segunda-feira, maio 11, 2015

Adoração e o ermita

Diz-me a verdade, assina ao tempo descontado, quando na verdade, se nos perdemos juntos, atestamos à saudade.
Diz-me com sentido, gira a perspectiva, não escondes do objectivo a realidade sentida, não condenamos a objectiva toda a verdade ou a falácia tida.
Conta-me, de verdade, não espero que haja outra investida, na cruel razão que possa ter, desdenhado é assim, na realidade, prefiro a verdade, diz-me então com que sentido, se há-de fazer tento a vida.
Revela-me o que posso compreender, o que não compreendo é a vida como vai passando, na realidade, oriento-me pelo meu jusante, rostro e semblante, o meu rumo é a tunante, sem contra-balanço, nem metrónomo que me guie; faz o desenho, chavão e nota.
Nota então, ar consternado que me vai no rosto, não por desconhecimento de verdade mas por falta da sua confirmação.
Diz-me essa verdade, não esperes que me caia tudo em cima pois que está por baixo não tem tecto, abobada ou catedral, vive entalado e enlutado.
Orienta-me, não sei se será por idade, os ventos volvem cinzentos, agrisalhados pelo tempo, hora que passam e volvem sempre em retorno, em cumprimento de comprimento, talhada a sua medida.
Desorienta-me, talvez me deixes encontrado, se por algum motivo me perdeste, perde-me como deve ser, sem preocupação ou peito, pois coração presente, estado ausente.
Situa-me, já não sei se estou presente, pelo feito da ignorância, me rijo, não obstante, salvo tido mito, de verdade me lavo, esquecido, ignorância, estrupício.
Não rogo ao silêncio, clamo por essa sintaxe. Confronta-me e desmorona-me, castelo frágil, construído pelo caminho.
Diz-me qual é o tema?
Diz-me se é tido.
Diz-me o fonema, o clamor e o temor tido.
Diz-me o tema, revisto em mim por ti, se em ti não existo, revolto em ti me sinto, se em ti não existe presença, que caía por fim, sentido de ti em mim, casa vazia, tectos caídos, janelas tristes e correnteza tardia.
Obstruí a realidade, dá-me ao clamor de uma hora, ronda eterna de regresso, profundo, com um último olhar, não se espera uma confissão?
Cai a ficha, caiu a cortina, se remar foi em vão, porque se lê em entre-linhas?
Diz-me a verdade, escreve-me uma linha, uma carta, um telegrama, uma mensagem, um correio, qualquer coisa, registo de vida…
E a música toca ao fundo, a hora é tida…
Diz-me se ainda existes, na realidade, nunca o saberia dizer.
Diz-me tu.

segunda-feira, maio 04, 2015

Silêncio e o segredo

Tenho esse segredo guardado, de palavras que te podem ruir, sentimentos lesados e toda a força que te faça sorrir.

Tenho um segredo tramado, não sei como o sentir, na verdade é um segredo partilhado, se bem que de parte esquecido, por muito que seja tomado, pode ser sempre largado, segredo eterno em nada revelado.

Tenho uma mentira comigo, que carrego em tormento, carga morta que trago ao peito, senti nessa carga um alento e nela me mantenho, esqueleto presente, peso morto que arrasto, verdade oculta, segredo maldito.

Tenho uma volta, no segredo que se revolta, torno e meio do novelo, revolta e revolve, volta ao sítio e faz o meio ponto, sentir verdade em segredo, mentira em demência, consumo de alma e luz perdida.

Tenho-o agarrado ao cérebro, que faz ferida na alma, trespassa e corroí, órgão malvado, cancro de ser, demência que me cria, sociedade reflectida.

Tenho assim, segredo, não sei se o conto nem por nada, na verdade é assim, velado e descoberto, facilmente tido é certo, sorriso que me larga enfim.

Tenho na verdade, essa reflexão do que posso ter, relação de nada feito por ocultar um segredo sei que nada é realmente o que deve ser feito e o feitio passa a verdade em falsa proclamação, exaltada e elevada ordem, sentido e sentimento, desenho obscuro, escapa-me a ilusão.

Tenho um sentido preso, na verdade nem é nada, não existe segredo nem existe nada…

Tenho dito, tenho feito, tenho existido, extinto e retocado…

Tenho então a pergunta, queres o meu segredo?