Capítulo VI
Figura in somnis, luna et hyacintho
Figura in somnis, luna et hyacintho
Escapou pela madrugada, apoiada em todas as cores, vestindo um vestido azul, soletrava na calçada, com dança de alto tombava, sempre na desgarrada, sempre a vestir, esse vestido azul.
Deixou-me preso de madrugada, enquanto dançava, sempre sorria, toda ela voava e o mundo respirava e suspirava, sempre a olhar para ela, apresentando toda ela, em viva memória, todas, absolutamente todas, as cores do seu vestido azul.
Tirou-me a respiração, certamente por algum feitiço que se pudesse fazer passar, um movimento de alto, um correr para baixo, um gesto tão suave que arrastava com ela o mundo, toda nela, mil e um vestidos em tons de azul.
Parecia-me certo o julgamento, mas na verdade, não tinha sequer cabeça, não podia pensar ou tirar olhar, desviar o olhar, qual que, estava tudo de volta dela, desse seu movimento dominante, cabelo de fogo, azul vestido.
Não existe descrição, para tal visão, para tal momento, para tal expressão que me deixa atónito até neste momento, sempre com esse sentido, esvoaça pela mente e permanece sediado na memória, não por expressão de descontentamento, o afamando, vestido azul.
Corre por aí o boato, se sair por essa noite solta, com lua que vele pela rua, em noite de lua boa, quando se esperar, um timbre de silêncio, uma guitarra que se faça ecoar ao fundo, uma mistura de jazz, fado e blues, ela vai aparecer, cabelo ardente, resplandecente e de ela, não mais devemos esperar, um sorriso que nos deixe demente, um olhar que nos deixe doentes…
Mas tudo, tudo apenas, para a ver danças, nesse vestido azul.