segunda-feira, outubro 07, 2013

Vidraças cinzentas

O que procuramos com a mente, soa instável de conteúdo, com um sorriso estranho, palpamos terreno e caímos de novo.
Erguer, não é uma batalha, é sim um passatempo e falhados não nos deixamos nunca admitir, por nos erguermos somos gigantes.
Olhar, por olhar, um segundo olhar, contemplar o pensar, pesar o saber, somos anjos e demónios, vítimas e assassinos.
Permitam-me a confusão e tocar com os sentidos, os sentimentos se os tenho, reconheço-os, fugidos e por mera ilusão de sentir, não clamaria qualquer sentido.
Agora deixem-me ao cérebro, a sensação é de razia, não existe sentimento que mude, puro, incauto, vazio e ignorado.
Deixemo-nos assim seres inteligentes e duvidosos, na certeza da nossa incerteza, venham os certos, ignóbeis asnos.
Por duvidar, penso em mim e em mim duvidoso continuo sentado, não me dão uma opção, um clamor ou um legado.
Não posso construir, faltam-me ferramentas, abono e empreiteiro. Ainda que me tome a mim como construtor, não tenho um baldio para o meu paredeiro.
Estranho pensar assim e levar uma vida laboriosa, labutar continuamente e não haver trocos para o coveiro.
E se me dizem que sorria, sorrio para o mundo inteiro.
Não tenho quem me sustenha mas tenho sim braços meios.
Reafirmo o dito, construir, não construo, tenho fundações sem terreno. Sou em mim um edifício feito, a romper-se ao devaneio.
Não vivo de sumptuosas fachadas, não me agradam e são quebradas, vivo com meias vidraças e que atirem pedras altas.
O granizo do Inverno que me cubra. O calor do Verão que me queime. Sobre mim a doce Primavera e a anagogia do Outono.
Dizem-me real? Realmente nem sei nada, apresentem-me como sou e nunca irão ver nada.
Entrem nesse mundo, o hotel tem portas abertas, o terreno é baldio, meia água e um lintel. O mundo passa e eu me fico, grisalho e brando, terno avô.
Olhem a expressão do mundo, deixem-me rir a bandeira solta, vivemos numa pátria finada e os coveiros guiam pela cepa torta.
Quem nos matou, trata-nos como cordeiros e nos que somos moles, até nos deixamos de joelhos.
Caia mal ao optimista, nunca o fui, sempre ao contrário.
Tomem-me por tormentoso, déspota ou anarquista. Tão só sigo uma doutrina, o mais relativo realista.
Então por som de insulto, deixo-me calado e vejo o mundo.
Já que nos deixaram ao rabo, obedientes animais devemos ser.
Se quiserem criticar, que critiquem mas não ajam. Pois submissos são e não largam o pau com que brincam.
Velho deixem-me ficar, não com espólio, moradia ou legado, neste país não sei onde ficar, nem se nele hei-de ficar enterrado.

segunda-feira, julho 08, 2013

IDR (Illusions, Delusions, Resolutions)

I guess that time and labor
Means nothing but a fable
With all the nonsense I’ve even heard

Throughout the shining moments
Truth comes from a lidless content
And in all falls undone

Isn’t it right?
Judging the world from afar?
Screaming for silence in solitude…

Searching for time to care.

Why won’t this soul come to me?
Shall it always be broken and scattered?

Why won’t this soul come to me?
Is it all just a hope to be free?

Meanings to fruitions, desires, disappointments
Reality is carving an aged faced inside of me

And in bleak moments…
I turn to see myself breaking free
A consequent illusion.

Scatter…
I’m just a man in a cage…
And I won’t ever break free.

quarta-feira, junho 26, 2013

Falhado

Apostar no cavalo errado.
Eis a sina do falhado.
Correr contra a corrente e nadar num mar raso.
Saber conhecimento cedido e crer em crédito parado.

É a sina de um falhado.
Reconhecer-se vencido e continuar a tentar.
Obrar demolições condenadas.
Tentar por estupidez pura.

É ordem do falhado.
Viver sempre tapado

É sentido do falhado.
Viver mal amado.

