Se a mente é uma casa, portas abertas deveria ter.
Nos seus confins certos e emparedados, o pensamento deveria correr.
Se a mente é clara, segunda e sem fim, certamente que esperaríamos, do amanhecer ao anoitecer, uma segunda via de vida, correctamente sem perceber.
Pelas coisas que vamos descrevendo, sempre atentos ao que vai de nós, pela leitura diagonal, coisas que vamos perdendo.
Sempre que podemos, sempre que somos, pela forma que vamos vivendo, que vamos passando, que vamos falando, escutando e lutando.
Coisas, enfim, que devemos encaixar.
Abre-se a porta da casa mental, somos pelos confins dela perdidos, a cada voltar de esquina, somos uma pessoa diferente do que cortou essa esquina.
Pela ordem unilateral, de pensamento, de dissociação…
Cada escolha aparente, pelo momento, pelo vivente.
Abre-se a porta da casa mental, fecham-se as janelas, nem uma aragem parece passar.
Sufoco.
Não há como respirar, não há como escutar, não há como viver.
Coordenação inepta.
Se cada palavra parece passar, por um momento esquecida, não resta investigar, o assunto parece estar submetido.
Escolhe a ilusão que pretendas apresentar hoje, ontem passou, não há regresso.
Com a vontade de ser, de viver, de pensar, vulgar existência e ainda assim, parece que nada me faz passar, por essas portadas, não para sair ou entrar.
Pensamento transversal, condições que decidiste escolher com um olhar, que te cabem de fundo na mente e que sinceramente, fizeste por ignorar.
Abre a porta, deixa alguém entrar, deixa alguém sair.
Não existe um ponto de regresso, quem decidiu partir, perdeu a chave.
Penduradas na parede, as chaves de mil pessoas que passaram, mil almas que estiveram, que entraram, desfizeram e quiseram ainda assim ser.
Não há, não pode haver, não existe em uma menção.
Desliga, fecha e esconde.
Pendura mais uma.
Passou da portada, com sentido de nunca entrar.
Se a mente é uma casa…
A porta, estava aberta e continua aberta, apenas fechada pelo ponto de vista.
Cruza e decide.
Será que ainda está para ti virada?