Somos essa geração perdida, filhos de ventos glaciares e horrores passados, tempos em que a vida tão só brilha nas lágrimas de quem nasce e nos olhos de quem morrer…
Somos, pobres de nós, aleijados da vida, cruéis seres, mendigos sociais, vampiros sociológicos, cruéis, até por vezes humanos se comparados com a sociedade que se suporta de nós.
Nós, sim nós, que gritamos tantas vezes esses gritos de mudança, que qual lobos a lua deitamos os nossos uivos…
Nós, deitamos nesses mundo, espalhados por essas terras férteis, crianças de imaginação fúnebre, crianças de vidas negras…
Nós, que pelo que fazemos somos nós próprios, nós que nos distinguimos que tudo o que vós sois, uma voz menor, uma consciência inconsciente…
Nós que para vós não temos honra, carácter ou qualquer valor, somos se não o que vocês gostariam de ser…
Nós…
Nós somos senão um pó de uma vida passada, cinzas lançadas ao ar e ainda assim o medo que se instala nos vossos olhos, temor de algo que não conheceis mas que a todo o custo tentais evitar…
Quem somos nós senão mesmo os vossos piores medos, duvidas e tristezas correntes?
Nós…
Somos assim, tristes, negros, iluminados e ocultados, ideias de dúvidas que vos surgem pela manha, incertezas tardias e dores nocturnas que carregais até ao leito e do leito até a tumba….
Sim.
Ante a dúvida presente, sois sempre essa coragem ausente…
Ante a coragem presente, sois a covardia oculta…
E que sofrimentos trazeis a vossa vida, que tentais por meios pérfidos deitar nesta vida simples que nos levamos?
Ocultai-nos se o desejardes…
Somos a vossa sombra, o que mais nobre há de vós.
Algo que raramente chegais a atingir…
Somos a vossa pena, a vossa tristeza, a vossa alegria, coragem, certeza e incerteza…
Somos a paixão e a dor…
Somos vós assim como vocês são nós…