segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Todas as cores de um vestido azul

Capítulo VI

Figura in somnis, luna et hyacintho 

Escapou pela madrugada, apoiada em todas as cores, vestindo um vestido azul, soletrava na calçada, com dança de alto tombava, sempre na desgarrada, sempre a vestir, esse vestido azul.

Deixou-me preso de madrugada, enquanto dançava, sempre sorria, toda ela voava e o mundo respirava e suspirava, sempre a olhar para ela, apresentando toda ela, em viva memória, todas, absolutamente todas, as cores do seu vestido azul.

Tirou-me a respiração, certamente por algum feitiço que se pudesse fazer passar, um movimento de alto, um correr para baixo, um gesto tão suave que arrastava com ela o mundo, toda nela, mil e um vestidos em tons de azul.

Parecia-me certo o julgamento, mas na verdade, não tinha sequer cabeça, não podia pensar ou tirar olhar, desviar o olhar, qual que, estava tudo de volta dela, desse seu movimento dominante, cabelo de fogo, azul vestido.

Não existe descrição, para tal visão, para tal momento, para tal expressão que me deixa atónito até neste momento, sempre com esse sentido, esvoaça pela mente e permanece sediado na memória, não por expressão de descontentamento, o afamando, vestido azul.

Corre por aí o boato, se sair por essa noite solta, com lua que vele pela rua, em noite de lua boa, quando se esperar, um timbre de silêncio, uma guitarra que se faça ecoar ao fundo, uma mistura de jazz, fado e blues, ela vai aparecer, cabelo ardente, resplandecente e de ela, não mais devemos esperar, um sorriso que nos deixe demente, um olhar que nos deixe doentes…

Mas tudo, tudo apenas, para a ver danças, nesse vestido azul.


segunda-feira, fevereiro 20, 2017

O fim de uma casa tombada

Qual é a ligação, o meio para as nossas conexões e tudo aquilo que nos aproxima?
Qual é o axioma que nos explica?
Mas é calmo, na verdade.
É esse o sentido de desaparecer no meio das ondas, de perseguir sem saber realmente o que estamos a perseguir, sem perceber o que seguimos mas simplesmente guiados por razão levamos a vida que vamos tendo, de acordo com a validez daquilo que podemos ou não inteligir.
Passa assim, um pouco por ser um significado frio?
Talvez.
Na verdade, na realidade, depende do que vai por dentro, do que transparece nem tanto mas da maneira em como aplicamos todo e qualquer movimento.
Dizem que nada acontece por acaso, pode ser mas daí, também não acredito que nada esteja escrito numa pedra, a sensibilidade necessária para poder interpretar e aceitar tal coisa, é um elemento que desconheço, prefiro neste ponto ser bruto e escrever na minha própria pedra, pelo menos é minha e se for para alguma coisa, que me reflicta, como eu sou.
É então senão nesta parte que a opinião se poderá dividir, dado que somos levados tanto ao divino como ao profano e nem sempre aceitamos as duas partes como um todo, quando na verdade, podemos passar por ser mais de uma “facção” do que de outra.
É um puro desconcerto.
Ser luz ou escuridão ou ser simplesmente cinzento?
Não é um ponto, não é alguma coisa que possamos dizer com certeza, vamos sendo como somos, resultados de acções, actos, consequências.
Será assim, que nos podemos talvez situar de uma maneira ou de outra? Ou seremos transitórios?
A confusão que posso gerar, pode ser para divertido entretém alheio, pode ser um mar de nada, com um oceano vasto de tudo?
Respostas são sempre coisas que podem falhar, como folhas que possam ainda ser escritas e que vão indo por comunicação falhada.
Sinto assim, que o axioma que me divide ainda não está claramente declarado e que a explicação da minha expiação é ainda velada.
Certo terreno e mal tratar de rimas, prosa solta e experiência vivida.
Continuo a utilizar o termo e a explorar conforme posso, se bem que cada coisa parece ter um fim mais seguro, o que advém é uma incerteza no meu olhar e com cada preposição… Um certo afastar.

É certo que o tempo já passou, creio que esta casa pode passar por ser fechada, trancada e a reflectir, sobre a sua fachada.





20/02/2017 – Claustrofobia, a casa fica fechada, o quarto abandonado.