminho, seja como for, almejo essa parte, passa demasiado tempo em que passo quieto, passa demasiado tempo em que o caminho não passa, em que os rostos ficam estagnados e cada vez mais adulterados. Se a vontade se faz, pode ser que se suceda por aí um evento...

Se escutares

Comprei-te um presente, para me esquecer de ti. Enterrei-o no meio do rio, para me afogar de ti. Caminhei pela terra, quando a terra se fez em mar, o mar em oceano e cada maré que se vazava levava-me a mim, cada vez mais longe de ti. Contemplei o vazio, enquanto o vazio olhou para mim, na abertura do céu, a lua se fez em si, senhora da noite, na dança da manhã, beijou o sol e trouxe o dia, só para se ver livre de si. Pelo quarto, que cheira a sândalo, o som vazio do seu caminhar, sem que as cortinas se mexam, o vento corre, pelas aragens calmas da manhã. Sente-se o tempo e ressente-se a história contada, mil vezes, mais que mil vezes traçada, pela calada vedada, sem que o contratempo me permita expressão, sempre dirigido a ti, sei que a face, é velada. Então, se ouvires baixinho, vais ouvir o rio passar, vais ver pela rua calejada a estrada que te leva aquele lugar, ao lugar onde nos encontramos e nos perdemos uma única vez, entre as passagens de um idioma, não sei a tradução para ti....

Furtuito

Como me sinto, fora de mim? Não sei. Olha para o passado, como velho o meu tempo, passar de si, em mim, como olho para tudo, o velho passado de mim, sem que a verdade, seja posta no momento que me passa. Sinto que se por um momento, me delongo na escrita, caio para a minha realidade, um momento em quem e escondo da minha realidade, em que vou calejando um futuro incerto, em que concedo, sem condenar a minha verdade, em que sinto que pedir, a minha irrealidade. Então. No recosto do meu sentimento, como escondo o meu lamentar, se a ti te vejo sem mim, não reconheço o meu esgar, perdido a um canto de irrealidade, não sei… Creio que acreditei no nosso credo, sempre, sem saber a quem almejar, creio que me perdi. Correspondo. Sei que sempre correspondi. Sei que te beijei e me deixas-te. Fortuito é este sentimento que me assola. Creio na estupidez que me consola, pela vertente que me deixa solitário, vou vendo um passo pelo passado, como te olho, tão longe de mim, sem que a verten...

Corvos e composições

Salas duplas pelas duplas alas, voam por fim, centro de nada, revolto, enquanto estremeço a árdua nóia de existir. Parece uma subscrição que não foi feita, o subscrito ficou vazio, na condição de ser indicado, devolvendo ao remetente vazio, com uma impressão de se delongar. Padece desse feitio, sempre que pode, sempre que se deixa de fora, sempre que tem um entrave que ousa pousar, por ora, sempre que a atenção se me faça, que me falhe um descontinuo, por certo, por visto e distinguido, a bom porto se pode fazer vale, pois já sabe como navegar, pela velada do desalento. Falha-me a expressão, se bem o digo, pois é com pés de chumbo que me sinto a cair a folha solta, sempre em surdina que falha, pois se há-de falhar o desígnio, não seja por mão de quem se pós de fora, sempre chamado, aclamado ao vivo, sempre que a multidão se mostra. Mas escapa do vivo, prefere passar pelas ruelas, longe dos olhos, pelas vielas, escapa recôndito, quase vai pelas capelas, longe dos olhos despidos, despid...

Ego

Eu fora de mim, dentro daquilo que posso exprimir como uma consequência de existir, a veracidade que posso transmitir, o sentimento que escrito, cai que nem folhas deixadas a tempestade. Eu fora de mim, eu, exprimido em existir, em ser, em rever, eu a afastar-me cada vez mais a deriva forçada por existência, niilismo que enfrento pela consequência, sem que a escrita, sem força de ser, possa libertar a expressão. Eu, dentro da consequência que possa abraçar, sou escravo liberto de mim mesmo, na minha real ilusão de existência, um non sequitur, eu sei, mas na verdade, a mais pura elevação do ser, da real experiência, do abandono e do desapego. Eu, cada vez mais crescente, com a decisão de ser, com o passo, com a promessa de existir, com a incontornável veracidade da minha sonolência, desperto em demência, sempre visível, mas tantas vezes escondido. Eu, que repudio agora essa excelência, que afasto tanto mais de mim, toda e qualquer loucura, servo de sapiência, com expresso intento de re...

