Asas quebradas, braços vazios
Limpa as lágrimas deste rosto, qual veneno consomem-me a alma… Pudesse, teria as tuas mãos no meu rosto, ainda que me queimasses toda a carne, preferiria arder por ti e contigo… Recuso-me de mim, se de mim nem sei nem conheço, nem faço a mais pequena, ínfima ideia de como sou ou quem realmente sou. Reclamo pelo teu toque, reclamo pelo teu olhar e por entre essas horas de sonhar, chorar poderia ser uma hipótese. Não, tentarei não o fazer. Se chorar, como poderei reclamar que não o faças tu quando te dói? Calo-me pela noite e entre a amizade dos tempos, vou empinando a garrafa, o liquido flui e o tempo vai deixando marcas profundas em campos lavrados de recordações, más, boas e algumas vezes, ao que parece, épicas. Em silêncio, escondo-me na minha concha, beijo uma recordação de ti. Vou olhando para a porta do nada, sempre a espera de te ver entrar, à espera de um sinal de ti, o tempo passa e o teu gesto permanece como um suave mas distinto aroma no ar… Abano todo, por dentro si...