sexta-feira, junho 30, 2006

Sinto...

Como se fez o silêncio.
Trazido pelas tuas mãos…
Como se cobriu tudo de trevas e me trouxeste a solidão…
Porque matas-te a esperança…
E todo esse ouro, não passava de magia e ilusão, fogo de vista que inconscientemente me aquecia…
Porque te vais, se tudo aspira a isto?
Porque dúvidas e aspiras a solidão?
Porque te odeias e não deixas que te amo?
Porque choras?
Porque sofres?
Porque? Porque? Porque?
Clamas tudo isto e não deixas que te dê a mão?
A ferro e fogo, cru e morto, arrancas este pedaço de mim, que te ama…
Incendeias essa parte de mim…
Nem reconheces que me estas ardida, queimada viva na alma…
Porque entraste?
Porque me deixaste assim a vida?
Ao menos deita-me ao chão, retira-me toda esta ilusão, deita-me abaixo, semimorto mas ainda vivo, pronto para abate…
Agora deixa-me dormir…
Permite-me tentar esquecer-te…
Mas esquece que te disse isto…
Nem um rio de lágrimas me lavam a memória…

A ti....

Caio em pedaços, consciente desta dor, mil facadas espetadas neste peito, revoltado em dor de pranto cruel, composto numa pira funerária...

Descuido esta dor, revolta do ser existente...

Não conheço nada mais do que me das em letras mais cinzentas que a vida...

Sinto esta solidão latente do teu desejo de amar, mas em conflito com o teu desejo de solidão...

Afundo-me, caio neste mundo sem paralelo onde me deixas em pranto morto e onde toda a vida jaz como uma sepultura aberta onde alguma forma superior de existência decidiu por cinismo cuspir a vida e trazer um vazio a vida...

Caio afundado neste desespero, nesta dor, nesta solidão em que me enterras-te e a qual me condenas-te...

Erro por essas ruas, cadáver deambulante morto, queimado pelo teu fogo por dentro, por fora apenas uma casca vazia que me transporta.

A ironia de todo o momento, o desejo de sentir esta vida como um bem primário, o desejo de elevar esta alma a um ponto em que tu a pudesses ver brilhar, todo o desejo de ser um máximo de existência se vai espalhando pelo ar como pó dessas cinzas tidas por descuido num vaso aberto que simplesmente não t preocupa tapar.

Como decidiste tu, não cruel, não má, não feia, fazer isto?

A decisão nunca foi tua, simplesmente largaste isto ao vento sem saber o que ele te poderia levar, nunca foste assim, má, cruel, ímpia, feia...

Entras-te assim de rompante, levaste este mundo ao seu auge, exigiste o seu sacrifício, dirigiu-se cegamente ao altar...

Que querias tu que te pudesse justificar essa fuga?

Pediste que te culpasse que te alivia-se essa dor que sentes, pediste que te deixa-se livre dessa dor...

Mas essa dor que sentes, se a sentes realmente acredita amor, que é apenas um reflexo.

Essa dor, nunca chegara a ser tão aguda como a que eu sinto...

Deito-me nesta sarjeta imunda, neste mundo cinzento de cinismo e hipocrisia...

Não posso jamais acusar-te destes pontos...

Mas deixas-te-me ao descuido das mares...

Amo-te e essa dor dói mais que tudo.