quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Embriagado, Estupido, Só

Com razões, sinto-me só.
Em expressões, sinto-me só.
Sinto-me só, só de pensar, sem que tenha um espaço que me sirva, sinto-me só, sem sequer me sentir.
Em primeira instância, recorro a ignorância, não devo dar nada a transparecer.
Se me permitem ignorar, que me permitam talvez saltar, pois que salte de mundo em mundo, que caia, que me levante, que tente fugir em desalento constante, sinto-me só e talvez por me sentir só, nem seja má esta fuga dissonante.
Não procuro nada e talvez por não procurar não encontre, mas se procuro que hei-de encontrar? Espero uma resposta qual semblante de verdade, sinto-me só, frio, distante.
Não há sol que me ilumine e o dia vai alto, não há luz que me indique o caminho no meio desolado, não há uma ponta de brilho, tudo cinzento, triste e semelhante.
Se procuro cá dentro, encontro uma figura, nessa figura me perderia e nem sei se perder-me não foi já sucesso, pois questiono este estado total de retrocesso, perdido e achado, ignorado e inconstante.
Sem me descreves, dirás que sou inconstante ou por outra imutável, sozinho em concordância e por outro afável, não me conheço em nenhum sentido, não sou senão sozinho.
Se me mostro, como me mostrarei que não sou pois sozinho me sinto e não me revelo e longe de mim me sou e nada me serei como sou.
Não me peças nada, nada sou e sozinho, permaneço.
Observo, posterior a mim, num sentido que me seja exterior, num momento de interiorizar, um sentimento talvez desconhecido, revolto-me pois nada é mais que se não e talvez um vazio desconhecido, recaio nesse real, nada mais, nada menos do que se possa depreender, nada e tudo num sentimento invadido por tudo.
Partilho coisas escritas, verdades que não conheces, recolho a esse canto figurativo onde permaneces, a tua ideia, a tua noção, a tua verdade, tudo desaparece e sinto que nada se tornou em nada, o irreal permanece irreal, a verdade distensa, vai-se como a luz da lua.
Procuro uma noite serena, o vinho já parece acabar, consumo esse vinho sozinho e sozinho parece feito para eu o tomar.
Sozinho à lua, oculto pelas estrelas, vejo a lua arder e a verdade é que nem sei o que vejo, preciso de mais vinho, a vida parece melhor embriagado.
Embriago-me solitário, acabo o vinha avidamente, como se não bebe-se nada a séculos, bebo, bebo e se necessário bebo um pouco mais.
Deixo-me estar sozinho, conheço o sentimento do vazio.
Puxo pelo vinho, puxo, puxo, puxo e bebo, bebo e estiolo, não vale a pena viver se não lhe conheço um meio, nem vale a pena aspirar a nada.
Sozinho…
Só assim me sinto.

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