Coisas terríveis

Pedaços de mim, que vou escorrendo pela parede, parece ser o desafio mais recorrente, conforme me dá por ser, por me fazer ou existir, como se assim me aparece a vontade, assim me projecto de novo a parede. Expressões de exaustão, ao sentido, a verdade, a voz que incessantemente grita, a vontade de carregar, para fora de mim o que trago, não é subjacente a minha tendência de crescer, não é adjacente a minha expressão, não sei bem. Conforme vou falando, vou-me perdendo, de pertença de realidade, como se faz assim a minha expressão, nem sei, nem recordo, mas como vou eu fazer, para poder falar, sem que possa contar, sem que possa libertar as coisas que trago em mim. E é assim que se consome o que devo dizer, mais um pedaço cancerígeno, mais uma purga dentro de mim, mais uma pequena dormência que se me assola na alma. Vou pedindo, de dentro de mim, a minha voz que ignoro, por preferência de existência, por proximidade que desejo manter, sem que saiba realmente como me interpretar a mim m...

Tanto

Tão mau que seja sozinha, a vontade de voar que me nivela à horizonte de um sonho singular. Tão simples que seja a verdade, de um abraço que possa ter, sempre que em viva saudade tão só me posso ter. Tão verdadeiro que passe o tempo como é ordinário falar, de entre portas para fora, sempre que alguém se vire, alguém há-de julgar. Tão simples que haja tudo, na verdade é nada. O objecto taciturno que vê e cala mude o vulgar gesto de mudar. Tão pequeno e rápido é o tempo, que nos deixa próximos assim como a eternidade que nos separa quando apenas passa um segundo longe de ti. Tão inquietante o texto que se faz passar, nas mãos de quem não se vem, de quem se aproxima a distante. Tão obscuro o silêncio que deixo passar, a voz alta à que te grito incessantemente e parece muda por falar. Tão incoerente aquilo que digo, pois certamente da minha mente para fora, talvez não deva passar. Tão perfeito, tão obtusamente feito e desfeito, entre gotas de água se faz esquivar, sem vista do que é ver e...

Sonho que vai e vem

Hoje não me deitei. Não me veio o sono. Procurei por ele por dentro de mim, abrindo todas as portas entre abertas. Sem que em nenhuma tivesse a sorte de o encontrar. Em todas elas, não obstante, fui encontrando pedaços de ti. Continuei a abrir portas, parecia uma corrente a passar, qual mar adentro me queria puxar, cada vez mais se enchia a cabeça desse teu ar. Hoje não dormi. Não sei se sei o que é dormir, apenas me arrasto na cama, rodando de lado a lado, tentando saber um sítio para aninhar mas é tudo alienígena. Continuei a procurar então neste sítio inóspito disposição para me julgar, um sítio por onde pernoitar e sem me dar conta, estava já um pouco mais fora do meu lar. Hoje não me encontrei. Por mais que procurasse, por mais que indagasse por aí, parecia não fugir de uma sombra. Sem me aperceber olhei, uma sombra de ti. Fez-se-me branca a tez. Hoje perdi o meu norte. Sem um rumo, lá continuo eu perdido e taciturno. Silencioso e indigesto, relevado a insignificância e ao mais s...

À memória

Acendo memórias, qual cigarros queimados, pedaços de papel que vou largando ao fogo. Passa-me ao lado, sei me certeza perdido, sei que a estrada a tomar é sempre em frente, haja ou não curvas pelo caminho mas a minha paragem, mais que certa parece ter-se perdido e cada passar do pneus arrasta apenas a saudade. Libera-me de este tempo, a incerteza que me vai deixando atado, consoante vou velando a vontade, sempre que possa explicar a minha mente, na verdade, cada vez que tento mais me perco nela, construo apenas a minha ansiedade. Como me revejo em mim? Já pouco sei, desde que me perdi, sem me achar, vou viajando por aí, na constante incerteza de esperar talvez encontrar, num sítio talvez abandonado em mim, um pouco mais de ti, que espero tão só conseguir compreender. Mas falha-me o olhar, falta-me a intuição, falta-me compreender ou perceber toda a sinalética, sigo em frente, falho mais uma parada, forçado, lá paro em mim, para insistir um pouco mais sobre o que parece conduzir a...