domingo, junho 16, 2013

Devaneios, desabafos

A medida em como me mato, dentro da minha disfuncionalidade de ser, opõem se a minha sobrevivência e minha vivência, vivo por tanto em redondo de mim mesmo directo inimigo e vencedor derrotado.
Como te olho de sentido solto, que me condenem por mil pesares, em redor de tudo o que sei, nada me parece tão certo como um sentido desconhecido e cambaleio entre o que vejo e o que encontro, dificuldades alheias e sinceramente…
Nem sei a quem me dirijo.
Compreende, isto é para ti, eu não o sei, não o sinto, não o dirijo correctamente, não irás compreender se não o disser e sinceramente não é difícil de explicar, apenas é complicado de se fazer compreender.
E é tudo invisível, desse modo, de facto tudo se torna simples.
Por vezes eu sou de todo invisível ou pelo menos aspiro a esse estado, nem me apresento, nem me faço, dou-me como sou, julguem o que quiserem, que seja a vossa vontade e sinceramente, não me interessa muito.
Enquanto permaneço oculto em mim, vejo o mundo por mim, entendo cada pequena nuance do que se passa, um burro por falar ficaria em mil dilemas, passem me as pipocas, a peça esta a começar, tragédia, comédia, drama, acção e tudo o que eu possa querer, nem a distancia de um botão, ao vivo e a cores, em drama directo, em romance vivo, em teatralidade exposta.
Então fica tudo ao alcance da mão mas a própria mão não sabe como se expressar, fica tudo à ponta de um dedo e o próprio dedo almeja por alcançar sem saber desenhar.
E então, dentro de todo o marasmo que se faz por prevalecer, surge um raio e um sol de pouca dura.
Surge-me uma imagem verdadeira e que raio esperam que eu faça?
Surge e desaparece, uma e outra vez.
Desânimo por permanecer e anseio por partir.
Orienta-te como puderes.
E se leres isto, entende o que quiseres e entende o que deverias entender, não sou claro por propósito, analisa, analisa e analisa.
Estou sou eu, a brincar com a razão, poeta e homem louco.
Sinceramente…
Levem-me jazigo, desejo esconder-me e não ser visto.
Mas será que sou de todo visto?
Porra.

quinta-feira, maio 16, 2013

Oculto a vista do mundo

Como me apoio, em sono perdido
Em sonho tido me deito
Em símbolo singular me mantenho.

Celebra o símbolo de existência, sentido dentro do ser
Por mais que haja a promessa, não há como esquecer
Faz a proposta ao vento que segue, somos escravos do amanhecer.

E enrola em finos dedos, todo o desejo de viver
Celebra o contracto, encosta-te como deverá ser
Ser único, não por ser.

Sujeita-te a ser testado analisado e desmontado
Promete não fazer sofrer, sorri e continua a correr
Oxalá não exista, seja apenas por ser.

Espia então incógnito a vista
Só por ser visto em ser
Recolhe um sorriso e parte, faz tudo parte de saber

Resta-me a mim acordar e abandonar temidos sonhos
Resta-me a mim esperar e não ver nunca palavra cumprida
Resta-me a mim, incógnito ocultar o pensamento e continuar a perecer.

terça-feira, maio 07, 2013

Três da Manhã

Três da manhã.
O relógio, arrasta-se pelas areias, em torno de um constante movimento, confesso de sentido e em eterno seguimento.
Caem as horas.
A vida segue, no seu usual trajecto, no sentido em que somos desprovidos, nunca sabemos e sempre julgamos em torno de um completo seguimento, tudo por todo e todo em si.
Não existe, dito em silêncio, uma ideia que valha, tão só por demover de medidas senta-se a noite, o dia raia e a tarde segue.
Três da manhã, pouco tempo para dormir e mais horas para trabalhar…
Mais uma engrenagem na máquina e as rodas continuam a girar, as identidades perdidas, um sorriso e serviço com excelência.
Segue-se assim, o acto de julgar.
Julga-se por uma acção, uma reacção se lhe suceda e em todo o acto que se possa ter, existe uma eterna mentira.
Simplesmente sorri e escuta, aceita a hipocrisia.
Três da manhã, mais seis horas e acorda.
Que treta de ordem, ser uma engrenagem rendida, retida e ressentida.
E gira sobre si, gira e gira…
Toda a energia atravessa, essa vontade de sentir, energia que se troca e se toca, nada mais que energia e um vazio sem sentido, não és mais que uma bateria?
Casualmente descarregas sem uma fria via e a única questão, essa recarga própria será tardia?
Três da manhã, foi hora de sonhador, hora de pensador, poeta ébrio, hora de toda a imaginação solta e neste momento, hora de engrenagem revolta, sentida do caprichoso fado, cujo cantar não enaltece qualquer vida, cruel pranto e desfeita moradia…
Movida sem um sentido conexo, envelhecida pelo andar, segue solta caminho inverso estupida e inglória, ser inútil e fugaz.
Três da manhã.
Amanhã para recordar e ainda assim, sem energia para restar.
Dentro em breve há que acordar.
A hora corre longa e o sono não retorna…
Engrenagem solitária que roda inversa.
Três da manhã, nunca há de te bastar…

