Sai de noite, ao abrigo do vazio da hora, cabelos que esvoaçam, monta um cavalo de ferro.
Adorna em si, memórias de viagens, símbolos de histórias, recordações passadas, alinhadas sem ordem consequente, sentidas todas elas, presas e gravadas a ferros.
Percorre a corda solta distancia já vivida e com o percorrido, uma sensação de paz lhe cresce na alma.
Canta em si, uma voz muda, fala de dor que segue perto.
Uma lágrima que lhe percorre a face é rapidamente limpa, expressão nula…
Segue só, quebra rumo conhecido, vira adiante, expectante.
Sentido de aventura e desconhecido aquecem-lhe o sangue.
Sorri, um sorriso profundo, quase apelando a loucura.
A paz na sua alma explode, dá lugar a revolta.
É um pedido de mais. Mais e mais!
Enrola o punho as linhas tornam-se esbatidas e turvas, a realidade desvanece e tudo se transforma numa visão torcida e retorcida aos caminhos da mente.
Mais, mais e mais!
O mundo vivido dá lugar a fantasia, um mundo sonhado ao rondo do motor, ao contar da distancia de um caminho perfeito, trajecto desenhado ao bater e cantar do coração.
Por fim abranda.
Demónios libertados ganham asas na liberdade do vento, mil gritos de glória, vitória, celebrações feitas.
Para numa falésia, precipício sobre o mar.
Retira o capacete.
Solta ao vento o rebelde cabelo que ao ondular com o ar, no seu tom carmesim, parece arder qual fogo solto.
Puxa de um cigarro que acende e rapidamente deita fora.
Respira o ar da noite, inspira e expira.
Todos os demónios se retiram.
Relaxa o corpo…
Poderá não haver nada tão perfeito como esta noite.
E ela poderá nunca existir.
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