sábado, março 09, 2013

Caminho

Sai de noite, ao abrigo do vazio da hora, cabelos que esvoaçam, monta um cavalo de ferro.
Adorna em si, memórias de viagens, símbolos de histórias, recordações passadas, alinhadas sem ordem consequente, sentidas todas elas, presas e gravadas a ferros.
Percorre a corda solta distancia já vivida e com o percorrido, uma sensação de paz lhe cresce na alma.
Canta em si, uma voz muda, fala de dor que segue perto.
Uma lágrima que lhe percorre a face é rapidamente limpa, expressão nula…
Segue só, quebra rumo conhecido, vira adiante, expectante.
Sentido de aventura e desconhecido aquecem-lhe o sangue.
Sorri, um sorriso profundo, quase apelando a loucura.
A paz na sua alma explode, dá lugar a revolta.
É um pedido de mais. Mais e mais!
Enrola o punho as linhas tornam-se esbatidas e turvas, a realidade desvanece e tudo se transforma numa visão torcida e retorcida aos caminhos da mente.
Mais, mais e mais!
O mundo vivido dá lugar a fantasia, um mundo sonhado ao rondo do motor, ao contar da distancia de um caminho perfeito, trajecto desenhado ao bater e cantar do coração.
Por fim abranda.
Demónios libertados ganham asas na liberdade do vento, mil gritos de glória, vitória, celebrações feitas.
Para numa falésia, precipício sobre o mar.
Retira o capacete.
Solta ao vento o rebelde cabelo que ao ondular com o ar, no seu tom carmesim, parece arder qual fogo solto.
Puxa de um cigarro que acende e rapidamente deita fora.
Respira o ar da noite, inspira e expira.
Todos os demónios se retiram.
Relaxa o corpo…
Poderá não haver nada tão perfeito como esta noite.
E ela poderá nunca existir.

quarta-feira, março 06, 2013

Ilusão, regresso e solidão

Veio sem se fazer anunciar.
Entrou disparada.
O lugar não era seu a muito.
Mas não se fez de rogada.

Rompeu com o dogma imposto.
Não fez verdade mas lei.
Reclamou lugar e trono.
Quis ser princesa, víbora disfarçada.

Entristeceu automaticamente o lugar…
Fiz-me a fuga.
Sem esperar a alvorada.

Tentou regressar, ao sítio onde não era esperada.
Esperava carinho, braços e ósculos encontrar.
E simplesmente foi negada.

Coitada…

Sátira a uma “bebida”! (original de 1998/1999)

Que doce é aquele vodka!!!
Que doce sabor tem, aquele delicioso, vodka de morango!

Que leva, bem...
As jovens meninas a amar!
Moranguitos irei eu colher!
Para mais um vodka beber!

Que doce sabor ira ter!
Mas que é isto?
Não apenas de morango pede?!?
Pede também de laranja vermelha, e Bacardi?

O que belo panorama!
Este que se me depara!
Ver dois bons produtos a desaparecer!
Só sobra uma devoradora, e, um moranguito!

Como vou eu gostar!
É tão lindo de se ver!
Uma devoradora, e um moranguito a dançarem mesmo juntos qual casal de namorados!

Mas quando ao fim a noite chegar!
Já não vou poder ver o lindo desfecho desta história!
Ó que dor!
Ó que gloria!

segunda-feira, março 04, 2013

Consciência inconsciente

A sensação de conveniência que suavemente adverte os meus ouvidos, no caminho que se mete, perde-se o conhecimento e somente se segue em surdina o mais mudo dos guias.
Atenção, que não falhe por razão de rotina, qualquer indicação que possa ser causada, ou por outra vez indicada, cruel e estupidificada, dada a atenção de um desabafo, cruel é a volta, cruel é a gente.
Bramem então, silenciosas vozes, não por destino, não por sentido mas por pura estupidez.
Reconhece-se um revolver de tudo, não se sabe os contribuintes, não se sabe nada que se possa adicionar, as palavras dançam conforme as pessoas as dizem, um acrescentar de tudo e um revolver de nada e então…
Então não há nada que me possa por ventura volver ao um sentido conexo e faço novamente uma menção ao sentido sai-me um riso, o meu cérebro expirou ontem.
Reconforto-me na estupidez e tacanhice das pessoas, que tenha expirado então o meu cérebro?
Não me parece.
A data enganou-se e eu enganei-me a mim próprio ao acreditar, voltei a acreditar nessa ordem conexa, voltei a pensar com consideração nas pessoas, não serve sequer para pagar a despesa.
E por isso, parece-me incrível a minha estupidez, face a todo esse volte face e a essa facilidade de tudo e nada…
Conforme se deitam as pessoas, assim se levanta o mundo?
Acredito então em nada, volto para mim e em mim procuro esse refúgio sem que nada seja mais que aquilo que procuro.
Por fim nem sei bem que procuro, caio de novo em riso, idiota, idiota, idiota…
Estou então a tentar negar-me e enganar-me a mim próprio?
Idiota, idiota, idiota.
Compreendo então o porque de um sorriso, sorriso de pena, pobre e coitado diabo.
Idiota, idiota e idiota.
Acalma-se a minha estupidez, o meu demónio ri-se de mim…
Adormece o meu cérebro, recusa-se a apontar um pensamento que me valide.
Congratula-se o meu demónio.
Arrasto-me para dentro de mim, permaneço na minha casca, no meu sitio, no meu canto, invisível a tudo e todos, invisível e indivisível ao mundo.
Estupido, idiota e coitado…

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Para ti, morte em vida

O silêncio que me acompanha, deixa-me dormente.
Esquecido e oculto o sentimento, recuo e revolto sobre mim.
Não deixar pistas, não dar ar grave.
E continuo a agir assim.

Expressão a normalidade.
O contínuo que me move queixa se no meu peito e a singular verdade que me libertaria, foge por ordem e razão.
E como ambiciono a liberdade...

Como quero fazer dela minha constante...
E enquanto continuo oculto em plena vista do mundo, enquanto dou azo a minha mascara, mais definho por dentro.
Mais me minto.
Mais me oculto.

Estupido, idiota e aventesma.
Covarde ignóbil!
Imbecil.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Serein

Esses teus olhos, hão-de me matar.
Toldado por insegurança, desvio este olhar.
Se o sinto perto do meu, meu sentido é de largar escudo e partir à fuga.
Mas como jóia reluzente, toda tu, lá me volto para olhar e assim me perco no teu olhar…
Dou ar de indiferente e não me desvio de ti.
E então falas, em sentido de por me em ordem, comandas, com o teu mandar.
Ordenas que abandone o manto soturno e me faça brilhar.
Sem ver, olho para ti.
Que não me falte a força, dou ar de duro, não me deixo derrear, não me as de derreter.
Digo: “Ensina-me a brilhar”.
O teu olhar torna-se quente e envolvente.
Perco o sentido, perco a orientação.
Derreto-me.
Mesmo sem saberes, sorris.
Secretamente, toda tu em vitória.
Continuo a tentar-me forte e contido, mas todo eu sou água, rio, oceano…
Replico novamente: “Ensina-me”.
Replica de oculto desespero, secreto desejo e ambição desmedida…
Olhas então novamente e o teu olhar incendeia-me, queima-me, faz de mim cinzas e ilusão…
E manténs-te serena…
E só esses olhos demovem-me.
Repito então, perdido e sem sentidos:
“Esses teus olhos, hão-de me matar!”

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Distante, Oriental

Mantenho-me longe do esquecimento e a passo curto de me esquecer.
Se por movimento inseguro ainda não esqueci, pode parecer-te mas já não há como rever.
Subserviente de me ocultar, o esquecimento persegue-me, não me atormentes pela manha, tarde ou noite, se te esqueci, por problema teu se deve.
Exercito então esse esquecimento, enquanto me deixo estar no meu canto.
Sei me mim, irra e pranto, calor constante de irritação e frieza selada é assim o coração.
Sei por mim, mero ser, que nada me custa esquecer, se uma recordação guardo, quem sabe não a nego ter.
Rio e parto distante, vivo nesta ânsia de o fazer.
Pois partir eleva o esquecimento e de esquecimento vive o ser.
Escrevo, já não o fazia, o meu ser não conhece o meu saber, as minhas palavras anseiam a saída de partir da minha mente para outro ser, outra existência, outro lugar, qualquer coisa que as mude, uma variável que desconheço, em fim sei lá ou já se me tornou a esquecer?
Olho a volta é tudo alienígena, desconhecido, alheio a mim.
Com o conforto de meu ser, onde me encontro, que estrada percorrer?
Esquecido me mantenho, sigo um rumo que vou traçando e umas linhas que vou escrevendo.
Percorro um caminho em semblante, corro por correr mas o que corro é me liberdade e assim se quer o esquecido ser.
Esqueci-me da liberdade, tenho vivido assim sem saber…
Preso a uma angústia constante, uma dor que recuso conhecer.
Conheço o meu carcere e esquecido o deixo existir, sei que por o negar o recuso e por inglória estupidez é suserano de meu ser.
Parto de mim para mim próprio, procuro um melhor destino que me satisfaça.
Esquecido mantenho me calmo.
Esquecido mantenho me são.
Por esquecimento me esqueci te de dizer.
E por vontade nunca to direi.
Parto de ti sem que existas.
Parto a tua procura por querer.
Espero partir para longe, espero ganhar o teu querer.
Esqueci-me do significado, deixei as palavras murchar.
Esquecido deixei-me estar.
Esquece-te de mim, não há como regressar.